Goiás intensifica vigilância para manter status livre da gripe aviária
Estado prepara novo decreto de emergência zoossanitária e adota medidas preventivas diante da ameaça do vírus H5N1, confirmado no Rio Grande do Sul
Mesmo sem casos registrados de gripe aviária, Goiás reforçou nas últimas semanas a vigilância sanitária sobre a avicultura comercial e de subsistência. A movimentação ocorre após a confirmação do primeiro foco do vírus H5N1 em aves comerciais no Brasil — no Rio Grande do Sul — e diante da prorrogação da emergência zoossanitária nacional por mais 180 dias, anunciada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
O governo estadual prepara agora um novo decreto de emergência, que deve ser publicado nos próximos dias. A norma permitirá resposta mais rápida em caso de detecção do vírus, além de facilitar a mobilização de recursos técnicos e financeiros. A medida também reforça a articulação entre o poder público e o setor produtivo para evitar a entrada da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) no território goiano.
“Mesmo fora da vigência do decreto anterior, que esteve em vigor até janeiro de 2024, mantivemos ações contínuas de vigilância. O novo decreto reafirma o compromisso de Goiás com a saúde animal e com a segurança do nosso setor produtivo”, afirmou José Ricardo Caixeta Ramos, presidente da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa).
Monitoramento em campo e treinamento técnico
Desde 2023, as equipes da Agrodefesa atuam em estado de alerta. As ações incluem monitoramento em granjas comerciais, criações de fundo de quintal e áreas de circulação de aves migratórias. Também foram intensificadas as fiscalizações em estabelecimentos que vendem aves vivas e adotadas novas regras de biosseguridade em unidades produtivas.
Além disso, técnicos e servidores da agência passaram por capacitações voltadas à identificação precoce de sintomas e resposta imediata em casos suspeitos. Segundo o diretor de Defesa Agropecuária da Agrodefesa, Rafael Vieira, o Estado está preparado para reagir de forma ágil. “Temos um plano de contingência atualizado, protocolos bem definidos e um corpo técnico pronto para conter e erradicar eventuais focos”, disse.
A orientação a produtores, veterinários e demais integrantes da cadeia avícola também foi reforçada por meio de campanhas educativas. As comunicações detalham sintomas da doença, riscos de contágio e canais de denúncia.
Setor estratégico e risco econômico
Goiás é o quarto maior produtor de aves do país, com polos relevantes em Itaberaí e Rio Verde. O setor avícola goiano gera mais de 240 mil empregos diretos e tem peso significativo na pauta de exportações do agronegócio estadual.
A manutenção do status livre da gripe aviária é considerada essencial para a preservação da credibilidade do Estado perante mercados internacionais, sobretudo após a detecção do vírus no Rio Grande do Sul. “O mundo acompanha com atenção. Nossa responsabilidade sanitária define a capacidade de Goiás em continuar exportando com segurança e regularidade”, afirmou José Ricardo.
Riscos para saúde humana são baixos, mas alerta continua
Embora rara, a transmissão do vírus H5N1 para humanos pode ocorrer em situações de contato direto e prolongado com aves infectadas. A gerente de Sanidade Animal da Agrodefesa, Denise Toledo, ressalta que não há risco de contaminação por meio do consumo de carne ou ovos.
“É fundamental que todos estejam atentos, não apenas os produtores. Aves migratórias podem ser vetores silenciosos. A vigilância comunitária é uma das barreiras mais eficazes para impedir a entrada da doença”, alertou.
A população é orientada a comunicar imediatamente qualquer suspeita. Sinais clínicos da gripe aviária incluem tosse, espirros, lesões hemorrágicas nas pernas, inchaço nas juntas, perda de coordenação motora e queda brusca na produção de ovos. As notificações podem ser feitas pelo sistema e-Sisbravet, disponível no site da Agrodefesa, ou pelo telefone/WhatsApp (62) 98164-1128.