Empresários são indiciados por nove crimes após deformarem pacientes em Goiânia; mais de 100 casos seguem em apuração
Casal comandava organização criminosa com dentistas, biomédicos e estoquistas. Pacientes sofreram necrose, infecção e deformações graves após procedimentos ilegais.
A Polícia Civil de Goiás concluiu nesta semana um dos inquéritos mais graves da área da saúde estética em Goiânia. A empresária Karine Gouveia, de 33 anos, e o marido Paulo César Dias, de 43, foram indiciados por nove crimes, após a constatação de que comandavam uma rede clandestina de procedimentos estéticos ilegais que resultaram em deformações irreversíveis em dezenas de pacientes.
Além do casal, mais de dez profissionais de saúde e logística foram indiciados. Ao todo, 30 vítimas já foram formalmente reconhecidas, mas mais de 100 casos seguem em investigação, segundo a Polícia Civil. Os procedimentos eram realizados na clínica KGG Estética Avançada, que operava sem estrutura legal ou sanitária mínima.
Crimes e esquema de atuação
De acordo com o delegado Daniel José de Oliveira, responsável pela investigação, o casal estruturou uma organização criminosa com divisão de tarefas e hierarquia funcional, com foco em lucrar com procedimentos de alto risco, sem qualquer respaldo médico ou científico.
Os crimes atribuídos a Karine e Paulo César incluem:
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Exercício ilegal da medicina
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Lesão corporal gravíssima (28 vezes cada um)
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Falsidade ideológica
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Fraude processual
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Falsificação de produto terapêutico
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Estelionato (28 vezes cada um)
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Propaganda enganosa
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Execução de serviço de alto grau de periculosidade
Segundo a corporação, os procedimentos envolviam injeções de substâncias sem autorização sanitária, como PMMA e óleo de silicone, com alto potencial de causar necrose, infecção, deformações faciais e até risco de morte.