Obesidade está ligada a incidência de câncer de intestino
Fator de risco para diversas enfermidades, obesidade aumenta níveis de hormônios relacionados ao crescimento de células cancerígenas
A obesidade é um importante fator de risco modificável para o câncer, ficando atrás apenas do tabagismo. Essa afirmação tem despertado a atenção de médicos e especialistas da área de saúde. “A associação do sobrepeso e da obesidade com a incidência de câncer é estimada em 7,8%”, afirma o médico oncologista clínico do Centro de Oncologia IHG, Gabriel Felipe Santiago.
Segundo o médico, o excesso de gordura corporal inflama de forma crônica o organismo e aumenta os níveis de hormônios que provocam o crescimento desordenado de células cancerígenas. “Daí o alerta no controle de peso, uma vez que a obesidade aumenta as chances de a pessoa desenvolver algum tipo de câncer”, argumenta o oncologista.
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 704 mil novos casos da doença entre 2023 e 2025, com destaque para os tumores de mama, próstata, intestino e pulmão. De acordo com Gabriel Santiago, os tipos de câncer ligados a obesidade são tumores de mama (mulheres na pós-menopausa), endométrio, próstata e intestino (cólon e reto).
Sabe-se também que pacientes que experimentam aumento de peso após diagnóstico de câncer têm um risco aumentado de recidivas ou persistência da doença. Por outro lado, estudos que avaliaram fazer atividade física e perder peso, além de dietas adequadas durante e após a quimioterapia, levaram a uma melhor sobrevida livre de doença.
Março azul marinho
Em uma campanha de nível nacional, mobilizando entidades de especialidades, médicos e clínicas de todo Brasil, o mês de março foi escolhido para a conscientização e prevenção ao câncer de intestino (colorretal).
O objetivo da iniciativa é incentivar o diagnóstico precoce e o tratamento do câncer colorretal já nos primeiros estágios da doença por meio da prevenção primária e secundária. Gabriel Santiago aponta que este tipo de câncer, que atinge o intestino grosso e o reto, é um dos tumores malignos mais frequentes no mundo e um dos mais letais.
Cada vez mais comum entre pessoas antes dos 45 anos, o câncer colorretal apresenta 40 mil novos casos diagnosticados por ano, segundo Inca. Ainda segundo a instituição, pode haver, nos próximos três anos, um aumento de 10,19% nas taxas de câncer de intestino entre os homens e de 12,64% entre as mulheres. O tumor é um dos mais comuns entre a população brasileira, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma e dos tumores de mama e de próstata.
De acordo com Gabriel Santiago, os hábitos alimentares são um dos responsáveis pelo aumento do câncer colorretal. “O consumo em excesso de carne vermelha, gordura animal, carnes processadas – como bacon, salsicha –, bebidas alcoólicas, tabagismo e o sedentarismo são hábitos que observamos como fator de risco no desenvolvimento da doença”, explica.
Além dos maus hábitos alimentares e de vida, história familiar de câncer de intestino, ovário, útero ou mama também estão relacionados à maior chance de desenvolvimento da doença.
Sintomas e diagnóstico
O oncologista alerta para sintomas como perda de peso sem causa aparente, diarreia e prisão de ventre alternadas, sangue e muco nas fezes e irregularidades atípicas do intestino. Entretanto, esses são sintomas comuns em problemas como infecção intestinal, hemorroidas, intoxicação alimentar e fissura anal. “Por isso, se eles persistirem por mais de um mês, acompanhados ainda de anemia e massa abdominal, um gastroenterologista ou clínico geral devem ser consultados, principalmente se houver fatores de risco”, adverte Gabriel Santiago.
O diagnóstico pode ser feito por meio de exames como colonoscopia, em que um equipamento com câmera capta imagens do intestino; retossigmoidoscopia, onde apenas um segmento específico do intestino é visualizado; a colonografia ou colonoscopia virtual, em casos de alterações de coagulação ou dificuldade respiratória e que não é possível fazer a colonoscopia. “A presença de sangue oculto positiva em exame de fezes pode também ser um sinal da doença”, alerta o oncologista.
A descoberta do câncer colorretal em seu estágio inicial garante que o paciente tenha grandes chances de eliminar a doença. “O câncer de intestino é um dos poucos que pode ser rastreado e, quando detectado precocemente, tem sobrevida em cinco anos de 95%”, afirma.
Tratamento
De acordo com Gabriel Santiago, o tratamento dependerá da localização e extensão do tumor, podendo envolver cirurgia, quimioterapia e radioterapia, em casos de metástase. A cirurgia é a opção mais viável no tratamento inicial, sendo importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores. “Prestar atenção aos sinais que o corpo demonstra é crucial, evitando que os tumores malignos se espalhem para outros órgãos”, conta o especialista.
Existem também alternativas de quimioterapia pré ou pós-operatório; anticorpos monoclonais, que são drogas utilizadas em conjunto com a quimioterapia, para aumentar seu efeito no combate da doença avançada; e mais recentemente, a imunoterapia, sendo utilizada na doença avançada.
Além do sistema público de saúde, o privado também tem se reestruturado para atender a população, investindo tanto em profissionais quanto em expansão, é o caso do Centro de Oncologia IHG, com sede em Goiânia. Com filial em Aparecida de Goiânia, o instituto expande suas instalações também para as cidades de Luziânia, onde firma parceria com o Hospital Santa Luzia, e Caldas Novas, tendo ações em cooperação com o Hospital Nossa Senhora Aparecida.
O Centro de Oncologia IHG oferece consultas e terapias em pacientes oncológicos, com atendimento de consultório e tratamentos em quimioterapia, imunoterapia e hormonioterapia em Luziânia e Caldas Novas. O acesso ao serviço pode ser realizado tanto da forma particular quanto pelos planos de saúde, entre eles Unimed e Ipasgo.
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