A Justiça Federal decidiu pela condenação do hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como o ”Hacker da Vaza-Jato”, a 20 anos de prisão em regime fechado por invadir os celulares de autoridades e vazar mensagens da operação Lava Jato. Além dele, outros quatro comparsas de Delgatti também foram condenados pelo juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal, e as penas variam entre seis anos e 18 anos e 11 meses.
Na decisão publicada nesta segunda-feira (21), o magistrado citou uma lista de crimes cometidos por Delgatti e classificou como ‘exibicionista’ a postura do hacker diante dos delitos praticados. Os crimes que aumentaram a pena de Delgatti foram: movimentação ilegal de R$ 890 mil usando o nome de Danilo Cristiano Marques e a formação de uma quadrilha para prática de furtos bancários.
Delgatti foi preso em 2019 por suspeita de invadir contas de autoridades no Telegram, entre elas, de integrantes da força-tarefa da Lava Jato, como o ex-procurador Deltan Dallagnol.
Até o momento, ainda não há informações por parte da defesa de Delgatti.
Sentença
Além de Delgatti, mais seis acusados também foram condenados pelas invasões de celulares. Além dos ex-procuradores da Lava Jato, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes e conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) também tiveram mensagens acessadas ilegalmente.
Na decisão, o juiz disse que Delgatti tinha a intenção de vender as conversas hackeadas da Lava Jato por R$ 200 mil à imprensa e rebateu declarações do hacker, que, durante as investigações, declarou que violou as conversas para “combater injustiças” que teriam sido cometidas durante a operação.
“Só após perceber a resistência de jornalistas a pagarem para ter acesso a este material é que houve um esfriamento inicial no ânimo de Walter de obter numerário pela troca do material”, escreveu o juiz.
Além da participação no hackeamento de autoridades, a sentença diz que Walter Delgatti obtinha dados bancários de diversas vítimas e comercializava as informações obtidas em chats especializados em crimes.
“Para melhor compreensão das técnicas de fraudes empreendidas por Walter, houve a degravação de um diálogo em que Walter se apresenta como responsável pela área técnica e segurança de uma instituição financeira e orienta um cliente de entidade bancária a realizar uma atualização em seu computador de forma a instaurar um programa malicioso”, concluiu o juiz.
Prisão
No início deste mês, Delgatti foi preso pela Polícia Federal (PF) em função de outra investigação, a invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Os policiais investigam se o ato foi promovido por Delgatti a mando da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). De acordo com as investigações, o hacker teria emitido falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
*Agência Brasil
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