Brasil bate o recorde do número de empresas com contas em atraso
Com aumento de 35 mil novos CNPJs negativados em relação a maio, o total de dívidas acumuladas alcança a marca alarmante de R$ 118 bilhões. Goiás é o oitavo estado no ranking
Em um cenário de crescente desafio para a economia brasileira, o mês de junho registrou o maior índice de inadimplência entre empresas na história do país. De acordo com o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, o total de companhias com contas em atraso alcançou a marca alarmante de 6,52 milhões.
Este número representa um aumento de 35 mil novos CNPJs negativados em relação a maio. Goiás é o oitavo estado brasileiro em número de empresas negativadas. Em junho, a análise por Unidade Federativa (UF) mostrou que São Paulo foi o estado com o maior número de empresas inadimplentes (2.092.121). Em segundo lugar estava Minas Gerais, seguido pelo Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia. Veja no gráfico abaixo as informações na íntegra:
Dentre os muitos empresários afetados por esse quadro, está João Alberto Costa, 36, proprietário de uma pequena indústria de calçados em Aparecida de Goiânia, Goiás. Ele contou à reportagem do Diário de Aparecida que as vendas caíram muito nos últimos 60 dias e que, por este motivo, não conseguiu pagar todas as contas. Entre as que ele elenca que ficaram para trás estão cartão de crédito e financiamento do carro.
Quem também não conseguiu arcar com todas as pendências financeiras foi Elizabeth Teixeira, 28 anos. A cabeleireira, que é proprietária de um salão na região central de Aparecida, disse que houve uma queda na procura por seus serviços durante os últimos 90 dias. “Acredito que seja reflexo do aumento do preço das coisas no supermercado, nos postos de combustíveis. Quando o essencial sobe muito, a gente ganha pouco”, disse. Ao Diário de Aparecida ela revelou que como ganhou menos, não conseguiu arcar com todas as contas do salão. “Temos parcelamento de cortina, impostos e cartão de crédito, que ficaram pendentes”, revelou.
Empresas como estas acumulam uma dívida total de R$ 118 bilhões no Brasil. Este é o maior valor registrado desde janeiro de 2020, mostrando a magnitude da situação. A média registrada foi de sete contas negativadas por CNPJ durante o período.
Segundo Luiz Rabi, economista e responsável pelos dados do Serasa Experian, o aumento observado em junho, apesar da melhoria em maio, pode ser atribuído às altas taxas de juros e ao baixo dinamismo econômico que a economia brasileira enfrenta. “As empresas continuam enfrentando dificuldades para melhorar seu fluxo de caixa, o que acaba levando muitas delas à situação de inadimplências”, afirma Rabi.
A análise do perfil de inadimplência por setores mostra que as empresas do setor de “Serviços” foram as mais afetadas, representando 54,1% do total. Seguido pelo “Comércio”, com 37%, “Indústrias” com 7,6%, “Setor Primário”, com 0,8% e “Outros”, com 0,4% – categoria que inclui as empresas “Financeiras” e do “Terceiro Setor”.
Em meio a esta crise, as micro e pequenas empresas (MPEs) foram as mais afetadas. Em junho, das empresas negativadas, 5,77 milhões eram MPEs. Estas empresas, juntas, somaram 39,7 milhões de dívidas, totalizando R$95 bilhões. Em média, cada empresa inadimplente registrou 6,9 contas atrasadas.
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