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Em menos de 80 dias, Rogério Cruz e MDB já entram em rota de colisão

Helton Lenine

Menos de 80 dias após 1º janeiro, quando tomou posse no cargo de prefeito de Goiânia, como a internação e depois morte de Maguito Vilela, vítima do novo coronavírus, Rogério Cruz já sofre pressões do Republicanos e da Igreja Universal do Reino de Deus para nomear aliados no 1º escalão e, com isso, reduzir os espaços ocupados pelo MDB e pelo presidente do partido Daniel Vilela. Como se sabe, o secretariado municipal de Goiânia foi montado com nomes de emedebistas e aliados, sob inspiração e controle total dos emedebistas liderados por Daniel Vilela.

Mas os cardeais do Republicanos e da Igreja Universal enfim reagiram e já avisaram a Rogério Cruz: querem, sem delongas, substituir os titulares das secretarias de Educação, Governo, Infraestrutura, Comunicação e Planejamento. Os novos nomes, inclusive, já estão sobre a mesa do prefeito.

No meio político, já se previa que, mais cedo ou mais tarde, Rogério Cruz, que é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, não teria como se negar a atender o “apetite” por cargos dos líderes evangélicos e dos companheiros de partido. Lembrando: a Igreja Universal tem quadros e tem projeto de poder.

As pressões têm se intensificado nos últimos dias, conta um importante líder político próximo do prefeito Rogério Cruz. Consta que o chefe do Executivo municipal já estaria admitindo, inicialmente a conta-gotas, introduzir as mudanças necessárias na sua equipe de auxiliares até atender totalmente as indicações do partido e da igreja.

Veja os nomes cogitados para deixar o secretariado

O prefeito Rogério Cruz deve ceder às pressões do Republicanos e da Igreja Universal e fazer as duas primeiras mudanças no secretariado ainda neste mês de março. Devem sair Marcelo Ferreira da Costa (Educação) e Kleber Adorno (Cultura), ambos amigos e ex-secretários do ex-prefeito Iris Rezende (MDB).  Marcelo, além de alvo dos pastores evangélicos em uma pasta que tem influência sobre a pauta de costumes em Goiânia, sofre também rejeição junto aos vereadores da base do Executivo na Câmara Municipal.

O secretário de Comunicação, jornalista Bruno Rocha Lima entrou na mira da TV Record, emissora de propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus, que quer para novo titular para a pasta um nome dentro dos seus quadros de carreira. Bruno é indicação pessoal de Daniel Vilela. A indicação da Record e da Universal para a Secom é Dario Valentino, diretor comercial da rede em Goiás.

O prefeito terá maiores dificuldades para substituir o ex-deputado federal Luiz Bittencourt na pasta de Infraestrutura, de quem se aproximou, e ainda Agenor Mariano da pasta de Planejamento, já que o ex-vice-prefeito foi coordenador-geral da campanha de Maguito Vilela.

O ex-presidente da Câmara Municipal, Andrey Azeredo, também está na mira: ele é malvisto pelo Republicanos e pela Igreja Universal, além de acusado de espionar Rogério Cruz 24 horas por dia a serviço de Daniel Vilela e do MDB.

Igreja Universal pressiona para indicar nomes de sua confiança

Rogério Cruz disputou a eleição de 2020 como vice na chapa de Maguito Vilela, indicado como contraponto político diante do fato de que o cabeça de chapa, Maguito Vilela, era católico. Com a morte de Maguito, a 13 de janeiro deste ano, após permanecer 84 dias internado na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, vítima da Covid-19, assumiu a prefeitura sob desconfiança quanto ao seu preparo para o cargo.

O prefeito de Goiânia tem consciência dos problemas que enfrentará caso venha a perder o apoio do MDB, hoje comandado por Daniel Vilela, herdeiro político de Maguito. Nesse sentido, Rogério Cruz parece mostrar que entende as consequências negativas de uma reforma administrativa em Goiânia, principalmente na Câmara Municipal, onde os emedebistas contam com seis de um universo de 35 vereadores e a simpatia de mais um grande número.

Na semana passada, a portas fechadas, no Paço Municipal, o prefeito se encontrou com o deputado federal João Campos, presidente estadual do Republicanos, e com o deputado estadual Jeferson Rodrigues, além de líderes nacionais da Igreja Universal, para discutir a proposta de reforma do secretariado municipal.

Wanderley Tavares, representante de Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos e dirigente do partido no Distrito Federal e Luciano Ribeiro Neto, diretor-geral da Record no DF, que já atuou em Goiás, são os encarregados da cúpula nacional do Republicanos e da Universal para tratar da ocupação de espaço na equipe de Rogério Cruz. 

Piorando as coisas e adicionando mais complicadores para o Paço Municipal, vereadores dos partidos da base de Rogério Cruz cobram do prefeito nomeações de “cabos eleitorais” e suplentes em cargos de 2, 3º e 4º escalões da prefeitura de Goiânia. A reclamação dos vereadores ocorre desde o início do mandato, com destaque para insatisfação sobre falta de aproveitamento dos “companheiros” da campanha eleitoral do ano passado.

Lideranças políticas próximas a Rogério Cruz afirmam que ainda não sabem como o prefeito vai reagir às pressões por reduzir o espaço do MDB no secretariado e atender às demandas da Câmara Municipal. Questionado, ele nega qualquer intenção de mexer de imediato no secretariado, apenas reafirmando que, “quando necessário, trocas ocorrerão, na defesa dos interesses da administração.” (HL)

Deputado federal João Campos de um lado e deputado estadual Jeferson Rodrigues, de outro: aperto em Rogério Cruz

Foto: Divulgação

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