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Estudo revela que a pecuária pode ser uma aliada na redução das emissões de gases de efeito estufa e no combate às mudanças climáticas

O Confinamento Pontal exemplifica como práticas inovadoras de manejo e dieta podem tornar a pecuária mais sustentável, contribuindo para a redução de emissões de gases de efeito estufa e a captura de carbono

A pecuária brasileira, com um rebanho superior a 200 milhões de cabeças e uma participação de 6,6% no PIB em 2023, é um pilar econômico do país, gerando cerca de R$ 750 bilhões. No entanto, também é responsável por uma parte significativa das emissões de gases de efeito estufa, como metano e óxido nitroso.

Um estudo do OCBio/FGV, em parceria com a Fauna Projetos e o Instituto Inttegra, revelou que 76% das fazendas brasileiras adotam modelos de baixo impacto ambiental, e 31% delas absorvem mais carbono do que emitem.

Exemplos como o Confinamento Pontal, liderado pelo zootecnista Fabiano Tavares, mostram que práticas inovadoras podem tornar a produção pecuária mais sustentável. Tavares programou uma dieta densa para o gado que reduziu as emissões de metano em até 90%, destacando um caminho promissor para a sustentabilidade no setor e desafiando os métodos tradicionais.

Estudos mostram que as práticas sustentáveis podem impulsionar a pecuária em direção a um modelo mais verde. De acordo com as medidas adotadas incluem a recuperação de áreas de pastagem e a melhoria da eficiência produtiva, fundamentais para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Dieta e manejo sustentável

Modificações na dieta do gado podem reduzir substancialmente a emissão de metano. Substituir volumosos, como capim e silagem, por alimentos mais nutritivos, como farelo de soja e subprodutos de cana-de-açúcar, reduz as emissões. Esses alimentos aceleram o desenvolvimento do gado e reduzem o tempo de abate, contribuindo para uma pecuária mais eficiente. De acordo com estudos da USP, mudanças na dieta podem levar a uma redução de até 80% na emissão de metano, com a adição de aditivos como o tanino reduzindo até 30% do restante.

“A intensificação foi o principal fator para nosso crescimento. Abandonamos métodos tradicionais e focamos em práticas que aumentassem a eficiência sem comprometer o meio ambiente”, afirma Fabiano. Ele destaca que uma das mudanças mais significativas foi sua criação, em 2004, de uma dieta mais densa para os animais, que não apenas melhorou a produtividade, mas também reduze as emissões de metano em 90%.

Além disso, o pasto desempenha um papel importante, onde realiza a fotossíntese e absorve o CO₂ da atmosfera, que contribui para a “descarbonização” local. Solos bem manejados com cobertura vegetal são fundamentais para aumentar a captura de carbono.

Desafios e perspectivas

Apesar dos avanços, a adoção em larga escala de práticas sustentáveis enfrenta desafios econômicos e técnicos. Segundo o zootecnista, um dos maiores desafios é a adesão dos produtores às novas tecnologias e a aceitação dos consumidores. “Convencer os produtores e os consumidores a adotarem essas práticas é essencial para aumentar a produção de carne ecologicamente correta”, destaca Tavares.

Para Fabiano o suporte a essa transição pode vir de políticas públicas que incentivem a sustentabilidade no setor, assim como financiamentos específicos para projetos de pecuária com baixo impacto ambiental. A redução de metano, que persiste por cerca de oito anos na atmosfera, é crucial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. “A utilização de práticas específicas de manejo e dieta pode representar uma alternativa viável para atingir uma produção pecuária mais sustentável”, finaliza.

 

 

 

 

 

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