Caiado intensifica pré-campanha presidencial com agendas em Minas, SP e Sergipe
Governador de Goiás aposta na gestão estadual como vitrine nacional e tenta consolidar nome único da direita para 2026
Em movimento estratégico para fortalecer sua presença no cenário nacional, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), desembarca neste fim de semana em Minas Gerais para dar continuidade ao roteiro de viagens que integram sua pré-campanha à Presidência da República. A agenda faz parte do esforço para consolidar o nome de Caiado como principal representante da direita tradicional nas eleições de 2026.
Após o lançamento oficial da pré-candidatura no último dia 4, durante evento político na Bahia, Caiado tem buscado ampliar sua exposição nacional por meio de visitas a estados considerados decisivos no xadrez eleitoral. Os próximos destinos confirmados da caravana serão São Paulo e Sergipe.
“Goiás é exemplo, queremos mostrar isso ao Brasil”, afirma Caiado
Aos aliados, Caiado tem repetido que pretende levar os “índices de referência do Estado de Goiás” para o debate nacional. A estratégia do governador é usar o desempenho fiscal, a estabilidade administrativa e os investimentos em segurança pública e infraestrutura como vitrines da sua gestão estadual.
“Nosso estado hoje é referência em gestão, geração de empregos, equilíbrio fiscal e segurança. Goiás cresceu mesmo diante das dificuldades. E isso é fruto de uma gestão séria, com responsabilidade e coragem. O Brasil precisa disso”, declarou o governador, em evento recente em Aparecida de Goiânia.
Com base em dados da Secretaria de Economia de Goiás, o estado fechou 2024 com superávit primário de R$ 3,4 bilhões, crescimento de 5,2% no PIB e recorde de investimentos públicos, com destaque para os setores de saúde, segurança e rodovias.
Em Minas e SP, Caiado mira alianças com prefeitos e conservadores
A visita a Minas Gerais tem como objetivo ampliar pontes com prefeitos, parlamentares e lideranças do interior, sobretudo em regiões que tradicionalmente votam com o campo conservador. O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), também é citado como possível presidenciável, o que torna o encontro politicamente sensível.
Já em São Paulo, o diálogo com o entorno do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) será um teste de força. Tarcísio, apadrinhado do ex-presidente Jair Bolsonaro, aparece nas pesquisas como nome competitivo, mas ainda sem estrutura partidária definida.
Caiado, por sua vez, tenta se posicionar como alternativa viável dentro da direita, sem a dependência direta do bolsonarismo. Embora tenha mantido pontes com parte da base bolsonarista, o goiano aposta em um discurso mais institucional e técnico, e articula apoio de setores evangélicos, ruralistas e empresários.
União Brasil e articulação nacional
Internamente, o União Brasil vê em Caiado a chance de fortalecer o partido em nível federal. Segundo interlocutores, a direção nacional da sigla deve formalizar o apoio à pré-campanha até o segundo semestre deste ano, com possibilidade de costurar alianças com MDB, PSD e setores do PP.
A pré-campanha conta com estrutura de comunicação própria, redes sociais ativas, viagens temáticas e produção de materiais voltados a pautas específicas como agronegócio, segurança pública e liberdade econômica.
Avaliação de especialistas
Para analistas políticos, a movimentação de Caiado indica uma tentativa de preencher o vácuo deixado pela polarização excessiva entre bolsonarismo e lulismo. Com discurso conservador, mas com apelo moderado e institucional, ele busca atrair eleitores de centro-direita que se sentem órfãos de representatividade no debate atual.
“Caiado tenta ocupar um espaço que hoje é difuso: o da direita liberal, responsável, com base em resultados e não só em retórica ideológica. O desafio é mostrar viabilidade eleitoral sem depender do apelo de massa de figuras como Bolsonaro”, avalia um cientista político ouvido pela reportagem.
Projeção nacional
A pré-candidatura de Ronaldo Caiado deve intensificar nas próximas semanas a presença em estados do Sul e Nordeste, com foco em regiões metropolitanas e redutos conservadores. A expectativa é que, até julho, o governador visite ao menos 15 estados brasileiros, construindo palanques locais e alianças com lideranças regionais.