Qual o futuro de Gustavo Mendanha?
Especialistas são unânimes em dizer que ex-prefeito está menor politicamente do que era há um ano atrás
Sem mandato, sem cargo público, em um partido de pouca expressão em Goiás – quando se leva em consideração o número de prefeitos eleitos -, Gustavo Mendanha, eleito por duas vezes prefeito de Aparecida de Goiânia, tem o futuro cercado de especulações, mas concretamente ainda incerto na política goiana. Para avaliar a estratégia e o destino do ex-prefeito da cidade, o Diário de Aparecida conversou com três cientistas e analistas de política sobre qual seu provável futuro.
Todos os entrevistados concordaram que as estratégias usadas que levaram à derrota eleitoral de 2022 arranharam a carreira do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e que, se Mendanha quiser voltar ao cenário com força, precisa “colocar o carro na rua”. Além disso, eles pontuaram que é muito importante que o ex-prefeito trabalhe com pesquisas quantitativas e qualitativas para entender como está seu nome após a derrota para Caiado.
O Diário de Aparecida solicitou entrevista com Gustavo Mendanha sobre seu futuro político, mas ele optou por não falar. O espaço continua aberto.
Guilherme Carvalho:
Para o cientista político Guilherme Carvalho, Gustavo Mendanha tinha uma capilaridade política muito limitada a Aparecida e era muito pouco conhecido em outras cidades do estado. Guilherme destaca que mesmo Gustavo tendo tido uma votação considerada expressiva, ela saiu no primeiro turno e, ao seu ver, saiu com o capital político e eleitoral muito menor do que quando entrou. O especialista diz que ele ainda está no jogo por que ele tem um grupo político sólido, mas que precisa se organizar para isso.
Ao ser questionado sobre se, politicamente, Gustavo tem condições de ser candidato a prefeito de Goiânia. O especialista diz que o primeiro entrave é jurídico e que ele precisa torcer uma mudança no entendimento do sistema judiciário. Sob a ótica eleitoral, o especialista disse que Mendanha não é uma figura política de Goiânia e que a cidade costuma ter essa exigência.
O analista explica que Goiânia tem um problema estrutural e um vácuo deixado por Iris Rezende. Para isso acontecer, Mendanha precisa colocar o carro dele na rua. Não adianta ele ser reconhecido em Aparecida se em Goiânia ele não tem estrutura política. Ele precisa fazer um trabalho na Câmara Municipal da Cidade e eu não vejo esse movimento acontecendo.
Sobre o futuro político de Mendanha, Guilherme destaca que tudo vai depender de como ele vai se posicionar de agora para frente. O especialista é enfático em dizer que o Mendanha hoje não dá nenhuma expectativa de poder para seus aliados a curto e médio prazo. “Isso faz com que ele perca espaço e preferência em relação aos outros políticos do estado”, explicou.
Ele destacou que “agora por alguma conveniência eleitoral e um possível desespero, pode ser que Daniel e Mendanha voltem a caminhar juntos”, mas quem parece definir a agenda e as exigências no momento é Daniel Vilela.
Questionado sobre a possibilidade dessa ligação entre os dois causar conflitos com Caiado, Guilherme descarta. Porém, ele diz que podem haver conflitos com outras pessoas e partidos da base que apoiaram Caiado e que ainda não foram acomodadas.
Rejaine Pessoa
A filósofa e cientista política Rejaine Pessoa destaca que Gustavo Mendanha está em processo de reconstrução de sua história política. Ela aponta que ele ainda tem um bom capital político dentro de Aparecida de Goiânia e se torna um importante cabo eleitoral dentro da cidade.
A especialista diz que o ex-prefeito de Aparecida, a seu ver, tem sim condições políticas de ser candidato a prefeito de Goiânia, mas que ele esbarra na legislação que veta um terceiro mandato consecutivo, já que Mendanha foi eleito prefeito por Aparecida na última eleição. Também destaca que ele está muito mais dependente da lei do que da articulação política. Rejaine acredita que Mendanha é a pauta do momento, visto que muitas pessoas buscam ele para novas articulações.
Sobre a possibilidade real da reaproximação de Mendanha com o vice-governador Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, a cientista política enfatiza que os dois são amigos de infância, como seus pais foram. “Não quero nem dizer reconciliação por que eu não acredito que eles estejam, de fato, brigados. Acredito que o que ocorra seja divergência política”, explicou.
Rejaine destacou os questionamentos sobre a possibilidade de crise entre Daniel e Caiado por conta da reaproximação política entre os dois. Ela destaca que o Governador é o principal interessado na reaproximação entre os dois para ocupação de espaço político dentro de Aparecida. Ela enfatiza que, além disso, a liberdade política faz parte da democracia. E, de acordo com ela, o fato deles conversarem e buscarem soluções para conflitos eleitorais faz parte da democracia.
Luiz Signates
Luiz Signates, cientista social, professor da UFG e da PUC-Goiás, diz que na atual conjuntura política Gustavo Mendanha se tornou apenas um político que tenta se colocar no cenário após a derrota sofrida em 2022. Ele explicou que ele está em um movimento para recuperar seu prestígio e se recolocar no jogo. Sobre a possível candidatura de Mendanha à prefeitura de Goiânia, o especialista diz que acha difícil pelo fato do ex-prefeito de Aparecida não ter raízes políticas na capital.
Signates explica que para que essa candidatura se torne viável pelo ponto de vista político, já que também há um entrave jurídico, o ex-prefeito teria que trabalhar duro para construir uma base. Além disso, o cientista social enfatiza que Mendanha teria que construir em torno de si uma aliança para estruturar uma imagem política e eleitoral que desse a ele as mesmas condições que os outros candidatos que, na maior parte, serão da cidade e já terão essa aliança encaminhada.
Sobre a possível ida de Mendanha para o MDB, o especialista afirma que fica claro que se ele for para a legenda fica inviabilizada uma nova candidatura do ex-prefeito, tanto a curto quanto a médio prazo. “Esse lugar já é do Daniel Vilela e com o apoio do próprio Caiado”, pontuou o especialista, que acredita que Mendanha já tem outros planos. Signates também observa que é preciso dar tempo ao tempo para saber se o ex-prefeito vai mesmo para o MDB e se ele terá apoio irrestrito da legenda.
O analista destaca que acredita que é possível sim que Daniel e Mendanha se reconciliem e explicou que acha difícil que isso atrapalhe a relação do vice com o governador. “Não deve causar nenhum problema, visto que Mendanha não oferece nenhum perigo a Ronaldo Caiado”, finalizou.
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Repórter: Fernanda Cappellesso