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Desemprego entre jovens brasileiros é mais que o dobro da taxa entre adultos, revela IBGE

Apenas 38,5% dos jovens entre 18 e 29 anos estavam empregados no fim de 2024, contra 75,6% entre adultos de 30 a 59 anos; especialista aponta caminhos para reverter o cenário

Apesar da leve melhora nos índices gerais de emprego no Brasil, o mercado de trabalho continua hostil para os jovens. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no último trimestre de 2024, menos de 4 em cada 10 brasileiros de 18 a 29 anos estavam empregados. A taxa, de 38,5%, é mais que o dobro da registrada entre adultos de 30 a 59 anos, que alcançaram 75,6% de ocupação.


Desigualdade etária expõe barreiras estruturais

A diferença entre as faixas etárias revela obstáculos que vão além do ciclo econômico. Segundo especialistas, os jovens enfrentam um conjunto de barreiras estruturais, como a falta de experiência prévia, baixa qualificação técnica e a crescente informalidade, que dificulta a entrada no mercado formal.

— O jovem brasileiro sofre um efeito dominó. Sem experiência, não consegue a vaga. Sem a vaga, não adquire experiência. Esse ciclo precisa ser rompido com ações concretas, como qualificação e mentoria — explica o consultor e mentor empresarial André Minucci.


Qualificação é o primeiro passo — mas precisa ser estratégica

Minucci defende que a qualificação deve ir além de diplomas tradicionais. Para ele, o profissional do futuro precisa manter uma rotina constante de atualização.

— O mercado hoje não valoriza apenas um curso técnico ou uma graduação. Ele quer saber se o candidato está acompanhando as tendências do setor, se domina novas ferramentas e se tem uma visão prática da profissão — pontua.

Essa exigência está diretamente ligada à dinâmica cada vez mais digital do mercado de trabalho. Plataformas de produtividade, inteligência artificial, análise de dados e automação já são requisitos para vagas em áreas administrativas, criativas e até operacionais.


Experiência não convencional também conta

Apesar das dificuldades em conquistar a primeira oportunidade, Minucci destaca que o acúmulo de experiências não precisa, necessariamente, seguir um modelo tradicional. Estágios não remunerados, projetos freelancers, iniciativas de empreendedorismo e até o trabalho voluntário agregam valor ao currículo.

— Um jovem que lidera um projeto social, administra uma página nas redes sociais ou atua como freelancer já demonstra habilidades práticas, como gestão de tempo, liderança e autonomia — afirma o especialista.


Soft skills e networking: os trunfos invisíveis

A formação técnica e a experiência prática são importantes, mas não suficientes. Hoje, as empresas valorizam cada vez mais as chamadas soft skills, como comunicação eficaz, empatia, resiliência e capacidade de trabalhar em equipe.

— O profissional ideal é aquele que une capacidade técnica com equilíbrio emocional. Empresas estão priorizando pessoas que saibam ouvir, colaborar e se adaptar — observa Minucci.

Outro ponto de destaque é o networking. Segundo o mentor, construir uma rede de contatos é tão essencial quanto um bom currículo.

— Muitos jovens ainda subestimam o poder das conexões profissionais. Estar presente em eventos, seguir especialistas, interagir no LinkedIn e participar de grupos setoriais pode abrir portas antes inacessíveis — aconselha.


O desafio de gerar inclusão produtiva para uma geração inteira

O elevado desemprego juvenil é um reflexo da desconexão entre a formação oferecida pelas instituições de ensino e as exigências do mundo do trabalho. Especialistas têm apontado a necessidade de políticas públicas voltadas à juventude, com foco em formação técnica de qualidade, incentivos ao primeiro emprego e estímulo ao empreendedorismo.

No entanto, enquanto essas políticas não se consolidam, cabe à própria juventude — com apoio da sociedade civil e de iniciativas privadas — buscar caminhos alternativos para inclusão produtiva. Qualificação contínua, domínio tecnológico, desenvolvimento de habilidades interpessoais e uma rede sólida de apoio profissional são, hoje, os pilares para transformar o desafio do desemprego em oportunidade de crescimento.

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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