O debate acalorado sobre a Reforma Tributária tem colocado diversos estados em posição de defesa e protagonismo. Entre as figuras políticas mais ativas neste cenário, o Governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), destaca-se pelas suas contundentes movimentações para alterar o texto que já passou com maioria absoluta pela Câmara dos Deputados.
Desde antes da aprovação na Câmara, Caiado já mostrava-se inquieto com certos pontos do texto. Agora, com a proposta em discussão no Senado Federal, o governador não poupa esforços para buscar apoio de senadores e representantes de setores produtivos, fortalecendo seu posicionamento em defesa do federalismo.
Desde o começo da semana, a presença de Caiado em programas de imprensa nacional tem sido frequente. Ele usou essas oportunidades para abordar declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO) sobre os estados do Centro-Oeste, Norte de Nordeste e também para esclarecer a postura de Goiás nesse momento crucial em que o texto tramita no Senado.
“Lutar por seu estado é um direito de cada governador. Agora lutar por Goiás não significa que eu tenha que diminuir outros estados”, afirmou Caiado, sinalizando a linha de ação que adotará durante essa etapa no Senado. Em suas recentes entrevistas aos canais AgroMais e Jovem Pan News, o governador sublinhou sua insatisfação com a atual proposta da Reforma Tributária. Caiado ressaltou que o texto não possui uma “visão global de Brasil”, o que tem gerado estresse entre os governadores.
No que se refere à construção da reforma, Caiado é enfático ao dizer que “quando você constrói uma reforma, não se pode tentar qualificar estados mais e menos importantes. Não quer dizer que se possa criar uma exclusão de vozes de algumas regiões do país, priorizar A em detrimento de B”. O governador de Goiás pontuou ainda que o debate deve existir, mas não se deve criar qualquer sentimento separatista. “Essa é a cultura que sempre defendi e continuarei defendendo”, finalizou Caiado.
As audiências no Senado, tanto temáticas quanto as da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), contarão com a participação ativa de Caiado. Ele expressou preocupação com a proposta da criação do Conselho Federativo e foi categórico ao projetar seu ponto de vista sobre o tema: “Imagino que vamos derrubar a criação do Conselho Federativo. Não tem lógica nós, governadores, eleitos pelo povo, ficarmos na dependência de um conselho de 54 membros, que sofrerá influências. Não podemos concentrar poderes e quebrar o pacto federativo”, disse Caiado.
O governador também não poupou críticas à proposta do IBS único, ressaltando o crescimento da economia goiana em 6,6% em 2022, contrastando com o crescimento nacional de 2,9%, segundo o Instituto Mauro Borges (IMB). Caiado também fez um alerta ao dizer que não se pode admitir que no Brasil outros Estados não possam crescer. “Temos de acalmar as posições de todos os governadores e entender que tentam criar uma rotra entre nós e isso não é bom em nenhum lugar”.
Na visão de Caiado,a Reforma Tributária torna-se não apenas uma pauta fiscal, mas também uma questão federativa. E nesse jogo, Caiado diz estar determinado a lutar até o fim pela voz de Goiás e pela manutenção do equilíbrio entre os estados brasileiros.
Entenda os últimos detalhes
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO) deu uma declaração à imprensa no domingo, em que associou os estados do Nordeste e do Centro-Oeste a “vaquinhas que produzem pouco”. A fala causou grande repercussão no cenário político. A polêmica proposta de Zema ressaltava a formação de uma coalizão política do Sul e Sudeste, representando 70% da economia brasileira, para conquistar maior protagonismo político.
Esta sugestão não foi bem recebida por diversos governadores e lideranças, que destacaram os esforços de suas regiões em busca de um Brasil unificado e rejeitaram qualquer noção de divisão. João Azevêdo, governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, reforçou que o foco é a construção de um Brasil inclusivo. Diversos governadores se manifestaram. Além de Caiado (UB), Helder Barbalho (MDB), governador do Pará e presidente do Consórcio da Amazônia Legal, destacou o perigo da competição entre regiões, defendendo a união.
Várias outras vozes se manifestaram sobre o tema. Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional, exaltou a natureza inclusiva da cultura mineira, enquanto Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo, destacou que a perspectiva de Zema é pessoal, buscando promover o diálogo inter-regional. Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, se pronunciou em favor de um Brasil unido e harmonioso, rejeitando divisões.
No âmbito federal, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, condenou tentativas de fomentar divisões regionais e enfatizou a importância da união entre os brasileiros, citando a Constituição. Em resposta à enxurrada de críticas, Zema esclareceu suas declarações, argumentando que suas palavras foram distorcidas e que a proposta de união entre o Sul e Sudeste tinha o intuito de somar esforços, e não de diminuir outras regiões do país.
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