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Aparecida de Goiânia está com inscrições abertas para projeto inédito de curso de audiovisual na periferia

Oficinas acontecerão nos dias 22 a 26 de abril no Teatro Cidade Livre

Por Eduardo Marques

 

Quase sempre deixado de lado nas atividades ligadas ao cinema, o subúrbio de Aparecida de Goiânia ganha uma oportunidade rara de curso ligado ao audiovisual. Promovido pela Lembra Filmes, em colaboração com a Associação Sociocultural Cidade Livre e o apoio da Dafuq Filmes, a primeira edição do projeto Imersão Cinematográfica na Periferia está com inscrições abertas até o dia 14 de abril, através do site https://www.lembrafilmes.com/imersao.

A iniciativa visa democratizar o acesso a técnicas de operação de câmera, iluminação e produção executiva, oferecendo uma oportunidade de qualificação aos jovens. A oportunidade é gratuita e direcionada tanto a iniciantes no campo do audiovisual que desejam se aprofundar no departamento de fotografia cinematográfica, quanto a profissionais já atuantes na área que buscam expandir suas habilidades criativas por meio desta imersão.

As oficinas do projeto acontecerão de 22 a 26 de abril, com atividades diárias programadas para ocupar tanto a manhã (8h às 12h) quanto a tarde (13h às 17h) desta semana. As aulas serão ministradas no Teatro Cidade Livre, em Aparecida de Goiânia.

Os participantes terão a oportunidade de aprender com profissionais renomados, incluindo Kátia Coelho — a primeira mulher a realizar a direção de fotografia de um longa-metragem no Brasil —, Thaynara Rezende e Gleig de Souza. Os alunos selecionados contarão com três oficinas ofertadas ao longo de uma semana.

No módulo Operação de Câmera, os alunos vão poder conhecer os conceitos fundamentais relacionados ao equipamento, alternando entre práticas de operação e estudos de caso. A oficina Iluminação para Cinema aborda os conceitos essenciais sobre a exposição da imagem e como manipular a luz para alcançar resultados visuais. Já, a Produção Executiva de Longa-Metragem para Direção de Fotografia é uma etapa da capacitação focada em fotografia e seleção de equipamentos, análise de roteiro e a organização eficaz do departamento visando a produção.

“A periferia tem muita conexão com as artes. A galera curte assistir filmes, participa de cineclubes. Infelizmente, as pessoas destes locais não têm muito acesso ao cinema padrão de shopping, assim como às galerias de artes. Este tipo de formação serve para capacitar agentes capazes de utilizar o audiovisual para difundi-lo nestas comunidades, especialmente, a produção aparecidense”, declarou o coordenador e idealizador do projeto, Gleig de Souza, ao Diário de Aparecida.

Com a chegada de novos artistas e grupos de cultura nas periferias, há uma nova forma de competir por significado e recursos. Gleig pontua que os produtores culturais devem buscar se apropriar desses meios. “Com uma produção ainda inicial, mas que tem tomado cada vez mais fôlego, estes novos produtores culturais buscam se apropriar de meios, ferramentas e conhecimentos que até então lhes foram negados”.

Neste aspecto, o audiovisual periférico surge como uma prática social que em sua forma se desenvolve através da arte e exercício da linguagem. “De toda forma, a ideia de ‘nossa realidade representada por nós mesmos’ se coloca o tempo todo como pauta da ação, apontando sobretudo para uma disputa cultural por representatividade”, afirma Gleig.

De acordo com o seu parecer, as políticas públicas de formação cultural e experimentação artística são de suma importância para despertar o interesse pelo cinema e fomentar o hábito cultural da população. “Certamente, uma forma de tentar superar o desafio da exibição é articular parcerias necessárias e possíveis com instituições”.

Nesse sentido, o coordenador avalia que o poder público, apesar de haver inúmeros desafios a serem superados, busca fomentar projetos culturais. “É possível notar que tanto o Estado quanto o mercado estão buscando fornecer respostas a este novo cenário, gerando uma tensão entre o fomento e a apropriação, às vezes através de políticas de caráter estruturante”.

Programa recebe financiamento da Lei Paulo Gustavo 

A iniciativa foi viabilizada através do edital n.º 8/2023 – Formação e Difusão Audiovisual, financiado pela Lei Paulo Gustavo do Governo Federal e administrado pelo Governo de Goiás, por intermédio da Secretaria de Estado da Cultura.

De acordo com o coordenador do projeto Imersão Cinematográfica na Periferia, não só a classe artística é beneficiada com a Lei Paulo Gustavo, mas toda a sociedade. “[A lei] valoriza a diversidade dando protagonismo às mulheres, negros, indígenas, povos tradicionais e quilombolas, LGBT+, pessoas com deficiência e outras minorias, além de reconhecer um dos grandes artistas do audiovisual. Ou seja, quando a cultura é valorizada, é o Brasil que sai ganhando”, destaca Gleig.

A Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022) representa o maior investimento direto já realizado no setor cultural do Brasil e destina R$ 3,862 bilhões para a execução de ações e projetos culturais em todo o território nacional. A lei se destina a profissionais da cultura, permitindo o acesso a recursos por meio de editais, chamamentos públicos, prêmios, aquisição de bens e serviços ou outras formas de seleção pública simplificada.

 

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