Uma taça por dia pode salvar seu coração? Entenda o que a ciência diz sobre vinho, saúde e riscos
Rico em antioxidantes, o vinho tinto tem compostos que beneficiam o coração, mas os danos do álcool exigem cautela. Especialistas explicam limites e riscos.
Consumido há milhares de anos, o vinho ocupa um espaço entre prazer, tradição e saúde. Mas, afinal, tomar uma taça de vinho por dia faz bem ou mal? A resposta, segundo especialistas, não é tão simples.
De acordo com a nutricionista Dayanne Maynard, professora de Nutrição do Centro Universitário de Brasília (CEUB), o vinho tinto contém compostos com propriedades antioxidantes, como os polifenóis, especialmente o resveratrol. Essas substâncias ajudam a combater os radicais livres, associados ao envelhecimento celular e ao desenvolvimento de doenças crônicas.
— “Estudos apontam que o consumo moderado de vinho pode beneficiar a saúde cardiovascular, aumentando os níveis de HDL, conhecido como colesterol bom, que auxilia na eliminação do LDL, o colesterol ruim,” explica a nutricionista. O acúmulo de LDL nas artérias é fator de risco para infartos e AVC.
Além dos antioxidantes, o vinho também oferece quantidades modestas de vitaminas do complexo B, ferro, potássio e magnésio. No entanto, carrega um componente que exige cautela: o álcool.
Cada grama de álcool fornece cerca de 7 kcal, o que significa que, além dos possíveis riscos à saúde, há impacto também no controle de peso. — “Quando inserido de forma equilibrada na alimentação, o vinho pode ter efeito benéfico: uma taça por dia para mulheres e até duas para homens. Mas, em excesso, os danos superam qualquer possível benefício. Estamos falando de riscos como doenças hepáticas, neurológicas, desenvolvimento de dependência e maior incidência de câncer,” alerta Dayanne.
Nenhuma dose de álcool é isenta de risco
Apesar dos efeitos positivos atribuídos ao vinho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem posição clara: não existe quantidade segura de consumo de álcool. A entidade não recomenda nenhuma bebida alcoólica como estratégia de promoção da saúde.
Para quem não consome álcool ou tem restrições médicas, a nutricionista destaca que os benefícios dos antioxidantes podem ser obtidos de outras formas. — “O resveratrol e outros compostos estão presentes em uvas, frutas vermelhas e no suco de uva integral. Essas são alternativas seguras para obter os mesmos efeitos protetores sem os riscos associados ao álcool,” explica.
Na prática, o vinho pode, sim, fazer parte de uma alimentação equilibrada — desde que consumido com moderação e responsabilidade. — “O limite entre remédio e veneno é a dose. Isso vale para o vinho e para qualquer outro alimento ou hábito,” conclui a especialista.