Goiás mantém posição entre os maiores produtores de grãos do Brasil e deve colher safra de 38 milhões de toneladas em 2025
Diversificação, clima favorável e tecnologia impulsionam desempenho agrícola goiano, que representa 11,7% da produção nacional de grãos
O estado de Goiás consolidou-se como o terceiro maior produtor de grãos do país, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) divulgado nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa para a safra 2024/2025 é de 38 milhões de toneladas, o que representa 11,7% da produção brasileira, atrás apenas de Mato Grosso (30,9%) e Paraná (13,7%).
O avanço expressivo da produção goiana, que supera a do Rio Grande do Sul (10,1%), é atribuído à combinação de tecnologia no campo, uso eficiente do solo, clima favorável e diversificação agrícola. O cenário, segundo especialistas, reforça a vocação agropecuária do estado e amplia sua competitividade no cenário nacional e internacional.
🌱 Binômio soja-milho e expansão de outras culturas garantem salto produtivo
Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás, Pedro Leonardo Rezende, a projeção positiva da safra reflete uma série de fatores, entre eles a força do binômio soja-milho, que ainda representa a maior parte do volume produzido, mas também a crescente diversificação da matriz agrícola goiana.
“Goiás está ampliando suas áreas agricultáveis a partir da recuperação de pastagens degradadas e incorporando novas culturas, como arroz, trigo e feijão. Isso mostra maturidade técnica e estratégica do nosso setor”, afirmou o secretário ao Jornal Opção.
A soja permanece como principal cultura em área e volume, seguida do milho segunda safra, cultivado logo após a colheita da soja, o que permite ao produtor rural duas safras em um mesmo ciclo agrícola. A estimativa é que só a produção de milho ultrapasse 14 milhões de toneladas, com uma produtividade média recorde de acima de 100 sacas por hectare.
🌦️ Clima favorável em 2025 contrasta com adversidades de 2024
De acordo com o engenheiro agrônomo e gerente técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), Leonardo Machado, o desempenho da safra atual foi impulsionado por condições climáticas mais regulares, especialmente nos meses de março e abril.
“A regularidade das chuvas foi decisiva para o bom desenvolvimento do milho de segunda safra. No ano anterior, enfrentamos problemas sérios de estresse hídrico e temperaturas elevadas entre setembro e novembro, o que comprometeu a produtividade da soja em várias regiões”, explicou.
Com o cenário mais estável em 2025, o índice de produtividade por hectare aumentou e contribuiu diretamente para o crescimento de 14,2% na produção estadual, conforme os dados do próprio IBGE.
🔍 Especialistas apontam vantagens estruturais e estratégicas de Goiás
Para a pesquisadora e doutora em Economia Agrícola pela Esalq-USP, Márcia Vieira, Goiás reúne condições estratégicas que sustentam sua posição entre os líderes nacionais do agronegócio: logística em expansão, clima tropical favorável, políticas públicas de fomento e agricultores altamente tecnificados.
“O estado tem investido em infraestrutura rural, programas de crédito e difusão tecnológica. Isso faz diferença na ponta, reduz perdas, otimiza colheitas e aumenta a renda do produtor”, avalia.
Ela destaca ainda o avanço da agricultura de precisão, com monitoramento via satélite, sensoriamento remoto e uso de inteligência artificial na análise do solo e do clima, tecnologias cada vez mais comuns entre médios e grandes produtores.
📊 Participação regional na produção de grãos no Brasil – 2025
De acordo com o IBGE, a produção brasileira de grãos estimada para 2025 é de 327,6 milhões de toneladas, aumento de 11,9% em relação a 2024. O Centro-Oeste continua sendo o grande motor do agronegócio nacional, com mais da metade da produção de grãos (50,5%). A distribuição regional é a seguinte:
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Centro-Oeste: 50,5%
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Sul: 25,9%
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Sudeste: 9,0%
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Nordeste: 8,7%
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Norte: 5,9%
Ranking por estado:
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Mato Grosso: 30,9%
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Paraná: 13,7%
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Goiás: 11,7%
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Rio Grande do Sul: 10,1%
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Mato Grosso do Sul: 7,6%
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Minas Gerais: 5,6%
🌍 Impactos econômicos e perspectivas para exportações
Segundo o economista agroindustrial Rafael Lisboa, o desempenho de Goiás terá reflexos diretos na balança comercial do agronegócio brasileiro, especialmente no segmento de commodities como milho e soja.
“A expectativa é de aumento nas exportações, principalmente para China, Irã e países da Europa Oriental, que ampliaram suas compras de milho brasileiro. Goiás se beneficia diretamente disso por sua posição logística estratégica e capacidade de escoamento para os portos do Sudeste e Norte”, explica Lisboa.
Ele também projeta impactos positivos na renda rural, geração de empregos e arrecadação estadual, em função do bom desempenho da safra.
🚜 Diversificação é aposta para futuro sustentável
Além da produção em larga escala de grãos, o estado investe em cadeias produtivas alternativas, como o trigo irrigado, o feijão-caupi, a agroecologia e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que reduzem a pressão sobre o solo e garantem resiliência econômica e ambiental.
“A diversificação é o caminho para uma agropecuária sustentável e adaptada às mudanças climáticas. Goiás está dando passos importantes nessa direção”, ressalta Márcia Vieira.