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Governo de Goiás investe R$ 83 milhões em conectividade a alunos de baixa renda

Programa visa promover inclusão digital e controle do conteúdo acessado por estudantes

Uma das principais estratégias indicadas por especialistas para a evolução da educação pública no Brasil está em curso em Goiás. Na volta às aulas deste ano, 410 mil estudantes do Ensino Fundamental e Ensino Médio das redes estadual e municipais receberam acesso gratuito à internet para realizar estudos em suas casas, como complemento às aulas presenciais.

Os R$ 83 milhões investidos pelo governo estadual são provenientes do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) e fazem parte dos R$ 3,5 bilhões destinados a estados e municípios para oferecer conectividade a até 22 milhões de crianças e adolescentes de famílias de baixa renda, que estejam inscritas no CadÚnico, quilombolas e indígenas.

Além de promover a inclusão digital de estudantes pobres, o programa conta com uma tecnologia inovadora, desenvolvida no Brasil, para dar efetividade e segurança ao ensino híbrido, que combina atividades em sala de aula com reforço e nivelamento de conteúdo em casa. O chip recebido pelos alunos é a porta de acesso para um ambiente de ensino gerenciado pelos profissionais da educação.

Os alunos são conduzidos a uma trilha de aprendizado individualizada, com controle de desempenho, assiduidade e tarefas, e só conseguem navegar nos endereços web permitidos pela secretaria de educação. Isso só é possível devido a um filtro de conteúdo hospedado na “nuvem”, inviolável ao contrário dos similares instalados nos dispositivos.  

“Anteriormente, os governos usavam chips convencionais e sistemas de bloqueio de conteúdo instalados nos aparelhos. Com isso, os estudantes podiam facilmente burlar o sistema e usar o pacote de dados custeado pelo poder público para outros fins, como consumir conteúdos de entretenimento”, diz Rivaldo Paiva, CEO da Base Mobile, startup de Pernambuco responsável pelo desenvolvimento da solução. “Com essa nova tecnologia, de fato, podemos assegurar o bom uso do recurso público e que crianças e adolescentes não tenham acesso a conteúdos inadequados e nocivos, como os que propagam a violência no ambiente escolar.”  

Em 2023, o Brasil registrou nova onda de casos de violência em escolas, em ações muitas vezes coordenadas ou estimuladas pela internet. Ao mesmo tempo, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em um ano, entre 2021 e 2022, houve uma “explosão” no número de casos “sensíveis” envolvendo estudantes e as novas tecnologias de comunicação: 61% dos 1.424 professores ouvidos pela pesquisa “Tic Educação 2022” relataram ter apoiado alunos nesse tipo de ocorrência.

Situações de “disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento” foram as que mais cresceram (+117%). A seguir, vieram relatos de “cyberbullying” (+55%), “uso excessivo de jogos e tecnologias digitais” (+44%), “assédio” (+42%) e “discriminação” (+36%).    

“No caso de escolas que oferecem aos alunos acesso gratuito à internet, o controle sobre os conteúdos é importante para garantir que as ferramentas digitais sejam usadas com segurança para fins educacionais”, explica Ricardo Castellini, coordenador de educação para a mídia, na Irlanda, do Observatório Europeu de Mídia Digital, principal iniciativa de educação midiática da União Europeia. “Crianças e adolescentes ainda estão formando sua capacidade crítica de entender o mundo a sua volta, e, portanto, nem sempre conseguem avaliar com segurança e confiança a qualidade dos conteúdos a que são expostas”.  

“Não vou ter mais essa preocupação”, diz estudante

Como parte do programa “Conectividade Móvel”, em 12 de dezembro o Governo de Goiás entregou mais de 20 mil chips e 2 mil tablets na Coordenação Regional de Educação (CRE) de Aparecida de Goiânia.  

“Por meio das ferramentas tecnológicas ofertadas pelo programa, professores e alunos poderão ampliar os estudos e os conhecimentos pedagógicos”, destacou, na ocasião, o superintendente de Tecnologia da Secretaria de Estado da Educação, Bruno Marques.  

Uma das beneficiadas pelo programa é a estudante Sophia Araújo, da 1ª série do Ensino Médio. Para ela, o chip de Internet vai garantir que ela acesse as plataformas educacionais por mais tempo.

“Com o Wi-Fi da minha casa, a conexão fica mais lenta e nem sempre consigo acessar tudo o que preciso. Com o chip, eu não vou ter mais essa preocupação”, comemora a aluna.  

Outros programas de conectividade

O uso dos recursos do Fust para promover a inclusão digital no ensino público também está se transformando em realidade em outras regiões do país.

Além do programa Internet Brasil, iniciativa do Governo Federal que já beneficiou 50 mil estudantes e vai alcançar um total de 700 mil, o chip educacional com filtro de conteúdo e demais funcionalidades foi adotado no ensino público de diferentes estados e municípios. Mais de 220 mil alunos estão usando a tecnologia nos programas de conectividade da Bahia e dos municípios de Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Nova Lima (MG) e Lagoa Santa (MG). O sistema também foi contratado e será implantado pelos governos dos estados de Espírito Santo, Amazonas, Alagoas e Sergipe, e pelas prefeituras de Aracajú (SE) e Joinville (SC), beneficiando outros 610 mil estudantes.

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