O Ministério das Relações Exteriores reiterou, nesta segunda-feira (16), o alerta consular que desaconselha viagens não essenciais de brasileiros a Israel. A recomendação está em vigor desde outubro de 2023, quando a Embaixada do Brasil em Tel Aviv orientou que os brasileiros deixassem o território israelense diante da escalada do conflito com o grupo Hamas.
A orientação foi emitida dias após o ataque do Hamas, que resultou na morte e sequestro de civis — inclusive estrangeiros. Desde então, a resposta militar de Israel tem devastado a Faixa de Gaza, provocando milhares de mortes, incluindo de mulheres e crianças. Em meio à crise, ao menos 1.413 brasileiros e familiares de outras nacionalidades foram repatriados com apoio do governo federal.
Apesar da recomendação vigente, dois grupos de gestores públicos, municipais e estaduais, desembarcaram recentemente em Israel para participar de uma feira de tecnologia e segurança, a convite do governo local. Segundo o Itamaraty, a viagem ocorreu “a despeito” do alerta consular.
Na última sexta-feira (13), os integrantes das comitivas foram surpreendidos pelo agravamento do cenário, com o ataque aéreo de Israel ao Irã, que respondeu lançando mísseis contra Tel Aviv e Jerusalém. Em decorrência dos bombardeios, o espaço aéreo israelense foi fechado, suspendendo as operações no aeroporto internacional de Tel Aviv e impossibilitando o retorno imediato dos brasileiros.
O Itamaraty informou que, com o fechamento do espaço aéreo, os grupos aguardam providências para retornar ao Brasil. Um dos grupos conseguiu deixar Israel por via terrestre e cruzar a fronteira com a Jordânia em segurança. A expectativa é que embarquem em um voo particular, com escala na Arábia Saudita, até o Brasil.
Entre os gestores que integram esse primeiro grupo estão:
- Álvaro Damião, prefeito de Belo Horizonte (MG);
- Márcio Lobato, secretário de Segurança Pública de Belo Horizonte;
- Welberth Porto, prefeito de Macaé (RJ);
- Johnny Maycon, prefeito de Nova Friburgo (RJ);
- Cícero de Lucena, prefeito de João Pessoa (PB);
- Janete Aparecida, vice-prefeita de Divinópolis (MG);
- Flávio Guimarães, vereador do Rio de Janeiro (RJ);
- Gilson Chagas, secretário de Segurança de Niterói (RJ);
- Francisco Vagner, secretário de Planejamento de Natal (RN);
- Davi de Matos, diretor-executivo do Civitas, no Rio de Janeiro.
Segundo o Itamaraty, outras 27 autoridades brasileiras permaneciam em Israel até o início da tarde desta segunda-feira. O governo israelense propôs que esses gestores também deixem o país por via terrestre nos próximos dias, com possibilidade de retorno ao Brasil em voos comerciais a partir da Jordânia.
O Itamaraty afirmou que a Embaixada do Brasil em Tel Aviv segue atuando em articulação com autoridades israelenses e jordanianas para garantir a segurança e a evacuação dos brasileiros. “O governo brasileiro acompanha com atenção a situação de seus nacionais que se encontram em Israel, incluídos, além de binacionais e turistas, autoridades integrantes de duas comitivas que cumpriam missão oficial àquele país, a convite do governo israelense”, conclui a nota oficial.
