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Festival Italiano de Nova Veneza impulsiona economia e conecta campo, comércio e turismo

Evento deve atrair 132 mil visitantes e movimenta desde produtores rurais até setores de hotelaria, serviços e comércio local

O Festival Italiano de Nova Veneza, em Goiás, chega à edição de 2025 consolidado como uma das maiores expressões culturais e econômicas do interior brasileiro. Com expectativa de receber 132 mil visitantes em quatro dias — alta de 10% em relação a 2024 —, o evento provoca uma verdadeira transformação na rotina da cidade, que tem pouco mais de 10 mil habitantes.

O impacto econômico começa no campo e se espalha por toda a cadeia produtiva. Segundo estimativa da prefeitura, um em cada três moradores trabalha diretamente na festa, ocupando funções nos estandes, na gastronomia, na segurança, no transporte ou no atendimento ao público.

— A festa funciona como um 14º salário para quem participa. Movimenta o setor rural, o comércio, os serviços e a cidade inteira. É um efeito que permanece muito além dos quatro dias — resume o prefeito Valdemar Batista Costa.

Ao todo, são 90 estandes, três restaurantes e uma estrutura que mobiliza centenas de profissionais. Apenas a Cantina da Nonna, restaurante símbolo do festival, estima servir 15 mil pratos, exigindo uma logística robusta e antecipada.

Demanda que começa no campo

Meses antes do início da festa, a economia local já sente os efeitos. Produtores como Roberto Pereira de Siqueira, responsável pelo fornecimento de manjericão, precisam reorganizar sua rotina produtiva. “São mais de mil pés de manjericão plantados especificamente para o evento. O cultivo precisa ser programado com pelo menos 50 dias de antecedência”, explica.

O mesmo ocorre com os irmãos Rodrigo e Emanoel Leles, que cultivam tomate em Santa Bárbara. Eles entregam cerca de 60 quilos de tomate cereja para abastecer os restaurantes do festival. “É uma honra fazer parte de algo que virou referência regional”, comenta Rodrigo.

No setor de carnes, o reflexo é semelhante. Luan Amaral, da Vitória Carnes, registra aumento de 20% a 30% nas vendas no período. “O festival antecipa abates e reorganiza completamente nosso calendário produtivo”, afirma. Já Danilo Loures, da Casa de Carnes Dois Irmãos, destaca o desafio de encontrar mão de obra extra. “A estrutura dá conta, mas o mercado está enxuto. A procura por trabalhadores temporários aumentou muito.”

Só para a Cantina da Nonna, foram necessários 25 vacas, 2,5 mil quilos de filé de frango e mais de 3 toneladas de massas. A equipe também precisou ser reforçada: 100 cozinheiras e 250 profissionais de apoio, entre atendentes, equipe de limpeza e logística.

Hotelaria opera no limite e projeta expansão

O setor de hospedagem também opera com lotação máxima. Enéas Amaral, proprietário do Hotel Amaral, conta que, mesmo após a expansão feita em 2019 — quando dobrou a capacidade —, a demanda segue acima da oferta. “Abrimos reservas em abril e já tínhamos 50% dos quartos ocupados, além de lista de espera”, relata.

Com duas unidades, totalizando 80 apartamentos, o empresário estuda a abertura de uma terceira unidade. “A cidade é segura, bem localizada e o festival já virou um marco regional. Muita gente prefere se hospedar aqui pela comodidade e pela tranquilidade depois da festa”, diz.

Festa que movimenta, qualifica e fideliza o turismo

O perfil dos turistas também mudou. Se antes o público era majoritariamente regional, hoje o evento atrai visitantes de outros estados, especialmente de Minas Gerais, Distrito Federal e São Paulo. Para atender essa nova demanda, a organização anunciou inovações como cardápio digital, melhorias na estrutura de banheiros e estacionamento gratuito.

— O festival não é só uma festa. É um motor econômico que integra campo e cidade, gera emprego, aquece o turismo e movimenta toda a economia local — reforça o prefeito Valdemar Costa.

Além do impacto direto na geração de renda, o festival contribui para projetar Nova Veneza como destino turístico permanente. Dados da prefeitura mostram que, após o evento, o fluxo de visitantes na cidade aumenta em até 18% nos meses seguintes, impulsionando o comércio local e estimulando investimentos.

Para 2025, a expectativa é repetir — e ampliar — esse ciclo virtuoso, que começa na produção agrícola, passa pelas cozinhas e chega até a ocupação dos hotéis, o giro no comércio e na prestação de serviços.

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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