Alta dos combustíveis na BR-101 pressiona transportes e impacta preços em Goiás
Diesel e gasolina registram maiores valores do país na BR-101 em março, e custo logístico reflete na economia goiana
Goiás pode estar distante do litoral, mas sente diretamente os impactos da alta no preço dos combustíveis nas principais rodovias do país. É o que revela o novo levantamento do Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL), que apontou a BR-101 como a rodovia com os combustíveis mais caros do Brasil em março — e os reflexos chegam aos fretes, supermercados e postos goianos.
De acordo com o IPTL, os valores médios na BR-101 chegaram a R$ 6,56 o litro da gasolina, R$ 6,56 para o diesel S-10, R$ 6,48 para o diesel comum e R$ 4,99 para o etanol. Mesmo que a rodovia corte principalmente estados da faixa litorânea, como Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina, o aumento dos preços nessa via estratégica impacta diretamente o custo do transporte de cargas que abastecem o Centro-Oeste, especialmente Goiás, que depende do modal rodoviário.
Transportadoras goianas já sentem o peso no bolso
Com 94% das cargas do estado escoadas por rodovias, segundo dados do IBGE, a variação no preço do diesel em outras regiões do país interfere no valor do frete que chega a Goiás. Para o economista goiano Felipe Ribeiro, consultor de logística e infraestrutura, a pressão sobre os combustíveis fora do estado afeta diretamente o mercado goiano:
“As transportadoras que trazem alimentos, insumos industriais e produtos importados para Goiás via litoral ou Sudeste enfrentam aumentos significativos no trajeto. Esse custo, inevitavelmente, é repassado aos produtos nas prateleiras de Goiânia, Aparecida e outras cidades do estado”, explica.
Ainda segundo Ribeiro, a alta no diesel tem efeito em cadeia: eleva o custo do agronegócio, impacta o preço de hortifrutis e interfere inclusive na inflação regional. “Quando a BR-101 registra valores tão altos, é uma má notícia para todos os estados conectados indiretamente por ela”, conclui.
Comparativo com outras rodovias e impacto para o consumidor
O levantamento da Edenred Ticket Log também revelou os preços em outras importantes rodovias do país. A gasolina mais barata foi encontrada na Presidente Dutra, a R$ 6,30, enquanto o etanol mais acessível esteve na Régis Bittencourt, a R$ 4,46. Já o diesel S-10 mais barato foi detectado na Fernão Dias, a R$ 6,40. Mesmo assim, todas as rodovias registraram aumentos em março.
Em Goiás, os preços seguem elevados. O litro da gasolina em Goiânia, por exemplo, tem sido comercializado por valores entre R$ 6,49 e R$ 6,69, segundo levantamento semanal da ANP. Já o diesel S-10, essencial para o transporte pesado, varia entre R$ 6,39 e R$ 6,65 nos postos da capital — patamares próximos aos da BR-101.
Especialistas alertam: atenção ao peso logístico
Para o engenheiro de transportes Eduardo Ferreira, da UEG, é preciso atenção aos efeitos indiretos do transporte de longa distância. “Goiás está em posição central e estratégica, mas depende fortemente de rodovias que passam por estados onde o combustível está mais caro. Isso pressiona o setor logístico e afeta desde o preço da cesta básica até o valor do frete urbano dentro da capital”, analisa.
O que é o IPTL?
O Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL) é baseado nas transações realizadas em mais de 21 mil postos de combustível no Brasil, envolvendo uma frota gerenciada de 1 milhão de veículos. São cerca de oito transações por segundo, o que garante precisão e amplitude nos dados. O levantamento considera tanto combustíveis comuns quanto aditivados e reflete a realidade de mercado das rodovias e centros urbanos.
Ficha técnica – Preço médio dos combustíveis em março nas principais rodovias:
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BR-101:
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Diesel Comum – R$ 6,48
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Diesel S-10 – R$ 6,56
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Gasolina – R$ 6,56
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Etanol – R$ 4,99
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Presidente Dutra:
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Gasolina – R$ 6,30 (mais barata entre as analisadas)
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Fernão Dias:
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Diesel S-10 – R$ 6,40 (menor valor entre as rodovias)
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Régis Bittencourt:
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Etanol – R$ 4,46 (menor valor entre as rodovias)
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