Internacional

Onda de violência toma conta do Equador

Medidas de segurança do governo  sofrem resistência. Foto. Ivan Alvarado/Agência Brasil.

Ao menos dez pessoas morreram na última terça-feira, 9, durante a onda de violência no Equador, informam os órgãos de imprensa locais. Segundo o jornal Extra, as ruas da capital Quito estão vazias e o centro histórico da cidade está fortificado por militares e com tanques do Exército após vários incidentes terem sido registrados na terça-feira (9).

A violência eclodiu enquanto o governo tenta prosseguir em um plano de austeridade e se prepara para realizar um referendo com uma série de medidas de segurança e de investimentos.

O país está sob um decreto de “estado de exceção” há dois dias e desde ontem o presidente Daniel Noboa definiu a situação como de “conflito armado interno”, dando mais poderes de segurança pública às Forças Armadas.

O combate aos grupos do crime organizado no país é apenas uma parte dos planos de Noboa, político de 36 anos que assumiu o cargo no final de novembro, após um ano tumultuado, que incluiu a dissolução do Congresso pelo ex-presidente Guillermo Lasso, e o assassinato do candidato e ativista anticorrupção Fernando Villavicencio, em agosto.

O Equador pretende cortar gastos em cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) enquanto o paí enfrenta crises fiscais, de dívida e de segurança, disse no final do ano o ministro das Finanças, Juan Carlos Vega. A nova administração planeja ainda reduzir o número de empreiteiros públicos e reduzir as ineficiências nas empresas estatais para ganhar o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) para um novo programa de financiamento.

O governo gostaria de assinar um acordo stand-by com o FMI, mas busca pelo menos um selo de aprovação da instituição, o que facilitaria o acesso do Equador a empréstimos de outras fontes.

Sistema carcerário em alerta desde a fuga de “Fito”

O estopim da nova onda violência foi aceso com a fuga da prisão no dia 7 do narcotraficante Adolfo Macías, vulgo “Fito”, o líder da gangue criminosa Los Choneros. Esse fato desencadeou vários motins em diferentes prisões, superlotadas, no país e ordens dos líderes para iniciar uma série de ataques.

As autoridades equatorianas atribuíram os problemas exatamente ao aumento dos esforços para combater o tráfico de drogas e o crime organizado, à medida que lutavam para controlar surtos de violência que resultaram na morte de mais de 400 detentos desde o início de 2020.

A maior parte das vítimas ontem foi em Guayaquil, cidade que foi alvo dos ataques mais violentos de grupos de criminosos. A prefeitura da cidade informou que atendeu mais de 1 mil ocorrências desde as 14 horas da terça-feira (9), incluindo ataques a prédios públicos, saques em estabelecimentos comerciais e ameaças de bombas.

A ação mais ousada dos criminosos foi transmitida ao vivo, quando um grupo de pessoas encapuzadas invadiu o estúdio da TC Televisión usando armas e mostrando o que seriam explosivos para as câmeras. Vários funcionários foram feitos reféns e a polícia só conseguiu controlar a situação algumas horas depois, prendendo ao menos 13 pessoas. (Da Redação, Infomoney e Bloomberg)

Desigualdade social e corrupção

O Equador vive uma grave desigualdade social, e uma série crise política que vem se acentuando nos últimos anos. O presidente atual, Daniel Noboa, foi eleito para um mandato tampão, de apenas um ano e meio, substituindo Guillermo Lasso, que sofreu duas tentativas de impeachment, no qual na última, ele usou, o que no Equador é chamado de morte cruzada, em que o presidente convoca novas eleições, evita o pedido de impeachment e promove um novo Congresso.

Essa crise na política também contribui para a insegurança, porque o Equador é um país que fica entre o Peru e a Colômbia, dois grandes produtores de cocaína, que fez do Equador uma importante rota para exportação de drogas para os Estados Unidos e Europa.

As facções que disputam esse espaço têm ligações com outras bem mais perigosas, entre elas, as mexicanas, que se envolvem em violentas disputas pela rota equatoriana.

Além da severa desigualdade social, há uma vasta corrupção no país. Existe suspeita de que os dois maiores líderes de gangue, um deles é o Fito, tenham fugido da prisão através da facilitação dos agente penitenciários.

Da Redação/Infomoney

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