Com 94,20% das seções apuradas e 55,51% dos votos, o candidato Sandro Mabel (União Brasil) é eleito Prefeito de Goiânia. O resultado representa uma vitória do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que apoiou Mabel, e uma derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se empenhou pessoalmente na campanha do candidato do PL, Fred Rodrigues, chegando a ir à capital de Goiás neste domingo (27).
Sandro Mabel tem 65 anos e é da família que fundou a fábrica de biscoitos Mabel, vendida à Pepsico em 2011 e, em 2022, revendida à Camil.
Ele foi deputado federal por quatro mandatos, de 1995 a 2015, além de ter sido assessor especial da Presidência no governo de Michel Temer (2016-2018). Com bens declarados de R$ 313 milhões, foi o mais rico dos candidato nas 103 maiores cidades do Brasil (com mais de 200 mil eleitores).
Durante suas passagens pela Câmara, chegou a ter o nome citado nos escândalos do mensalão e da Lava Jato, mas nada foi provado contra ele.
Na reta final da campanha, a Justiça concedeu duas liminares à chapa adversária indicando entender que houve uso da máquina pública estadual para beneficiar o agora prefeito eleito.
Em uma das decisões, a juíza Maria Umbelina Zorzetti escreveu que o governador e Mabel usaram a máquina pública para comprar votos por meio de cestas básicas. As ações ainda terão seus méritos julgados.
Mabel foi a aposta de Caiado para conquistar a Prefeitura de Goiânia após pesquisas internas indicarem que a cidade demandava um gestor. O atual prefeito, Rogério Cruz (Solidariedade), tem altíssima rejeição. Cruz tentou se reeleger, mas acabou ficando em sexto no primeiro turno, com apenas 3,14% dos votos válidos.
A cidade sofre com problemas na saúde, na coleta de lixo, iluminação e limpeza das ruas, entre outros pontos. O empresário também teve apoio velado do PT, que ficou em terceiro no primeiro turno e que, após isso, divulgou nota defendendo o voto para “derrotar a extrema direita”. Isso sacramentou a até então improvável aliança entre os rivais históricos PT e Caiado.
Já Fred Rodrigues não era o candidato natural do bolsonarismo, mas assumiu a função após o deputado federal Gustavo Gayer (PL) desistir de concorrer.
Fred fez uma campanha altamente vinculada a Bolsonaro e de ataques diretos ao PT e a Mabel, a quem ele tentou tachar de esquerdista por causa de antigos elogios do empresário a governos do PT.
Devido a isso, o bolsonarista saiu da fileira de baixo nas pesquisas e chegou na frente no primeiro turno.
Também na reta final foi alvo de desgaste pela declaração falsa de que tinha diploma superior em direito e pela ação da PF contra Gayer por suspeita de desvio de verbas das emendas parlamentares.
*fonte: Folha de S. Paulo