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Bolsonaristas querem Michelle como vice de Caiado nas eleições para presidente

Aliados do ex-presidente dizem, no entanto, que ele não desistiu de reverter sua situação de inelegibilidade

Diante do cenário incertezas sobre sua inelegibilidade, o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu círculo próximo articulam um movimento estratégico   que envolve a possível filiação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), ao Partido Liberal (PL), com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como vice na chapa.

O plano, embora visto como potencialmente forte eleitoralmente, enfrenta obstáculos, como a resistência  dentro do União Brasil, partido atual de Caiado, e as complexas dinâmicas partidárias no Congresso, onde o União Brasil possui uma das maiores bancadas. A situação é complicada pela necessidade de Bolsonaro reverter decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para viabilizar uma candidatura em 2026.

Fontes próximas ao ex-presidente indicam que a presença de Bolsonaro no apoio à campanha poderia conferir grande força à dupla Caiado-Michelle.    Contudo, a transição de Caiado para o PL pode enfrentar resistências significativas dentro do seu atual partido, União Brasil, que detém uma ampla aliança política e a maior representação no Congresso Nacional.

“Atual governador de Goiás respeita a democracia”, diz especialista

Especialista em ciência Política, Joana    Sampaio destaca as qualidades de Ronaldo Caiado que o diferenciam positivamente de Jair Bolsonaro, especialmente em um momento em   que as alianças políticas estão sendo   cuidadosamente avaliadas.

 “Caiado tem demonstrado um respeito     consistente pelas instituições e órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Ministério Público Eleitoral (MPE), algo que não observamos na mesma medida durante a gestão Bolsonaro. Além disso, sua abordagem durante a pandemia da Covid-19, respeitando as normas sanitárias, valorizando a vacinação e seguindo as orientações científicas, estabelece um contraste significativo com as posturas anteriormente adotadas por Bolsonaro”, analisa Sampaio.

Ela ressalta ainda a trajetória política de Caiado, que contribui para sua imagem como um possível candidato presidencial. “Caiado possui um histórico de bom parlamentar, com um respeito inabalável pela democracia, o que reforça sua posição como um líder político de destaque. Essas características, combinadas com sua capacidade de dialogar e construir pontes entre diferentes setores, podem ser vistas como vantagens significativas em relação a Bolsonaro, especialmente em um cenário político que exige cada vez mais a capacidade de governança inclusiva e respeitosa”, conclui a especialista.

Gestor goiano e ex-mandatário se reaproximaram no pleito 2022

Durante o período eleitoral de 2022, o governador do Estado de Goiás optou por não manifestar seu apoio a Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições. O motivo apresentado para tal decisão foi o lançamento de um candidato próprio pelo União Brasil, partido ao qual o governador estava afiliado, para a corrida presidencial. Contudo, no segundo turno, o governador expressou seu voto a favor do então presidente.

No decorrer do último ano, observou-se uma aproximação significativa na relação política entre o governador goiano e Jair Bolsonaro. Essa aproximação ficou evidenciada por meio das visitas do ex-presidente a Goiânia, capital de Goiás, onde, em uma das ocasiões, Bolsonaro foi acolhido no Palácio das Esmeraldas, residência oficial do governador.

Informações veiculadas pela revista Veja indicam que dentro da cúpula nacional do Partido Liberal (PL) existem membros que apoiam a indicação de Ronaldo Caiado como potencial candidato à Presidência da República em 2026, possivelmente tendo Michelle Bolsonaro como sua vice. Apesar das declarações   públicas de Caiado afirmando que as desavenças prévias com Bolsonaro são questões superadas, há indícios de que o ex-presidente ainda mantém ressentimentos.

Independência política é boa pretensão

O governador de Goiás, por sua vez, não confirmou oficialmente se houve diálogos sobre uma possível filiação ao Partido Liberal (PL). Fontes próximas a Ronaldo Caiado sugerem que, embora ele deseje o suporte de Jair Bolsonaro, pretende manter sua independência política em relação ao ex-presidente.

Conforme apontam aliados, o governador goiano está empenhado em fortalecer sua possível candidatura à Presidência da República dentro do próprio União Brasil (UB). Parte desse esforço inclui a utilização intensiva das estruturas regionais do partido para promover sua pré-campanha nacional. Um momento decisivo para os planos de Caiado será a eleição para   a   nova liderança nacional do União Brasil, agendada para o final deste mês. Dentro do partido observa-se uma divisão de opiniões: uma facção apoia a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026, influenciada principalmente pelos ministros nomeados pela gestão atual do UB ao governo do PT. Em contrapartida, outro grupo dentro do partido, liderado por Caiado, advoga por uma candidatura própria na próxima eleição presidencial e por uma postura mais crítica em relação ao Governo Lula. Esse cenário delineia um quadro de tensões internas no União Brasil, refletindo a complexidade das alianças e estratégias políticas em jogo.

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