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Mesmo com o reajuste, salário mínimo terá poder de compra estagnado até 2026

Fatores como fortalecimento do dólar e desvalorização do real impedem que capacidade aquisitiva retorne a patamares pré-pandemia

Mesmo com reajustes acima da inflação, o poder de compra do salário mínimo não deve aumentar ou voltar ao nível pré-pandemia até o final de 2026, indica estudo da consultoria LCA 4intelligence. A remuneração no Brasil passou a ser de R$ 1.518,00 em 2025, valor R$ 106 maior do que o de 2024, e correspondente a um reajuste de 7,5%.

Em novembro de 2024, o salário mínimo tinha o poder de compra de 1,7 cestas básicas, nível em que segue desde outubro de 2020, quando atingiu a média de 1,75, se mantendo nesse patamar desde então. Antes deste período, entre 2010 e 2019, o poder era de, em média, duas cestas.

Fatores como fortalecimento do dólar, desvalorização do real e aumento contínuo da inflação impedem que capacidade aquisitiva retorne a patamares acima da atual “estabilidade”.

Isso ajuda a explicar o mau humor dos brasileiros com a economia, mesmo num cenário de desemprego na mínima histórica e renda em alta, dizem analistas.

Na terça-feira passada (31), uma pesquisa Datafolha mostrou que 61% dos brasileiros acreditam que a economia do país está no caminho errado, ante 32% que consideram a trajetória econômica positiva e 6% que não souberam responder.

O quadro também impõe um desafio ao projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026, num cenário inflacionário que tem penalizado outros mandatários nas urnas — em países como Estados Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul, Portugal e Uruguai, partidos de oposição de diferentes ideologias chegaram ao poder ou conquistaram maioria no Congresso no ano passado.

Pré-pandemia

Para realizar o estudo, o economista Bruno Imaizumi, da LCA 4intelligence, usou a série histórica do valor da cesta básica na cidade de São Paulo produzida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e o salário mínimo vigente.

Ele então projetou as duas séries à frente, a partir da estimativa da LCA para inflação de alimentos em domicílio em 2025 e 2026 e para o reajuste do salário mínimo segundo a nova regra.

Desde 2023, o salário mínimo é corrigido pela soma da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 12 meses até novembro e do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores.

A diferença é que agora há um teto de reajuste de 2,5% acima da inflação, a fim de adequar o crescimento do salário mínimo aos limites de gastos públicos definidos pelo novo arcabouço fiscal.

Desde 1998, início da série histórica da cesta básica do Dieese em São Paulo, até 2010, houve um ganho no poder de compra do brasileiro, mostram os dados.

Passando de um pouco mais de uma cesta básica por salário mínimo para 2,2 cestas básicas em janeiro de 2010.

No período entre 2010 e 2019, melhor momento para o poder de compra do brasileiro, o salário mínimo comprou em média 2,1 cestas básicas. “O que o estudo mostra é que perdemos poder de compra a partir de 2020, quando entra a pandemia e os preços de alimentos ficam muito caros”, observa Imaizumi.

 

 

 

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