Você lembra do boom em torno da hidroxicloroquina no início da pandemia? O medicamento, que já era utilizado para tratar malária, lúpus e artrite, ganhou os holofotes como uma possível solução contra a Covid-19. Tudo isso foi impulsionado por um estudo publicado em julho de 2020. Mas agora, o periódico responsável pela divulgação decidiu despublicar o artigo após uma série de irregularidades virem à tona.
A decisão de remover o estudo foi anunciada pelo International Journal of Antimicrobial Agents, que detalhou os problemas em uma nota oficial. Segundo a Elsevier, empresa responsável pela publicação, preocupações éticas e metodológicas foram levantadas, inclusive por três dos próprios autores do artigo.
Entre as questões apontadas estão dúvidas sobre o consentimento dos pacientes participantes e a metodologia empregada, que não seguia padrões considerados éticos e confiáveis para a época.
Além disso, o estudo não conseguiu comprovar se o uso da azitromicina, associada à hidroxicloroquina, era um tratamento padrão no momento da pesquisa. A falta de transparência levantou bandeiras vermelhas em relação à confiabilidade dos resultados apresentados.
Divisão na comunidade médica
A publicação do artigo em 2020 não só impulsionou o uso off-label (fora da bula) da hidroxicloroquina em diversos países, como também gerou intensos debates na comunidade médica. No Brasil e em outros lugares, muitos profissionais começaram a prescrever o medicamento, enquanto outros questionavam sua eficácia e segurança.
Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) manteve uma postura cautelosa, sem recomendar oficialmente a substância. Estudos posteriores associaram o uso da hidroxicloroquina a efeitos adversos graves, como problemas cardíacos e hepáticos.
Quando um artigo é despublicado
A retratação de um estudo científico é uma medida drástica, mas necessária quando erros ou má conduta são identificados. Nesse caso, o artigo recebeu a marca d’água “retracted”, alertando os leitores de que ele não deve ser usado como referência confiável.
Os próprios autores, Dr. Johan Courjon, Prof. Valérie Giordanengo e Dr. Stéphane Honoré, solicitaram a remoção de seus nomes do estudo. Eles declararam preocupações sobre a apresentação e interpretação dos resultados, o que reforçou ainda mais a decisão de despublicação.
*com informações CNN Brasil
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