Iphan negou tombamento e preservação de obra arquitetônica histórica em deterioração em Urutaí
Castelinho de Urutaí fica dentro do IF Goiano e é considerado fundamental para a história do órgão
Urutaí é uma cidade goiana que fica a 170 quilômetros de Goiânia, e abriga um verdadeiro tesouro arquitetônico que está sendo deteriorado pelo tempo e pela falta de cuidado. Trata-se de um edifício conhecido popularmente na cidade como Castelinho de Urutaí.
A obra histórica e importante, arquitetonicamente falando, fica dentro do Campus do Instituto Federal Goiano da cidade. De acordo com o IF Goiano, o “Castelinho de Urutaí” foi construído por dois irmãos espanhóis. Até 1980 o espaço do castelinho foi moradia dos diretores da instituição. Deixou de ser quando construiu uma nova casa para ser residência do diretor-geral. O castelinho ficou fechado até o ano de 2000, quando a instituição o transformou em museu com espaço para visitação a fotos, peças usadas em aulas práticas, e vários itens de memórias dos anos passados.
Ainda de acordo com a instituição, o Castelinho não está sendo utilizado porque está em situação precária e precisa de uma restauração para que possa manter a sua história e originalidade e também possa oferecer segurança a quem estiver dentro dele.
O IF Goiano conta que o espaço foi interditado em 2015 devido aos danos na infraestrutura. No mesmo ano, foi solicitado o tombamento ao IPHAN que fez um completo relatório sobre o castelinho. Mas, em 2020, informou que não tinha recursos financeiros para a restauração do local, que seria um trabalho de reconstrução da estrutura e preservação da arquitetura histórica.
Mesmo sofrendo a implacável ação do tempo suas características de construção de época são nítidas. É um dos únicos prédios que permanece da forma como foi construído a mais de 100 anos.
O IF Goiano, Campus de Urutaí, contou ainda, por meio de sua assessoria de imprensa, que foi tentado em 2015, por meio de um Ofício da Superintendência do IPHAN/GO, uma vistoria para tentativa de tombamento pelo IPHAN, devido a sua representatividade à comunidade local.
Paulo Cunha, diretor do IF Goiano do Campus de Urutaí, disse ao Diário de Aparecida que o relatório do Iphan apontou que o Castelinho é passível de tombamento, mas que não possuía recursos para isso. De acordo com Cunha, o Iphan orientou que eles procurassem outros órgãos para buscar recursos para realizar a restauração.O diretor disse ainda que tem tentado, por meio de editais para o segmento, mas que ainda não foi contemplado.
Por fim, ele explicou que o Campus de Urutaí do completa 70 anos esse ano e a equipe está enviando um projeto ao Ministério da Educação solicitando recursos para conseguir fazer a restauração ou reforma do prédio.
“‘É um edifício que marca a história e a importância do IF Goiano em Urutaí e de toda a história que a cidade viveu, desde a estrada de ferro. Esperamos conquistar essa reforma”, finalizou.
O relatório do órgão, que o Diário de Aparecida teve acesso, relata que o Castelinho é “uma edificação expressiva e parte de um conjunto de residências que haviam no local, em uma das vias próximo ao atual portão de acesso, sendo que, estas, apresentam características de arquitetura eclética”.
O documento conta ainda um pouco da história do imóvel, baseado na dissertação de mestrado de Sílvia Apa Caixeta Issa, intitulada “A escola agrícola de Urutaí (1953-1963): singularidades da cultura escolar agrícola”, de 2014.
O levantamento do Iphan conta ainda que o Castelinho é a obra mais imponente do conjunto do qual ela faz parte, e apresenta maior porte e riqueza nos acabamentos. Segundo o relatório, ela se destaca dentro do Campus do IF Goiano, de Urutaí, tanto pelo porte, como pela arquitetura eclética. O texto detalha que o “apuro nos detalhes e o rico trabalho em pedra presente na escada,conotam a intenção de marcar a edificação com um exemplar primoroso para a época em que foi construída”.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) disse ao Diário de Aparecida reconhece a importância do Castelinho do Urutaí para Goiás e para a cidade, mas que proteção através de tombamento exige recursos e, neste momento, está sendo priorizada a manutenção dos bens já tombados, “sendo reduzido os processos de tombamento de bens imóveis em curso”.
O Iphan disse ainda que o tombamento pode ocorrer nas esferas, municipal, estadual e federal. A nota diz que “todos têm peso igual de proteção”e que “com o tombamento, a responsabilidade de manutenção do bem continua a ser do seu detentor, sendo o órgão fiscalizador da manutenção do mesmo e não o responsável financeiro por mantê-lo”, finaliza.
A nota diz ainda que na “última vistoria realizada pela técnica do Iphan em 2015 foi encontrado em desuso, sem aparente manutenção frequente, com manchas escuras, manchas de água ascendente e descendente, desgaste do madeiramento, desprendimento da pintura, pontos de quebra do reboco, fissuras, insetos xilófagos, desprendimento nos forros e assoalho”. O texto diz que, por estes motivos, há necessidade de intervenções no mesmo, de caráter restaurativo.
Confira fotos históricas do Castelinho de Urutaí:
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