Cavalhódromo de Pirenópolis começa a ser demolido; custo ultrapassa R$ 2,5 milhões e futuro da arena é incerto
A cidade de Pirenópolis, no interior de Goiás, vive um momento de transformação em seu principal espaço de eventos: o Cavalhódromo, localizado no Centro Histórico, começou a ser demolido no fim de março de 2025, após anos de questionamentos sobre sua estrutura e segurança. O espaço, símbolo da tradicional Festa do Divino Espírito Santo e palco das famosas Cavalhadas, será totalmente desmontado ao custo de R$ 2,5 milhões, segundo informou o governo estadual.
A previsão é que a demolição leve até quatro meses, mas a promessa é de que o local esteja minimamente pronto para receber a próxima edição das Cavalhadas, prevista para junho. O que ainda não foi definido é o projeto de reconstruçãodo espaço: não há orçamento, nem cronograma, o que gera preocupação entre moradores, artistas e promotores culturais da cidade.
Arena histórica será desmontada após 18 anos de uso
Inaugurado em 2006, o Cavalhódromo de Pirenópolis foi concebido para atender à crescente demanda por infraestrutura durante as Cavalhadas, uma das manifestações culturais mais emblemáticas do Brasil Central. A arena também recebia eventos esportivos, shows e atividades culturais, funcionando como equipamento multiuso.
Com 6,9 mil metros quadrados de área construída, o espaço contava com arquibancadas, camarotes, salas de apoio, vestiários, cabines de imprensa, sanitários e as duas torres que simbolizavam a batalha fictícia entre mouros e cristãos — encenada há mais de 200 anos na cidade.
Rachaduras, infiltrações e colunas comprometidas: o início do fim
Desde 2019, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) vinha recebendo denúncias sobre problemas estruturais no local. Um laudo da Codego (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás) apontou rachaduras, infiltrações, colunas com ferragens expostas e concreto deteriorado.
Em 2022, o MP-GO ajuizou ação civil pública pedindo providências. O Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM-GO) também realizou vistoria e identificou risco de colapso nas arquibancadas e passarelas, determinando interdição parcial. Apesar disso, o espaço continuou sendo utilizado com restrições.
Impacto cultural: festa reconhecida como patrimônio imaterial segue sem palco definitivo
As Cavalhadas de Pirenópolis são reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Iphan e mobilizam milhares de turistas todos os anos. A demolição do Cavalhódromo ocorre às vésperas da festa de 2025, marcada para junho, e gera incertezas quanto à realização do evento.
Sem projeto definido de reconstrução, a comunidade teme que a cidade perca um dos últimos espaços públicos dedicados à cultura popular em larga escala. O que será erguido no lugar da estrutura ainda não foi apresentado oficialmente pelas autoridades.
O que diz o governo?
O governo de Goiás informou que a demolição está sendo executada com recursos próprios, após acordo com o Ministério Público, e que avalia propostas de arquitetos e engenheiros para um novo espaço, mais moderno e seguro. Contudo, não há previsão de lançamento de edital nem de início das obras, o que gera apreensão entre os organizadores das Cavalhadas.
Cavalhadas 2025: festa está mantida, mas sob logística alternativa
Apesar da ausência do Cavalhódromo, a Prefeitura de Pirenópolis confirmou que as Cavalhadas de 2025 estão mantidas. A organização estuda realizar o evento em outro espaço aberto da cidade ou montar estrutura provisória para receber o público.
A demolição do Cavalhódromo representa o fim de um ciclo importante na vida cultural de Pirenópolis. Enquanto a população acompanha com expectativa o desfecho da operação, cresce a cobrança por transparência, agilidade e diálogo no processo de reconstrução.