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Deputados de Goiás apoiam proposta de anistia partidária em meio a controvérsias

Em entrevista ao Diário de Aparecida, Ismael Alexandrino (PSD) disse que seguiu com as orientações do partido

Sete deputados federais de Goiás estão entre os 184 parlamentares que assinaram uma proposta de emenda à Constituição, que concede perdão a partidos políticos em caso de irregularidades em prestações de contas e violações das regras de cotas de recursos para gênero e raça.

Essa proposta, conhecida como PEC da Anistia, começou a ser discutida em março de 2023 e espera-se que seja votada na comissão de Constituição e Justiça ainda nesta terça-feira (16).

Apenas em 2022, os partidos políticos receberam um total de 6 bilhões de recursos públicos. A PEC também estabelece que os partidos não serão penalizados nas prestações de contas financeiras e eleitorais anteriores à promulgação dessa emenda constitucional. Além disso, a proposta permite doações de empresas a partidos para o pagamento de dívidas contraídas até agosto de 2015.

A autoria da proposta é do deputado Paulo Magalhães, do PSD da Bahia, e recebeu apoio de outros parlamentares, incluindo os goianos Adriana Accorsi, do PT; Célio Silveira, do MDB; Gustavo Gayer, do PL; Ismael Alexandrino, do PSD; Magda Mofatto, do PL; Marussa Boldrin, do MDB; e Rubens Otoni, do PT. A lista inclui parlamentares tanto da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como Adriana e Otoni, quanto da oposição, como Gayer e Mofatto, que são apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Essa união entre base e oposição não é exclusiva de Goiás. Os líderes do governo, José Guimarães, do PT do Ceará, e da oposição, Carlos Jordy, do PL do Rio de Janeiro, também apoiam o texto. A proposta conta com a assinatura de 13 partidos e federações, sendo os principais o PL, com 40 deputados assinando, e a união liderada pelo PT, com 33 assinaturas. PSD, MDB, PP, Republicanos e Podemos também estão entre os mais representativos.

De acordo com reportagem do O Popular, Magda Mofatto argumentou que o apoio à proposta é quase unânime, pois a legislação é excessivamente rigorosa e nem sempre é possível cumpri-la integralmente, especialmente para candidatos novos que não possuem assessoria jurídica.

Procurado pelo Jornal Diário de Aparecida, Ismael Alexandrino (PSD) disse que concorda com a proposta, mas seguiu a orientação do seu partido, o PSD nacional, e que esta anistia não impacta o partido em Goiás. ‘’Quando um partido coloca mulher na chapa, o partido imagina que ela terá votos. A verba das mulheres são garantidas. Se o desempenho dela não tem tantos votos, não se pode afirmar que foi uma candidatura somente para ‘cumprir tabela’. O partido cumpriu o rito’’, explicou Alexandrino.

O único deputado titular de Goiás na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), José Nelton, do PP, afirmou que votará contra a PEC.

Ainda conforme apurado pelo O Popular, Nelton argumentou que todos os candidatos concorreram sob as mesmas regras eleitorais e questiona a necessidade de uma PEC de anistia, alegando que isso não contribui para a moralização do sistema eleitoral. Segundo o parlamentar, se os partidos não cumprem a legislação eleitoral, não deveriam buscar anistia posteriormente para se livrar das consequências.

A PEC busca impedir a aplicação de sanções, como devolução de valores, multas e suspensão de recursos financeiros, aos partidos que não cumpriram a cota mínima de recursos destinados por sexo e raça nas eleições de 2022 e anteriores. De acordo com a Constituição, no mínimo 30% dos recursos de campanha devem ser direcionados às candidaturas femininas, em consonância com a exigência de que pelo menos 30% das vagas nas chapas proporcionais sejam preenchidas por um dos gêneros. Essa medida, conhecida como cota de mulheres, visa aumentar a participação feminina na política.

Contudo, a PEC da anistia é considerada uma ferramenta que enfraquece a legislação criada para promover a participação das mulheres nas eleições. Na Câmara de Goiânia, já ocorreram alterações desde as eleições de 2020 devido ao não cumprimento das regras relacionadas a esse tema. As chapas do PRTB e do Cidadania foram cassadas por não atenderem à cota de gênero, em que o foco era o percentual de pessoas nas listas.

Leia a versão impressa do Diário de Aparecida desta terça-feira (16)

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