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Conexão entre empresários do agro goiano e atos antidemocráticos é revelada em relatório da ABIN

Relatório coloca presidente do Sindicato Rural de Jataí e presidente da Aprosoja Goiás entre os nomes de destaque do MBVA que é apontado como financiador do movimento

Em uma reportagem especial publicada no último sábado, 5 de agosto, pelo Congresso em Foco, assinada pelo jornalista Caio Luiz, foi revelado um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), que indica a suposta participação de nomes influentes do agronegócio nos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Notoriamente, o mesmo grupo teria contestado a vitória nas urnas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Todos os empresários listados pelo relatório têm relações diretas com o Movimento Brasil Verde Amarelo (MBVA), um grupo ligado ao agronegócio, que se mostra ativo politicamente em apoio a pautas conservadoras e, historicamente, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O surgimento do MBVA tem raízes na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2017, que reconheceu a constitucionalidade da contribuição do empregador rural ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). A oposição a essa decisão resultou na fundação do MBVA, que ganhou força e adesão principalmente das associações de produtores de soja estaduais.

Outro ponto que chama atenção é a proximidade do MBVA com a chapa de Bolsonaro e Mourão em 2018. Embora o grupo não tenha conseguido influência direta no Ministério da Agricultura, suas demandas, como a redução da carga tributária no agronegócio e o armamento da população civil, foram apoiadas e defendidas por Bolsonaro em sua gestão.

Os atos do dia 8 de janeiro de 2023 podem ser vistos como um acúmulo de ações e contestações que culminaram em um movimento de proporções significativas. A identificação de nomes goianos entre os articuladores desses atos, como apontado pela reportagem do Congresso em Foco, ressalta o papel central do agronegócio no cenário político brasileiro, especialmente em regiões como o estado de Goiás.

Agora, com a divulgação deste relatório da ABIN, aguarda-se as consequências jurídicas e políticas para os envolvidos e os desdobramentos para o setor do agronegócio, que é crucial para a economia brasileira. A complexa teia de conexões e interesses entre o agro e a política continua a ser desvendada, gerando debates e reflexões sobre o papel dos grandes empresários na condução e influência das decisões nacionais.

As engrenagens financeiras e as redes de influência moveram peças centrais de um tabuleiro complexo. O relatório da Abin mostra que a MBVA utilizou seu capital e rede de contatos para orquestrar diversas manifestações de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ainda de acordo com  documentos, o MBVA não apenas tinha seu próprio capital, mas também uma impressionante capacidade de mobilizar recursos financeiros. Utilizando a rede de contatos da Aprosoja e trabalhando em sintonia com sindicatos rurais. Dessa maneira, o relatório mostra que  o movimento coordenou doações significativas.

O que é particularmente preocupante, conforme evidenciado pela Abin, é o foco do MBVA em pautas consideradas antidemocráticas. A entidade é acusada de promover o apoio a ideias como a intervenção militar, além de manifestar apoio contínuo ao ex-presidente Bolsonaro.

Entre as atuações do MBVA apontadas pelo relatório estão o  apoio a atos na Agro Brasília em 2019, promovendo reformas econômicas; Participação e endosso ao acampamento ‘300 pelo Brasil’ em 2020; Organização de uma caravana de tratores e caminhões à Brasília em maio de 2021; Protestos na sede da Polícia Federal em Sinop, Mato Grosso, em agosto de 2021; Liderança nas manifestações do 7 de Setembro de 2021, culminando em um ato grandioso em Brasília no 7 de Setembro de 2022 com máquinas pesadas; E, talvez mais preocupantemente, figuras associadas ao MBVA estiveram no epicentro de bloqueios e manifestações contra os resultados eleitorais após 31 de outubro de 2022.

Quem são os líderes do MBVA

O relatório da Abin mostrou que o MBVA tem capital político e influência e articula-se via redes sociais. O grupo tem o   controle de um programa na TV aberta chamado Sucesso no Campo, que  também é transmitido em redes sociais. O programa divulga líderes do agronegócio, pautas e convocações do MBVA para protestos.

O documento registra  ainda que as principais lideranças e fundadores do MBVA são  sojicultores do Centro-Oeste naturais do Rio Grande do Sul. Dentre os nomes listados, ganham destaque os goianos Vitor Geraldo Gaiardo, presidente do Sindicato Rural de Jataí, e Joel Ragagnin, também sojicultor em Jataí e presidente da Aprosoja Goiás. Ambos   São eles:

 Lideranças da Movimento Brasil Verde e Amarelo

  • Adriano Barzotto: Sojicultor e ex-Presidente da Aprosoja Goiás.

  • Alan Juliano: Sojicultor em São Desidério (BA) e ex-Presidente da Aprosoja Bahia (2017-2021).

  • Antônio Galvan: Sojicultor em Sinop (MT) e Presidente da Aprosoja Brasil.

  • Bartolomeu Brás: Sojicultor e ex-Presidente da Aprosoja Brasil e Goiás.

  • Fabélia Oliveira: Apresentadora do programa de TV “Sucesso no Campo”.

  • Humberto Falcão: Sojicultor em Primavera do Leste (MT) e dono de empresa de sementes.

  • Jeferson da Rocha: Advogado em Florianópolis (SC) e Porta-voz do MBVA.

  • Joel Ragagnin: Sojicultor em Jataí (GO) e Presidente da Aprosoja Goiás.

  • José Alípio Fernandes da Silveira: Sojicultor em Barreiras (BA) e Presidente da Andaterra.

  • José Luiz Zago: Sojicultor em Roraima.

  • Juarez Petry de Souza: Arrozeiro do Rio Grande do Sul e líder do movimento “Te Mexe Arrozeiro”.

  • Júlio Augusto Gomes Nunes: Comerciante em Campo Grande (MS) e Articulador do MBVA.

  • Lavosier Lima: Administrador do MBVA no Facebook e Diretor do programa “Sucesso no Campo”.

  • Lucas Costa Beber: Sojicultor em Nova Mutum (MT) e Vice-Presidente da Aprosoja Mato Grosso.

  • Luciano Jayme Guimarães: Sojicultor em Rio Verde (GO) e Presidente do Sindicato Rural de Rio Verde.

  • Márcio Juan Guapo: Presidente do Sindicato Rural de Campo Florido (MG).

  • Nei Magalhães: Pecuarista em Dourados (MS).

  • Sérgio Pitt: Sojicultor em Luís Eduardo Magalhães (BA) e ex-Presidente da Andaterra.

  • Valdir Edemar Frias: Sojicultor em Itambé (PR).

  • Vitor Geraldo Gaiardo: Sojicultor e Presidente do Sindicato Rural de Jataí (GO).

  • Wagner Martin Borges: Pecuarista em Araguaína (TO).

Movimento nega participação

O representante e advogado do MBVA, Jeferson Rocha, conversou com o Congresso em Foco sobre os eventos do dia 8 de janeiro, considerado por ele como um lamentável marco na história. Rocha, também proprietário rural em Santa Catarina, destaca que em momento algum o MBVA incentivou condutas ilícitas ou arbitrárias. Ele assegura que estava em sua fazenda em Santa Catarina no momento dos incidentes ocorridos nas sedes dos Três Poderes em Brasília.

“Estamos à disposição para colaborar com qualquer investigação, seja judicial ou parlamentar, pois não concordamos que em uma nação democrática ocorram atos de violência ou imposição de pensamento através da força. Condenamos fortemente tais atos”, comentou.

Rocha reitera o respeito do MBVA pelas instituições e enfatiza o desejo de que o país tenha um Senado respeitável e um Supremo Tribunal Federal imparcial, longe do ativismo político. “Nosso foco é fortalecer as instituições. Entretanto, reconhecemos que, em grandes grupos, alguns indivíduos podem se exceder e posteriormente se arrepender.”

A equipe do Congresso em Foco tentou contatar várias entidades, como Aprosojas Brasil, Andaterra e UDR, através de telefone e e-mail. Entretanto, Jeferson Rocha foi o único a responder, também representando a Andaterra. Todos os mencionados foram contatados individualmente, principalmente via associações e sindicatos. No entanto, aqueles não vinculados a organizações específicas não foram encontrados. O Diário de Aparecida tentou contato com os nomes citados, porém não conseguiu localizá-los. O Diário de Aparecida  deixa o espaço aberto para esclarecimentos.

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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