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Pela primeira vez em Goiânia, será exibida mostra individual da artista Miriam Inez da Silva

Ao longo de cinco décadas de trabalho, elaborou uma obra complexa e original em xilogravura e pintura, geralmente estruturadas em pequeno formato, em madeira e com suas molduras coloridas características

Cerrado Galeria traz no próximo sábado (27) na capital de Goiás cerca de 80 obras da artista goiana. Com curadoria de Divino Sobral, a exposição será aberta ao público a partir das 10h. A primeira exposição da artista Miriam Inez da Silva realizada em Goiás, com curadoria de Divino Sobral, é o legado da artista cuja criação, apesar de realizada na capital fluminense, foi no solo da cultura goiana.

Segundo a diretora da Cerrado Galeria em Goiânia, Júlia Mazzutti, o fato essa ser a primeira exposição individual de Miriam Inez em Goiânia, mostra o desconhecimento do trabalho da artista em sua terra natal, o que reforça ainda mais a importância de sua expressão. “As obras de Miriam são de extrema relevância para o programa da Cerrado, que visa não apenas promover a produção artística regional, mas também expandir o alcance geográfico e o impacto nacional desses artistas”, afirma.

A exposição terá cerca de 80 obras, divididas em cinco grupos temáticos – “Memórias de Trindade”, “Estórias de amor”, “A poética do voo”, “A vida é festa” e “O show tem que continuar”. O curador Divino Sobral explica que as cenas pintadas pela artista goiana se assentam em telas quase sempre pintadas num fundo de branco encardido, contornado por faixas de cores que formam a moldura da própria pintura.

“As figuras de Miriam Inez possuem marcada linha de contorno e têm seus rostos exageradamente maquiados. A cor tem papel simbólico em sua obra, que transita entre a crônica e a fabulação, o real e o imaginário, o cotidiano e o fantástico, criando um universo particular marcado pela liberdade, pelo desejo de transgressão e pelo desbunde”, descreve. Inspiração goiana

Nascida no ano de 1937, em Trindade–GO, um dos locais mais importantes de peregrinação religiosa do Brasil, a formação artística de Miriam Inez foi realizada em Goiânia e no Rio de Janeiro, cidade onde construiu sua carreira e viveu até o fim da vida, em 1996. Ao longo de cinco décadas de trabalho, elaborou uma obra complexa e original em xilogravura e pintura, geralmente estruturadas em pequeno formato, em madeira e com suas molduras coloridas características.

A artista começou seus estudos formais na Escola Goiana de Belas Artes (EGBA). No início da década de 1960, foi aluna de cursos livres ministrados por Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio).

Entre as exposições mais relevantes de sua trajetória, conta-se a participação em duas edições da Bienal de Arte de São Paulo (1963 e 1967), exposições em que apresentou suas xilogravuras. Além disso, fez mostras na Jovem Gravura Nacional, organizada por Walter Zanini, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), na Bienal da Bahia (1966 e 1968) e na Bienal de Gravura de Santiago do Chile (1969). Ao longo dos anos 1970, Miriam expôs continuamente dentro e fora do país, participando de mostras na Inglaterra, França, Itália, Iugoslávia, Marrocos e Canadá.

Para Mazzutti, a obra de Miriam Inez é uma referência na arte contemporânea mundial. “O trabalho da artista vai ao encontro de todos os interesses da Cerrado Galeria – com um acervo singular e diversificado, nossa galeria é um ponto de encontro, fora do eixo tradicional, para mentes criativas e interessados pela arte, inspirando aqueles que já a conhecem e acolhendo os que buscam uma expressão cultural autêntica”, garante a diretora do espaço em Goiânia.

O curador Divino Sobral reforça essa influência, assegurando a relevância do trabalho de Miriam no cenário artístico brasileiro. “O nome de Miriam é fundamental para a compreensão e o avanço do debate travado no seio da arte brasileira desde o Modernismo sobre as tensas relações mantidas entre as produções erudita e popular, que resultam, atualmente, em ações de dissolução dos limites entre essas categorias”, confirma. Sobre a Cerrado Galeria.

Fundada pelos empresários Lucio Albuquerque, Antônio Almeida e Carlos Dale em 2023, a Cerrado Galeria tem como intuito refletir o mundo a partir do Centro-Oeste do Brasil. Sua criação une mais de 30 anos de experiência e tem o objetivo de impulsionar a expansão da arte no território brasileiro, promovendo o cenário artístico regional. Assim como homenageia em seu nome o bioma da região onde está, a galeria destaca questões que envolvem ecologia, processos históricos e sociedade, evidenciando diversas manifestações culturais.

Para isso, a galeria promove mostras individuais e coletivas, conversas públicas, ações educativas e outras atividades voltadas ao desenvolvimento da produção e do mercado de arte na região, assim como sua circulação e presença no Brasil e no mundo. Em Goiânia, a Cerrado Galeria ocupa a casa modernista projetada por David Libeskind na Rua 84, no Setor sul, conservando azulejos originais que são um marco da arquitetura goiana. Já em Brasília, há uma unidade no Lago Sul, mesma região que receberá, em breve, um novo espaço da Cerrado Galeria.

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