Aparecida
Tendência

Atacadistas ganham espaço no carrinho do goiano: 41,8% mudam hábitos diante da alta dos preços

Pesquisa nacional aponta mudanças no consumo em razão da inflação; em Aparecida de Goiânia, moradores relatam cortes até em itens básicos da alimentação

A inflação transformou o cotidiano dos brasileiros e impactou de forma intensa os hábitos de compra. Em Aparecida de Goiânia, município da Região Metropolitana da capital goiana, o cenário não é diferente. Levantamento nacional da Brazil Panels Consultoria, em parceria com a Behavior Insights, mostra que 41,8% dos consumidores passaram a fazer compras em atacadistas como forma de driblar os preços altos, especialmente de alimentos.

A pesquisa, realizada entre os dias 11 e 23 de março de 2025, ouviu 1.056 pessoas em todas as regiões do país e revela que 95,1% perceberam aumento no custo de vida. Para 97,2% dos entrevistados, os preços dos alimentos subiram de forma acelerada no último ano.

Consumo modificado: menos carne, menos café, menos mesa cheia

Moradora do Setor Garavelo, a atendente Jussara Ribeiro, de 42 anos, diz que as compras da família mudaram radicalmente em 2025.

“A gente deixou de comprar carne vermelha. Só frango quando está em promoção. Arroz e feijão são semana sim, semana não. Até o café — que sempre foi sagrado aqui em casa — está virando artigo de luxo”, contou ao Diário de Aparecida.

Ela é parte dos 50,5% que cortaram o azeite, dos 46,1% que deixaram a carne bovina fora do carrinho e dos 34,6% que pararam de comprar café, conforme mostra a pesquisa.

Para o economista João Henrique Lopes, professor e consultor em finanças públicas, a migração para atacadistas reflete uma tentativa do consumidor de manter o mínimo de abastecimento doméstico.

“Trata-se de uma reconfiguração forçada pelo aperto orçamentário. Comprar em atacado é uma resposta racional para conter perdas, mas também um sinal de que o varejo tradicional está deixando de ser acessível para a maioria. É um sintoma da desigualdade inflacionária que temos hoje”, analisa.

Estratégias para sobreviver à inflação

Além dos atacadistas, 17,4% dos brasileiros passaram a comprar em mercadinhos de bairro, buscando reduzir a quantidade comprada. Outros 5,2% optaram por feiras livres, e 33,4% mantiveram o local habitual de compras.

Em Aparecida de Goiânia, o técnico em informática Lucas Mesquita, 29 anos, optou por centralizar as compras no setor Campinas, em Goiânia, buscando economia em volume.

“Reúno os pedidos da minha mãe e da sogra e compro no atacado. No fim, a gente divide as quantidades e paga bem menos. Mas mesmo assim, já cortamos muita coisa: queijo, ovos, frutas, leite… tudo isso subiu demais”, conta.

A alimentação foi o setor mais impactado pela inflação, segundo 94,7% dos entrevistados. Os cortes nos itens essenciais indicam um empobrecimento nutricional crescente, com reflexos na saúde pública, avalia Lopes.

O que o brasileiro espera do governo

A pesquisa também identificou as principais medidas esperadas pela população para conter a alta dos preços. A redução de impostos sobre alimentos lidera com 61,6% das menções, seguida por controle de preços (55,6%) e reajuste do salário mínimo (35,6%).

Outras propostas destacadas incluem:

  • Fiscalização contra abusos nos preços (25,4%)

  • Redução de juros (20,7%)

  • Combate ao preço dos combustíveis (17,7%)

“O que mais assusta não é o que já subiu, é o que ainda está por vir”, alerta Claudio Vasques, CEO da Brazil Panels. “A expectativa de inflação acelera a cautela e reduz o consumo. A consequência não se limita ao amanhã — ela já impacta o presente.”

Custo de vida continuará em alta, diz maioria

Segundo o estudo, 65,9% dos brasileiros acreditam que o custo de vida seguirá aumentando nos próximos 12 meses. Outros 23% apostam em alta mais moderada, 8% esperam estabilidade e apenas **3,1% veem possibilidade de redução nos preços.

O temor da continuidade da inflação se soma à queda no poder de compra e ao endividamento das famílias — um cenário que exige, segundo especialistas, ação coordenada entre governo, mercado e sociedade civil para não comprometer ainda mais o consumo básico.

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo