Você é daqueles que segura o espirro? Esse hábito pode causar sérios prejuízos. Ao espirrar há um aumento significativo do fluxo de ar em alta velocidade na região intranasal, aumentando a pressão dentro do crânio.
Então, se a pessoa tiver alguma veia ou artéria mais frágil, como um aneurisma cerebral ou malformação vascular, pode levar até mesmo a um AVC (Acidente Vascular Cerebral). É uma situação rara, mas pode acontecer.
O neurocirurgião Victor Hugo Espíndola explica que o espirro é um estímulo normal e de defesa do organismo. Quando a pessoa inala fumaça, pó ou até vírus ou bactéria, ela vai expelir essa substância.
“A principal intenção do espirro é a de eliminar secreções e agentes agressores do corpo. Quando seguramos um espirro, toda a pressão gerada por esse fluxo de ar de alta velocidade, que deveria ser expelida, é travada e internalizada no corpo, aumentando a pressão intracraniana.”
De acordo com o médico, não há formas de evitar um espirro. Por isso, a recomendação é sempre deixar fluir naturalmente. “Caso a pessoa tenha alguma condição que leva à fragilização das veias e/ou artérias, como um aneurisma, por exemplo, há chances de haver o rompimento dos vasos sanguíneos mais frágeis e ocorrer até mesmo um AVC”, alerta o neurocirurgião.
A orientação do médico é nunca prender. “Na hora do espirro, cubra as vias aéreas com um lenço, ou até mesmo seu antebraço, mas jamais segure seu espirro”, reforça o especialista. Além disso, após espirrar é muito importante lavar as mãos ou usar o álcool em gel.
Como funciona o espirro?
Antes de espirrar você faz uma inspiração profunda e o ar fica preso no pulmão – até a glote e as cordas vocais se fecham para que ele fique totalmente acumulado ali. Nesse momento, a pessoa tem uma contratura súbita, na qual os músculos do abdômen e os músculos intercostais jogam esse ar para fora. E esse ar sai numa força absurda, uma velocidade que é em torno de 160 km/h. Então se esse monte de ar represado não sai pelo nariz e pela boca, que é o objetivo, ele vai para algum lugar – e o mais comum é ir para a tuba auditiva.
A tuba auditiva é um canal que conecta nariz e ouvido e serve para equalizar as pressões da orelha média (ou cavidade timpânica) quando você tem alguma descompressão – como andar de avião, subir uma montanha, descer a serra. A pessoa sente que o ouvido entope, aí ela vai engolindo ou bocejando, o que faz abrir a tuba auditiva: o ar entra e as pressões ficam iguais, a externa e a interna.
Quando esse ar entra ali pode acontecer a perfuração do tímpano, que a gente chama de barotrauma, como quando acontece quando a pessoa mergulha muito profundamente sem equalizar a pressão. Isso é bem comum. Outra coisa que pode acontecer é o ar entrar na orelha média e traumatizar o labirinto – o que pode gerar uma labirintite aguda.
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