Pequenas empresas em Goiás podem reduzir até 18% da conta de luz com energia limpa
Uso de fontes renováveis já permite economia significativa em salões de beleza, bares e comércios locais; modelo de contratação é digital e sem instalação de equipamentos
Com o avanço dos custos de energia elétrica, pequenas empresas em Goiás estão buscando alternativas para garantir sustentabilidade financeira e operacional. Segundo dados do Sebrae, até 10% do faturamento de pequenos negócios é consumido apenas com o pagamento da conta de luz. Em um cenário de margens apertadas, essa despesa se tornou crítica — e a energia limpa surge como solução viável e escalável.
Entre os segmentos mais afetados estão os salões de beleza, que operam com alta demanda energética para o funcionamento de lavatórios, secadores e pranchas. Os lavatórios, por exemplo, exigem potência média de 3.300 W a 5.000 W — um número que pode ser duplicado com o uso simultâneo de equipamentos profissionais de secagem e modelagem.
Energia limpa reduz até 80% do consumo em lavatórios
De acordo com o Sebrae, a substituição de sistemas convencionais por energia renovável pode gerar uma economia de até 80% no consumo energético dos lavatórios, especialmente quando a fonte é solar. Essa economia, somada ao modelo de contratação sem necessidade de instalação de placas solares, tem atraído empreendedores preocupados com a eficiência e sustentabilidade.
A empresária Angeli Bonfim, da rede Fast Escova, que possui unidades em Goiás, é uma das adeptas do modelo. Ela contratou o serviço da empresa Serena, que atua com geração distribuída de energia limpa. “O custo da energia em um salão de beleza é muito alto, principalmente porque funcionamos praticamente o dia inteiro com muitos equipamentos ligados”, afirma. Segundo ela, com a economia, foi possível reinvestir no próprio negócio: “A minha intenção sempre foi abrir novas unidades, e agora isso se tornou mais viável”, completa.
O que é a Geração Distribuída?
A alternativa adotada por Angeli é baseada na geração distribuída, um modelo em que o consumidor se associa a uma usina de energia solar ou eólica localizada na mesma região. A energia gerada é injetada na rede elétrica local e convertida em créditos de desconto de até 18% na conta de luz. Todo o processo de contratação ocorre de forma digital, sem obras ou manutenção no local do consumidor.
Energia limpa como alavanca de crescimento
Para o economista e especialista em energia renovável André Cavalcante, a adesão à energia limpa vai além da sustentabilidade ambiental: trata-se de uma decisão estratégica de competitividade. “Pequenas empresas enfrentam muita dificuldade para manter margens de lucro saudáveis em meio à alta dos insumos. Reduzir os custos fixos com energia é uma maneira eficaz de liberar caixa para investimento e crescimento. A energia solar compartilhada tem o diferencial de não exigir capital inicial, o que facilita o acesso”, explica.
Cavalcante destaca que o modelo é especialmente vantajoso em regiões como Goiás, onde há alta incidência solar e boa infraestrutura de distribuição elétrica. “O Estado tem vocação para liderar a adoção da energia limpa entre micro e pequenas empresas. O ambiente regulatório é favorável, e há um ecossistema de empresas especializadas que facilita essa transição”, conclui.
A Serena e o papel das plataformas digitais
Presente no mercado há mais de 16 anos, a Serena se consolidou como uma das líderes globais na oferta de energia solar e eólica para residências e empresas. Com capacidade instalada para abastecer 4,2 milhões de domicílios, a empresa vem expandindo sua atuação em Goiás com foco nos pequenos negócios.
“A Serena oferece uma plataforma digital simples e sem burocracia, que permite a contratação de energia limpa em poucos cliques. Nosso modelo de Geração Distribuída garante economia imediata, sem obras ou instalações. E ainda temos um programa de indicações que permite aos clientes zerarem suas contas, convidando amigos e familiares para fazer parte da Comunidade Serena”, destaca Cícero Lima, diretor de Retail e Marketing da empresa.
Expansão da energia limpa entre pequenos negócios
Segundo levantamento recente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a adesão de micro e pequenas empresas à energia solar cresceu 42% no último ano, puxada por estados do Centro-Oeste e Sudeste. Goiás figura entre os cinco estados com maior volume de adesões, demonstrando o potencial de transformação do setor energético para o desenvolvimento local.
Custos menores, impacto ambiental positivo
Além da vantagem financeira, a adoção da energia limpa representa um passo importante em direção à responsabilidade ambiental e à valorização da imagem da empresa perante os consumidores. Segundo dados da Nielsen, mais de 70% dos consumidores brasileiros afirmam preferir marcas que demonstram compromisso com práticas sustentáveis. Para pequenas empresas, essa percepção pode ser um diferencial competitivo importante.
“A adesão à energia renovável por pequenos negócios é também uma forma de se alinhar às novas exigências do mercado e ao comportamento do consumidor, cada vez mais atento a práticas sustentáveis. Há uma mudança cultural em curso, e os empreendedores que antecipam essa tendência saem na frente”, observa o especialista em ESG (Environmental, Social and Governance), Bruno Ribeiro, da consultoria GreenMark.
Segundo ele, iniciativas de descarbonização, mesmo em pequena escala, podem ser utilizadas pelas empresas em ações de marketing, relacionamento com investidores ou captação de novos públicos. “A geração distribuída permite que até mesmo um pequeno salão de beleza ou um restaurante de bairro se tornem protagonistas da transição energética. É um movimento silencioso, mas extremamente poderoso”, afirma.
Como aderir à energia limpa em Goiás
Para aderir ao sistema de energia limpa por meio da Geração Distribuída, o consumidor deve se cadastrar em uma plataforma autorizada, como a da Serena, que conecta diretamente o consumidor às usinas produtoras de energia renovável. O processo é 100% digital e, após a validação dos dados e da conta de luz, o cliente já começa a receber os créditos de desconto diretamente na fatura da distribuidora local, como a Enel Goiás.
Segundo a Serena, não há necessidade de investimento inicial, nem de obras ou modificações estruturais no imóvel do cliente. Basta ter uma conta de luz ativa em Goiás e consumir, em média, acima de R$ 250 por mês. A economia começa a ser percebida já no segundo ciclo de faturamento após a adesão.
Potencial de expansão e políticas públicas
Especialistas apontam que, com o avanço das tecnologias e a crescente digitalização do setor energético, a Geração Distribuída tende a se tornar cada vez mais popular entre os pequenos empreendedores brasileiros. Contudo, também há desafios a serem superados, como a necessidade de ampliar o acesso à informação e incentivar políticas públicasque facilitem o ingresso de empresas de menor porte nesse modelo.
“O papel dos governos estaduais e municipais é fundamental. Incentivos fiscais, programas de orientação técnica e parcerias com instituições como o Sebrae podem acelerar a democratização da energia limpa no Brasil”, afirma André Cavalcante.
Em Goiás, algumas prefeituras já discutem medidas para apoiar pequenos negócios na transição energética. Em Aparecida de Goiânia, por exemplo, a Câmara Municipal debate um projeto de lei que prevê isenções parciais de ISS para empresas que comprovarem a redução do consumo de energia por meio de fontes renováveis.