Tratamento previne queda de cabelo causada pela quimioterapia
A queda de cabelo é um efeito colateral comum durante tratamentos contra o câncer, podendo gerar uma carga psicológica aos pacientes; atualmente, esse efeito pode ser minimizado com toucas de resfriamento capilar
Passar por tratamentos contra o câncer é um momento delicado e exaustivo. Os tratamentos mais comuns, como a quimioterapia, mira no combate às células cancerígenas, afetando o funcionamento celular e provocando efeitos colaterais.
Dentre os efeitos indesejados, a perda capilar é um dos mais comuns, começando duas semanas após o início do tratamento.
A boa notícia é que já é possível evitar a queda de cabelo durante a quimioterapia com a touca de resfriamento capilar. Também conhecida como touca hipotérmica ou crioterapia capilar, ela é capaz de prevenir a alopecia provocada pelos quimioterápicos em até 60%.
De acordo com o médico oncologista clínico, Gabriel Felipe Santiago, as drogas que mais causam a perda capilar pertencem aos grupos das antraciclinas e taxanos, muito utilizadas no tratamento do câncer de mama.
Esse pode ser um problema para muitos pacientes que enfrentam o tratamento contra o câncer, pois as mudanças na fisionomia geram impacto na autoestima e na saúde mental.
Apesar de afetar também a população masculina, isso acontece principalmente nos casos das mulheres, já que a perda capilar afeta sua auto imagem de forma mais intensa. Por isso, soluções que possam reduzir esses efeitos colaterais levam a melhorias na qualidade de vida dos pacientes.
O que são toucas de resfriamento capilar
As toucas de resfriamento são dispositivos utilizados em ambiente hospitalar, sendo manuseadas por profissionais capacitados, e auxilia na prevenção da queda de cabelo durante o tratamento quimioterápico.
Desse modo, ela é colocada minutos antes da sessão de quimioterapia começar e fica acoplada na cabeça do paciente.
“Há um líquido de refrigeração que circula na serpentina da touca a uma temperatura de 4ºC para manter o couro cabeludo a uma temperatura de 11ºC. Assim, ocorre uma vasoconstrição na região, que dificulta que o medicamento da quimio penetre e danifique o folículo capilar, diminuindo a perda de cabelo”, explica Gabriel Felipe Santiago.
Mesmo com a temperatura baixa, a sensação de frio é tolerada por 98% dos pacientes, que devem permanecer com a touca durante toda a sessão e, depois, por mais 60 a 90 minutos, ficando em observação por 10 minutos sem a touca. Como necessita de pouca intervenção da equipe médica e é um sistema silencioso, as toucas de resfriamento são uma alternativa confortável ao paciente.
No entanto, a crioterapia capilar não é recomendada para cânceres hematológicos, isto é, aqueles que afetem a corrente sanguínea, como linfomas e leucemias, ou cânceres metastáticos, informa o oncologista. “Como a touca atua a partir da contração dos vasos sanguíneos, isso poderia diminuir a eficácia do tratamento contra os cânceres hematológicos.
Por isso é importante o paciente consultar seu médico para saber se está apto a se submeter a esse tratamento”, adverte o médico.
Por preservar de 40 a 60% dos fios do paciente, o tratamento é uma alternativa importante na garantia da autoestima e também na recuperação capilar após o fim do ciclo quimioterápico, que é feita com soluções tópicas e vitaminas para que o cabelo nasça com mais vitalidade.
Em Goiás, existe o tratamento. Entre os anos de 2022 e 2023, a clínica realizou 30 tratamentos com toucas de resfriamento capilar, proporcionando maior qualidade de vida aos pacientes oncológicos.
A instituição trabalha com o aparelho Sistemia Thermia, de fabricação nacional, que pode atender até quatro pacientes ao mesmo tempo, explica Luciana Cleide e Silva, enfermeira no IHG. “O modelo de sistema de resfriamento capilar que temos na instituição, trabalha com o resfriamento de água a uma temperatura de aproximadamente 6ºC, que fica circulando através de colmeias das toucas que são instaladas nos pacientes. Com o uso dessa tecnologia temos uma porcentagem de manutenção dos fios que varia entre 50 e 75%”, conclui.