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Após 15 anos, dengue tipo 3 é identificada no Brasil

Especialistas estão preocupados sobre os riscos de uma nova epidemia causada por esse sorotipo viral da dengue

Um estudo conduzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e coordenado pela Fiocruz Amazônia e pelo IOC/Fiocruz (Instituto Oswaldo Cruz) revelou, na última quarta-feira (10/05), que o sorotipo 3 do vírus da dengue ressurgiu recentemente.

Especialistas estão preocupados com o risco de uma nova epidemia causada por esse sorotipo viral após 15 anos. O estudo mostra que quatro casos da infecção foram registrados neste ano, sendo três em Roraima, na região Norte, e um no Paraná, no Sul do País.

O virologista Felipe Naveca, chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia e pesquisador do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do IOC/Fiocruz, afirma que a caracterização genética dos casos de infecção pelo sorotipo 3 do vírus da dengue indica que poderemos ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo.

O vírus da dengue possui quatro sorotipos, em geral denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Quando uma pessoa é infectada por um dos quatro sorotipos, torna-se imune a todos os tipos de vírus durante alguns meses e posteriormente mantém-se imune, pelo resto da vida, ao tipo pelo qual foi infectada.

No entanto, caso volte a ter dengue, um dos outros três tipos do vírus que ainda não contraiu poderá apresentar ou não uma forma mais grave.

A maioria dos casos de dengue hemorrágica ocorre em pessoas anteriormente infectadas por um dos quatro tipos de vírus.

O risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre devido à baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000.

Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.

A pesquisa contou com a parceria dos Lacens (Laboratórios Centrais de Saúde Pública) de Roraima e do Paraná, além da participação de especialistas de diversas instituições de pesquisa. Conforme a Fiocruz, os resultados da análise foram divulgados em artigo preprint, sem o processo de revisão por pares, na plataforma medRxiv. O trabalho foi submetido para publicação em periódico científico.

De acordo com o estudo, as análises indicam que a linhagem detectada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, entre 2018 e 2020, provavelmente a partir do Caribe.

O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), criado em 1900 como uma iniciativa pioneira no país, diversificou suas ações e hoje constitui um complexo que gera conhecimento, produtos e serviços na área biomédica para atender as necessidades da saúde da população brasileira.

 

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