No próximo dia 31 de maio, o Dia Mundial sem Tabaco será marcado por um alerta urgente: o crescimento no uso de cigarros eletrônicos entre jovens goianos. De acordo com levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), 13,1% da população do estado é fumante — acima da média nacional, de 9%. Já entre os jovens de 18 a 24 anos, o uso de vapes atinge 16%, revelando uma nova porta de entrada para o vício.
Segundo o pneumologista Matheus Rabahi, do Hospital Mater Dei Goiânia, o cigarro tradicional continua sendo um dos principais causadores de doenças graves, mas os dispositivos eletrônicos surgem como ameaça adicional. “O visual moderno e os sabores atrativos enganam. Muitos desses aparelhos possuem ainda mais nicotina que o cigarro comum e são altamente tóxicos para o pulmão”, afirma.
Vapor tóxico
Chamados de vapes ou pods, os cigarros eletrônicos têm conquistado o público jovem com a promessa enganosa de serem menos prejudiciais. Contudo, estudos já apontam que o uso desses dispositivos está relacionado a inflamações nas vias aéreas, danos pulmonares e ao surgimento precoce da dependência química.
“O apelo visual somado à falsa sensação de segurança está criando uma nova geração de dependentes químicos”, alerta Rabahi. “Muitos começam a usar antes dos 18 anos e já chegam à vida adulta com sequelas pulmonares graves.”
Ainda segundo a SES-GO, 4,6% da população total afirma utilizar dispositivos eletrônicos para fumar. A pesquisa ouviu por telefone mais de cinco mil adultos goianos entre janeiro e abril de 2023.
Doenças invisíveis
O tabagismo, em suas diversas formas, pode causar cerca de 50 enfermidades, incluindo doenças cardiovasculares, respiratórias e vários tipos de câncer, como os de pulmão, boca, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim e bexiga.
Entre os diagnósticos mais graves está a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), uma condição irreversível que dificulta a respiração e reduz a qualidade de vida. Ela inclui bronquite crônica e enfisema pulmonar e tem como principal causa a exposição contínua à fumaça — ativa ou passiva. “É uma doença silenciosa, que avança com o tempo e só costuma ser detectada quando já está em estágio crítico”, explica o médico.
Além disso, o cigarro afeta a saúde bucal (com mau hálito, escurecimento dos dentes e câncer de boca), acelera o envelhecimento da pele, enfraquece o sistema imunológico e provoca perda de paladar.
Fumante passivo também adoece
A fumaça atinge até quem não fuma. Estar próximo de fumantes pode aumentar em até 30% o risco de câncer de pulmão em pessoas que nunca acenderam um cigarro. Doenças cardíacas, agravamento de asma e infecções respiratórias também estão entre as consequências mais recorrentes em fumantes passivos, especialmente em crianças.
Parar vale a pena
A boa notícia é que a cessação do tabagismo traz benefícios imediatos. Em apenas 20 minutos sem fumar, a pressão arterial começa a normalizar. Após 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue se estabiliza. Em poucas semanas, há melhora na respiração e no funcionamento do sistema circulatório.
“Parar de fumar é uma decisão que muda vidas. E nunca é tarde. Mesmo pessoas com mais idade podem experimentar um salto na qualidade de vida e na disposição”, reforça Rabahi. O apoio médico, terapêutico e psicológico é essencial para garantir o sucesso nesse processo.
A orientação do especialista é que quem deseja deixar o vício procure ajuda especializada e, se possível, participe de grupos de apoio. O Hospital Mater Dei Goiânia mantém atendimento voltado à saúde respiratória e acolhe pacientes interessados em iniciar esse processo.
SERVIÇO
Tema: Os riscos do cigarro eletrônico e os perigos do tabagismo tradicional
Fonte: Dr. Matheus Rabahi, pneumologista do Hospital Mater Dei Goiânia
Local: Hospital Mater Dei Goiânia (antigo Hospital Premium)
Endereço: Av. T-4, nº 1445, Setor Bueno, Goiânia – GO