Cartão Uniforme e mudança para o Paço Municipal são as novidades da rede em 2025
Secretária municipal de Educação de Goiânia, Giselle Faria fala sobre os desafios de sua gestão, planeja a mudança da sede e anuncia a criação do Cartão Uniforme
Giselle Faria teve seu nome confirmado como nova secretária municipal de Educação de Goiânia no dia 28 de novembro de 2024. À época, o prefeito Sandro Mabel justificou sua escolha afirmando que a indicada tinha um perfil semelhante ao dele.
“Ela é acelerada como eu e tem a mesma visão que eu tenho, de que as escolas municipais precisam ter gestão.”
A nova titular da Educação na capital tem uma carreira profissional muito ligada à área educacional. Formada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), possui mestrado em Educação pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e se especializou em Psicopedagogia.
Quando recebeu o convite para assumir a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME), ela respondia pela Superintendência de Educação Infantil e de Ensino Fundamental da Secretaria de Estado da Educação (Seduc-GO). À frente desse cargo, Giselle foi imprescindível para a implantação do Programa AlfaMais Goiás, uma iniciativa premiada do governo de Goiás que leva apoio técnico, pedagógico e financeiro aos municípios, com o intuito de colaborar com o processo de alfabetização das crianças na idade certa.
Agora, como secretária municipal de Educação de Goiânia, a pedagoga afirma que uma de suas prioridades será promover avanços na qualidade do ensino ofertado pela prefeitura e ampliar o atendimento à população na rede. Para isso, Giselle tem participado ativamente das discussões que buscam amenizar o déficit de vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis).
Em entrevista ao Caderno Educação do jornal Diário de Aparecida, ela comenta sobre os desafios que tem pela frente e como pretende gerenciar uma das maiores redes municipais de ensino do Estado.
Como a senhora avalia o início da sua gestão?
São mais de 40 dias de trabalho intenso porque temos muitas coisas para resolver. Estamos trabalhando para ampliar e garantir as vagas para as crianças, que é uma das prioridades do prefeito Sandro Mabel. Ele não aceita criança fora da escola na Educação Infantil.
Nós também temos muita coisa guardada em galpões e escolas, que precisamos organizar. Além disso, há muitas licenças médicas de servidores que precisam ser analisadas e avaliadas, e muitos desses casos precisam ser encaminhados para atividades laborais. Existe ainda uma infraestrutura que precisa de ajustes para mantermos a qualidade.
Temos muitos desafios, mas também muita vontade de trabalhar e, no momento, estamos organizando a rede.
No início de janeiro, a rede tinha um déficit de mais de 10 mil vagas nos Cmeis. Logo de início, a prefeitura ampliou a oferta com a criação de 4.500 vagas. Como se deu essa logística?
Às vezes, as pessoas questionam: “Nossa, mas resolveu rápido demais, não é?”
Isso aconteceu porque, na época em que o prefeito ganhou a eleição, ele já tinha uma ideia de como organizar a rede para atender essas vagas. Então, durante a transição, eu já fui trabalhando nisso.
Fizemos uma análise da rede, dos espaços que a secretaria tinha e avaliamos a possibilidade de fazer convênios. Desenhamos um projeto de aquisição de vagas na rede particular e também uma proposta de abrir mais turmas, com a construção de mais salas de aula. Então, tudo isso já estava sendo projetado e, quando a gestão começou, passamos a executar esse planejamento prévio.
Hoje, temos cerca de 4.500 crianças na fila de espera e estamos trabalhando para atender esse público. Com as escolas conveniadas e as novas vagas que conseguimos nas escolas particulares, vamos trabalhar para resolver o problema dessas vagas que faltam.
Além do planejamento, também foi feito um trabalho de reorganização da rede?
Sim. Reorganizamos muitos espaços, reaproveitando salas que estavam sem uso ou subutilizadas.
Faltava uma administração na rede. Por exemplo: havia fila de espera, mas também existiam vagas ociosas. O que faltava era ligar para as famílias que estavam na fila e encaixar essas crianças. Às vezes, a pessoa busca um Cmei perto de casa que não tem vaga, mas há outro um pouco mais distante que tem.
O que fizemos foi esse encaixe das crianças, ampliando o atendimento das demandas. Nossa equipe ligou para mais de mil famílias, e fizemos questão de organizar a rede. Não faz sentido termos uma fila de espera muito grande para um determinado Cmei enquanto outros têm vagas disponíveis.
Agora, onde identificamos uma grande demanda sem instituições de ensino na região, estamos providenciando soluções e até já entramos em contato com escolas particulares para disponibilizar as vagas necessárias. Dessa forma, organizamos a rede e atendemos as crianças.
Como Goiânia está posicionada no cenário de alfabetização no Brasil?
Os resultados do ano passado deram ao município o primeiro lugar. Goiânia recebeu o Selo Ouro do Ministério da Educação, uma premiação para estados e municípios que cumpriram todos os critérios da política pública de alfabetização.
A pandemia de Covid-19 nos colocou em uma situação muito crítica, e o trabalho dos gestores é organizar para resolver esse cenário. Pensando nisso, Goiânia fez toda a lição de casa: promoveu a formação de professores, utilizou material pedagógico, participou de premiações e fez avaliações.
Aliás, todos os municípios do Estado de Goiás ganharam destaque na alfabetização das crianças na idade certa. O governador Ronaldo Caiado já havia desenhado essa política estadual desde 2021, ou seja, muito antes do presidente Lula assumir a gestão atual.
Qual deve ser o perfil de um professor alfabetizador?
Esse profissional tem que ser muito estudioso e observar como as crianças estão no processo de alfabetização. Se for bem mediado, é um processo rápido. Mas, se não for, a criança pode passar dois anos e não ser alfabetizada. O ponto positivo é que temos excelentes professores em nossa rede.
Criação do Cartão Uniforme é uma das novidades na rede
Quais projeções a senhora faz para o futuro da alfabetização em Goiânia?
No ano passado, tivemos um “apagão” de professores na rede municipal. Então, estou preocupada com os resultados dessa avaliação feita no final do ano. Nossa meta é recuperar esses estudantes e reduzir essa defasagem. Na gestão do prefeito Sandro Mabel, nosso foco será sempre a aprendizagem e os resultados. Estamos buscando parcerias para crescer ainda mais.
Sobre a lei de proibição do uso de celulares nas escolas, como a senhora avalia essa medida?
Antes mesmo da lei, já recomendávamos que a escola não é lugar para celular. É um ambiente de aprendizagem, de troca de experiências, de convivência. Agora, com a proibição, essa medida está funcionando. Acredito que será um grande avanço.
A formação inicial dos professores é adequada?
A formação inicial estava muito precária, mas tenho esperança de que isso vai mudar. O governo federal tem dado mais atenção a essa questão.
Hoje, os professores não saem preparados para assumir uma sala de aula, especialmente em um contexto tão complexo como o atual. Na rede municipal, estamos investindo na formação continuada para minimizar esse problema.
Como a rede municipal trabalha a redução de alimentos ultraprocessados na merenda escolar?
Já investimos em uma alimentação mais saudável, com inclusão de frutas e sucos naturais no cardápio. Não permitimos o uso de margarina.
Levamos isso muito a sério porque, muitas vezes, a criança não tem acesso a uma alimentação saudável em casa. Também temos um cuidado especial com o preparo das refeições para incentivar hábitos alimentares mais saudáveis.
Dá para ser otimista quanto à Educação em Goiânia?
Sim! Porque, além da nossa equipe, a sociedade também está engajada. E temos um prefeito preocupado com a Educação.
Vamos vencendo os desafios, um de cada vez. Alguns em curto prazo, outros que exigem mais tempo, mas todos serão superados com trabalho e dedicação.
Teremos novidades para a rede este ano?
Mais para o fim do ano, vamos lançar um cartão no qual as famílias receberão recursos para comprar os uniformes dos alunos. Além disso, a secretaria sairá do aluguel e será transferida para o Paço Municipal, o que permitirá economizar recursos e investir mais na Educação. A previsão para essa mudança é ainda no primeiro semestre deste ano ainda.
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