Política

Obediente a Braga, Mendanha ignora as investidas de Marconi

Últimos capítulos da disputa eleitoral em Goiás mostram ex-governador do PSDB tentando a qualquer custo garantir votos para Senado em Aparecida, enquanto o pré-candidato sinaliza chapa sem o tucano

Foto: Reprodução Redes Sociais


Helton Lenine

Pouco antes da pré-campanha esfriar com o longo feriado da Páscoa, o principal capítulo da disputa em Goiás se concentrou nas últimas ações do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que tenta a todo custo atrair Gustavo Mendanha (Patriota) para seu projeto eleitoral.

Para desespero do tucano, Mendanha tem se mantido em silêncio publicamente [o que não impede diálogos secretos] sobre as investidas de Marconi, que declarou recentemente na imprensa ter interesse na composição, desde que Mendanha se afaste do tom bolsonarista que assumiu nos últimos meses.

O silêncio que doeu mais, foi referente a visita feita por Marconi à Aparecida na segunda-feira, 11. O ex-governador sentiu na pele que circular pela cidade sem a anuência do ex-prefeito não é a mesma coisa. Tanto a prefeitura quanto a Câmara Municipal receberam o tucano que tenta se viabilizar para um cargo majoritário.

Numa das imagens que veicularam nas redes sociais, Marconi aparece com um símbolo dos 100 anos de Aparecida e mais ao fundo, praticamente escondido, está o prefeito Vilmar Mariano. Nas redes sociais, a cena foi criticada pela forma com que o gestor municipal aparece desengonçado na imagem.

Marconi busca ingressar de qualquer jeito no bolsão de votos de Aparecida de Goiânia para tentar viabilizar sua candidatura ao Senado. Suas investidas têm sido fortes. Mas sua recepção sem Mendanha diz muito: a taxa de rejeição ao seu nome é grande e pode inviabilizar a candidatura do ex-prefeito, daí a distância. Mendanha já tem em mãos pesquisas qualitativas que sugerem afastamento. Mais: a postura de Marconi foi agressiva, ao estilo de décadas passadas, mas sem efetividade, pois os votos de Aparecida continuam estacionados, já que nas últimas eleições para o Senado, prefeitura e gestores públicos pouco influenciaram nas urnas.

Para movimentar estas águas paradas só mesmo um grande líder – e olhe lá. A candidatura de Marconi precisa se viabilizar em algum nicho de votos consolidados, caso contrário ele corre o risco de ver o indicativo das pesquisas se esvaindo durante a reta final – a mesma novela ocorreu em 2018. Ele liderava e ficou em quinto lugar. Enquanto Delegado Waldir (União Brasil) marcha forte nas proximidades do tucano, outros dois nomes disputarão os mesmos votos de Marconi: Wilder Morais (PL) e Alexandre Baldy (PP). Juntos, estes dois têm poder de desidratar Marconi, esvaziando sua candidatura majoritária. ,

Wilder tem apoio dos prefeitos e uma fatura a ser cobrada: quando senador ajudou muitos deles. E Baldy tem um núcleo forte de prefeitos unidos e a prefeitura de Anápolis. E divide votos governistas com Waldir. Eles não apresentam ainda força para desestabilizar o tucano, mas uma vez iniciada a disputa, eles partem para cima.

Mais forte deles, Waldir tem o poder de retirar votos por meio da crítica contundente, já que Marconi tem um rol de temas a ser explorado numa campanha. Um debate entre Delegado Waldir e a espécie de político em que Marconi se transformou tem tudo para viralizar e desfazer o que parecia sólido no ar.

CHAPA COM JOSÉ ELITON MAIS UMA VEZ OU NUNCA MAIS?

Apenas em última hipótese, comenta-se nos bastidores, o ex-governador Marconi Perillo aceitaria repetir a chapa fracassada de 2018 e compor com José Eliton (PSB), que agora foi para um partido de esquerda, o PSB, de forma estratégica. Braço direito – e de direita – de Marconi, José Eliton prepara a legenda para ser palanque de Lula em Goiás.

Marconi teria esse caminho como última alternativa, já que Major Vitor Hugo está com a sua chapa formada (Wilder Morais na vaga para o Senado) e sequer conversa com o tucano, enquanto Jorcelino Braga e Alcides Rodrigues, principais nomes do Patriota, legenda de Mendanha, têm verdadeira ojeriza por Perillo.

Ainda que tente esta estratégia, encontrar um bolsão de votos, por meio dos políticos menos expressivos de Aparecida, Marconi teria opção de se aliar ao PSB e PT e esperar votos do lulopetismo. Ainda que tenha dito exatamente o contrário em um vídeo que parece produzido para sustentar seu discurso anti-Lula e despistar os analistas.

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