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Apoio unânime dos pastores a Leandro expõe rejeição de evangélicos a Alcides

Posicionamento das Igrejas que atuam em Aparecida favorece amplamente o candidato da coligação MDB-União Brasil e deixa o representante do PL ao léu

Por José Luiz Bittencourt

 

Um fenômeno varreu o processo pré-eleitoral hoje em curso em Aparecida com o confronto estabelecido entre o Professor Alcides (PL) e Leandro Vilela (MDB-União Brasil): a adesão maciça a Leandro das principais denominações evangélicas com presença no município. Dizer “maciça” não é exagero. Praticamente todas as grandes igrejas do ramo pentecostal se alinharam com o representante da base governista, em um volume até surpreendente. Vejam, leitoras e leitores, o quadro estampado nesta página, mostrando o afluxo vertiginoso dos pastores de maior liderança religiosa para a campanha de Leandro Vilela e os que estão prestes a se somar.

Não sobrou nada no meio evangélico para o Professor Alcides. Isso chama atenção para a já disseminada impressão de que Alcides padece de rejeição alta entre os fiéis das igrejas comandadas por pastores que se transformaram em lideranças comunitárias de destaque em Aparecida, a partir da sua ampla atuação em todos os setores do município.

Por que Professor Alcides seria supostamente malvisto entre os evangélicos? Essa é uma pergunta cuja resposta precisa se amparar em pesquisas qualitativas, que os candidatos certamente já providenciaram – porém tradicionalmente não divulgam de jeito nenhum, reservando a munição apurada para as suas ações de proselitismo eleitoral, tanto defensivas quanto ofensivas.

Em campanhas passadas, quando Alcides se candidatou a prefeito e perdeu por duas vezes, em 1996 e 2016, ele também foi vítima de uma rejeição elevada: começou bem, mas em seguida começou a cair até perder para Ademir Menezes, em 1996, e para Gustavo Mendanha, em 2016, nessa última amargando o 3º lugar, já que o 2º colocado foi Marlúcio Pereira.

A rejeição é um atributo negativo que aumenta em volume à medida que uma campanha se desenrola. Fácil explicar: os adversários, conhecendo o que tira votos do concorrente, passam a explorar esses pontos desfavoráveis, empurrando o candidato ladeira abaixo. Professor Alcides sabe com exatidão como esse mecanismo funciona, já que assim foi derrotado nessas duas eleições.

Com a unanimidade dos pastores evangélicos puxando para Leandro Vilela, o fantasma da rejeição entre os membros dessas igrejas volta a assombrar o Professor. E ele não ajuda. Há algum tempo, escorregou em uma casca de banana ao afirmar, gerando um grande impacto: “precisar de votos da esquerda, da direita, do católico, do evangélico, do macumbeiro”.

Ou seja, imprudentemente misturou no mesmo caldeirão o voto evangélico a outras categorias consideradas “non gratas” pelo segmento, em especial, é claro, os “macumbeiros”. Inconveniências como essa é que levam os antagonistas de Alcides à convicção de que ele tem vocação para o equívoco e que mais cedo ou mais tarde ajudará a pavimentar o seu próprio insucesso nas urnas.

 

Prefeitos sempre foram eleitos com aval religioso

A força e o alcance do voto evangélico no Brasil são um dos principais focos de estudo dos cientistas políticos, mais ainda depois da passagem de Jair Bolsonaro pela Presidência. Bolsonaro colocou em evidência o poder político das igrejas pentecostais, que, no geral, deram a ele amplo apoio.

Em Aparecida, não poderia ser diferente. Aliás, o voto evangélico tem se provado capaz de exercer cada vez mais influência entre os eleitores aparecidenses. É uma tradição que os prefeitos eleitos no município carreguem sempre a maioria do apoio das igrejas lideradas por pastores carismáticos e de ampla penetração junto às regiões da cidade onde costumam atuar.

Em tempos recentes, foi assim com Maguito Vilela e com Gustavo Mendanha, esse último em escala de absoluta unanimidade. E Mendanha governou de mãos dadas com esse segmento religioso, com o detalhe adicional de que ele e sua esposa, Mayara, são assembleianos resolutos. É uma área onde o ex-prefeito, portanto, trafega à vontade. “Sinto-me integrado participante de todos os Ministérios”, diz sempre ele.

A base governista em Aparecida tem pressa diante do prazo de pouco menos de 90 dias até a data das urnas e do 1º lugar ainda ostentado pelo adversário Prof. Alcides nas pesquisas. Mendanha, compromissado em tocar a campanha de Leandro como sendo ele próprio o candidato, repete acreditar piamente na reversão desses números – e logo.

A tese é a de sempre: Alcides estaria à frente simplesmente por correr um longo tempo sozinho no páreo – Leandro só entrou na corrida há três semanas. A primeira rodada de articulações, com a conquista do apoio do círculo de igrejas evangélicas do município, mostrou ter sido bem-sucedida. A campanha de Leandro Vilela, assim, se desenvolve dando sinais de que está fundada em uma máquina azeitada, ganhando espaço dia a dia.

 

 

 

 

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