Um painel digital com dados de desempenho escolar de cerca de 600 mil estudantes da rede estadual foi lançado nesta segunda-feira (19) em Goiânia. A ferramenta compila indicadores como notas, frequência e evolução do rendimento desde 2018. O sistema está integrado ao aplicativo da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e permite que pais, alunos e gestores acompanhem os resultados em tempo real.
O lançamento ocorreu no mesmo dia em que foi entregue a reforma da sede da Seduc, obra que recebeu R$ 18 milhões em investimentos públicos, somando revitalização de 13 blocos, novos espaços administrativos e infraestrutura de energia solar.
O painel digital é uma das apostas da secretaria para modernizar a gestão da aprendizagem e fundamentar decisões pedagógicas com base em evidências. A ferramenta também pode ser usada por professores para acompanhar o desempenho individualizado dos estudantes e identificar defasagens de aprendizagem.
Apesar do lançamento, não há previsão de divulgação pública dos dados agregados por escola ou região. O acesso será restrito a usuários cadastrados, mediante autenticação no aplicativo oficial.
A secretária de Educação, Fátima Gavioli, afirma que o painel deve ser usado como instrumento técnico e que as escolas terão autonomia para propor intervenções com base nos dados.
Infraestrutura e crítica de prioridades
A obra da sede da Seduc, iniciada em 2023, incluiu a recuperação de auditório, banheiros, refeitório, estacionamento, espaço de descompressão, academia e instalação de sistema fotovoltaico. Segundo a secretaria, o espaço será utilizado como centro de formação e articulação pedagógica para coordenadores e professores.
Nos bastidores, educadores ouvidos pela reportagem avaliam que o investimento em estrutura administrativa precisa ser acompanhado de ações mais amplas nas escolas da rede, especialmente no interior do estado. Levantamentos anteriores da própria Seduc apontam que cerca de 30% das unidades escolares em Goiás ainda enfrentam problemas estruturais, como falta de laboratórios, bibliotecas e quadras cobertas.
Especialistas em gestão educacional veem com bons olhos o uso de dados, mas alertam que a eficácia depende da capacidade da rede em transformar diagnósticos em política pedagógica efetiva. “Um painel pode mostrar onde estão as dificuldades, mas isso não resolve por si só a falta de professores ou a rotatividade alta em áreas vulneráveis”, afirma a pesquisadora Luciana de Oliveira, da ONG Todos pela Educação.