O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio realizada todos os anos no Brasil durante o mês de setembro. O autoextermínio é uma questão de saúde pública alarmante no país.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, o Brasil registrou 16.025 casos de suicídio em 2023, o que equivale a uma média de 44 suicídios por dia. Os dados do mesmo estudo referentes a 2022 trazem um número ainda maior, com 16.230 casos. Isso mostra a importância de campanhas de prevenção e conscientização.
Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), 78% dos casos de autoextermínio em 2019 tiveram homens como vítimas, enquanto as mulheres somam 22%. Iniciada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a campanha do Setembro Amarelo visa abrir diálogo sobre saúde mental e desmistificar o tabu em torno do suicídio.
A cor amarela foi escolhida como símbolo da campanha, representando luz e vida. Diversas ações são promovidas em todo o país, envolvendo empresas, poder público e sociedade civil. A campanha Setembro Amarelo busca, portanto, reduzir esses índices alarmantes, promovendo a importância de falar sobre sentimentos, buscar ajuda psicológica e apoiar quem está enfrentando momentos difíceis.
Além disso, a campanha visa incentivar políticas públicas voltadas para a saúde mental, integrando a sociedade na construção de um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para compartilhar suas dores e buscar ajuda sem preconceito. Com a participação ativa de comunidades, escolas, empresas e governos, o Setembro Amarelo se torna um movimento crucial para salvar vidas e promover o bem-estar emocional.
Origem
A ideia de criar o Setembro Amarelo no Brasil foi inspirada no movimento internacional Yellow Ribbon, iniciado nos Estados Unidos na década de 1990, após a trágica perda de um jovem de 17 anos, Mike Emme, que tirou a própria vida. Seus amigos e familiares começaram a distribuir fitas amarelas junto com mensagens de apoio para quem estivesse passando por dificuldades emocionais, o que rapidamente se tornou um símbolo de conscientização.
Para a docente do curso de Psicologia da Faculdade Estácio, Ana Carolina Ermisdorff, uma das formas de prevenir o suicídio é estar atento a quem está próximo, dentro do círculo de convivência. “Algumas mudanças de comportamento devem ser observadas, como o autoisolamento, sinais de autolesão, queda no desempenho escolar, mudanças de peso, perda de interesse por coisas que antes gostava… enfim, é importante observar se há algo de errado”, enumera.
Outra orientação é estar sempre aberto a ouvir, sem julgamentos nem comparações. Por fim, é importante garantir que quem está em sofrimento mental seja acompanhado por um profissional capacitado.
Médica ensina a lidar com as dores da vida
Pesquisadores afirmam que o suicida não quer necessariamente acabar com a vida, mas sim com a dor. A médica residente em psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), Isabela Lôbo, ensina a lidar com as dores da vida sem chegar ao extremo. “Buscar ajuda é sempre a melhor escolha, uma vez que o profissional bem capacitado será capaz de indicar estratégias específicas para cada caso, como a terapia e/ou o uso de medicação. Afinal, lidar com a dor da vida sem chegar ao extremo do suicídio é um processo complexo e multifatorial, que envolve desenvolvimento pessoal, apoio social e, muitas vezes, intervenção profissional”, explica.
Algumas abordagens comportamentais individuais também podem ajudar a lidar com as dores da vida. “Como desenvolver habilidades de enfrentamento saudáveis (meditação, mindfulness, atividade física e expressões criativas são excelentes para isso); fortalecer o suporte social; desenvolver resiliência; estabelecer propósitos e objetivos; reconhecer sinais de alerta; praticar autocompaixão e evitar o isolamento”, pontua a médica Isabela.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) tem como contato o número 188 e funciona 24 horas por dia, com atendimento capacitado para ouvir quem passa por ideações suicidas. “O suicídio é um tabu, mas pode ser evitado, e com a ajuda necessária, essas pessoas podem levar uma vida mais tranquila”, resume a psicóloga.
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