Editorial do Diário de Aparecida: Antes que seja tarde
A prefeitura de Aparecida enveredou por um caminho perigoso ao emitir uma nota oficial, através do Comitê Municipal de Prevenção e Enfrentamento à Covid-19, sugerindo que não vai acompanhar o resto do Estado quanto às medidas de restrição ao funcionamento do comércio, indústria e serviços baixadas através de decreto pelo governador Ronaldo Caiado.
Equivocadamente, o Comitê – que tem composição desequilibrada quanto a representação do município, com maioria de dirigentes de entidades empresariais – disse entender que o polêmico modelo de escalonamento intermitente das atividades econômicas não essenciais produz os mesmos resultados que a estratégia 14 x 14, adotada pelo decreto estadual, que prescreve 14 dias de portas fechadas seguido por 14 dias de abertura e assim sucessivamente, até que a pandemia venha a arrefecer.
Isso não está claro. É mais do que evidente que o prefeito Gustavo Mendanha vem fazendo o possível e o impossível para fugir dos desgastes inerentes a toda e qualquer restrição ao funcionamento de empresas, mesmo quando a justificativa é preservar vidas. Cabe ao chefe do Executivo municipal medir os riscos com cuidado, para que a população aparecidense e das cidades vizinhas não seja exposta gratuitamente aos perigos mortais do novo coronavírus, ao contrário, lançando mão de toda a cautela e cuidados preventivos – o que, do ponto de vista coletivo, é da competência das autoridades municipais.
Não há sentido em que somente Aparecida flexibilize o lockdown, enquanto o resto do Estado segue obedecendo a sua dura e rigorosa inteireza, mesmo porque o município já entrou em situação de calamidade sanitária. É preciso que o prefeito Mendanha acorde para essa realidade, antes que seja tarde mais.