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Goiás registra quase 800 casos de estupro de vulnerável nos quatro primeiros meses de 2025

Dados chocam em pleno Maio Laranja, mês de conscientização contra o abuso sexual infantil; especialistas defendem enfrentamento articulado e apoio institucional contínuo às vítimas

A cada hora, aproximadamente 13 meninas são violentadas no estado de Goiás. O dado alarmante — retirado do Atlas da Violência 2025, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública — ecoa com força brutal neste mês de maio, quando o país inteiro volta seus olhos para a proteção da infância e da adolescência.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), 793 casos de estupro de vulnerável foram registrados no estado apenas entre janeiro e abril deste ano. No mesmo período, também foram contabilizadas 458 notificações de maus-tratos e 162 ocorrências de importunação sexual.

O levantamento preocupa autoridades e especialistas em proteção à infância. Para a juíza Célia Lara, coordenadora da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), os dados escancaram uma realidade que muitas vezes se esconde atrás dos muros de casa. “O Maio Laranja é um chamado à responsabilidade coletiva. O silêncio não pode proteger o agressor. A proteção das crianças e adolescentes é dever de todos nós”, afirma.

A violência tem CEP, cor e gênero

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, entre 2022 e 2023, mais de 6.200 casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes foram registrados em Goiás. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) estima que 90% das vítimas são meninas e que 80% dos abusos acontecem no ambiente doméstico, cometidos por parentes ou pessoas próximas da família.

É um padrão que se repete: o agressor não é um estranho escondido no escuro, mas alguém conhecido e muitas vezes protegido por uma rede de silêncio e omissão”, alerta a psicóloga e perita judicial Fernanda Tavares, especialista em trauma infantil. “Quando o abuso ocorre dentro de casa, a denúncia é mais difícil. Muitas vítimas são desacreditadas, ou mesmo silenciadas pelos próprios familiares.”

Respostas institucionais e o papel da Justiça

Diante da escalada de notificações, o Tribunal de Justiça de Goiás anunciou o reforço das ações de combate à violência sexual infantil por meio da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ). As atividades incluem a distribuição de materiais educativos, campanhas informativas nas escolas e a capacitação de servidores do Judiciário e da rede de proteção.

Além disso, a Justiça aposta na ampliação de instrumentos jurídicos de acolhimento como a escuta especializada e o depoimento especial — mecanismos previstos na Lei nº 13.431/17, que garantem que a vítima seja ouvida de forma protegida, sem revitimização.

É fundamental que o sistema de justiça se atualize constantemente para acolher essas crianças e adolescentes com humanidade, técnica e respeito. Nenhuma vítima deve ser tratada como ré”, reforça Célia Lara.

O que fazer diante de suspeitas

A população pode denunciar casos de violência sexual contra crianças e adolescentes pelos seguintes canais:

📞 Disque 100 (nacional e anônimo)
📱 190 (Polícia Militar)
🏛️ Conselho Tutelar mais próximo
👮 Delegacias Especializadas da Polícia Civil (PCGO)

Maio Laranja: o mês da escuta e da proteção

O dia 18 de maio — instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentestem sido o marco para ações educativas em todo o Brasil. Em Goiás, escolas públicas, unidades de saúde, conselhos tutelares e órgãos da Justiça promovem uma série de atividades para alertar sobre o tema.

O abuso infantil não tem classe social. O que o diferencia é o acesso à informação, à denúncia e à proteção”, pontua Fernanda Tavares. Para ela, o desafio maior é romper o silêncio cultural que normaliza a violência. “A prevenção começa quando ensinamos que o corpo da criança tem dono — e que esse dono é ela mesma.”

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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