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Afinidade com Caiado revela coerência e sensatez de Cruz

Helton Lenine

Desde o início da pandemia, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), tem se revelado como protagonista no enfrentamento da doença. Ele chegou até a contrair o vírus quando pedia votos ao lado do ex-prefeito Maguito Vilela. Conseguiu se recuperar e voltou para a campanha eleitoral, sendo um dos articuladores do grupo vitorioso.

Novamente, agora no comando do município, após a morte de Maguito, Rogério Cruz não se deixou levar por pressões políticas, revelando personalidade, conhecimento e maturidade. Ao lado de Roberto Naves, prefeito de Anápolis, tem surpreendido no combate ao vírus.

Cruz acaba de adotar para a capital o modelo de funcionamento 14×14 para o comércio, indústria e serviços, em sintonia com o decreto do governador Ronaldo Caiado (DEM) que instituiu o sistema em todo o Estado. O movimento surpreendeu, ao destoar do rumo escolhido pelo prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha (MDB), que ficou sozinho com o rabo de foguete do escalonamento intermitente por regiões, hoje fonte de desgaste para Mendanha.

Não se tratou apenas de uma convergência em matéria de política pública de Saúde entre Cruz e Caiado. As interpretações vão mais adiante e apostam, como desdobramento, em uma aliança para apoiar a reeleição do governador em 2022, assunto que já estava em cogitações.

As falas de Rogério Cruz ao se afinar com o governo do Estado chamaram atenção: “É um desafio grande que precisamos enfrentar de cabeça erguida e contando com o apoio da população de Goiânia e de Goiás. Os leitos de UTI estão começando a faltar nas cidades do interior e temos recebido muitos pacientes dos municípios. Nós somos a capital, estamos recebendo esses pacientes e temos que estar preparados”, disse ele. 

Em outro momento, o prefeito de Goiânia mostrou sensibilidade de líder, o que tem sido raro entre os políticos durante a pandemia: “A população não pode perder a chance de virar o jogo. Igualmente, o setor produtivo, que tanto tem sofrido com a pandemia, sabe que não existe economia saudável com um povo doente.”

Ao mandar o recado para o segmento mais radical de que não se ganha dinheiro com povo doente, ele antecipou seu comportamento de firmeza no combate:  anunciou que seguirá o decreto estadual, e tentará alinhar ações, guardando as especificidades de Goiânia.    

Para o secretário estadual de Governo, Ernesto Roller, é da maior importância a parceria entre o governador Ronaldo Caiado e o prefeito Rogério Cruz no combate à pandemia em Goiânia. “O prefeito mostra espírito republicano diante da necessidade de medidas duras para o enfrentamento à Covid-19. O governo do Estado estará sempre ao lado da prefeitura, e assim, vencermos juntos essa crise na saúde”, prometeu.

Politizar a pandemia só traz prejuízos para a população

Os prefeitos de Aparecida Gustavo Mendanha e de Aparecida Marden Júnior estão sob uma chuva de críticas, acusados de “politizar” a pandemia do novo coronavírus em Goiás. 

Por quê? Ocorre que o decreto de combate à covid-19 do governador Ronaldo Caiado é o mesmo da prefeitura de Goiânia e Anápolis, mas diferente do que foi decidido em Aparecida e Trindade. E uma das suspeitas para esse desencontro é que estejam ocorrendo uma politização das políticas sanitárias, conforme denunciado pelo governador Ronaldo Caiado e por outros prefeitos, como Carlão da Fox, de Goianira.

Carlão da Fox, por exemplo, seguiu o decreto estadual ciente de que é mais difícil mantê-lo, por conta das pressões de empresários que querem manter seus negócios abertos, mas com a consciência de que é o melhor para proteger a população. “Não podemos aproveitar essa situação atrás de ganhos políticos”, disse o prefeito de Goianira. 

As únicas duas cidades que seguem modelo diferente do preconizado pelo decreto estadual têm gestores que fazem oposição ao governador – Marden Júnior, em Trindade, foi eleito pelo grupo do ex-governador Marconi Perillo, e Gustavo Mendanha, integra o MDB, legenda que disputou as eleições contra Caiado, em 2018.

A política decorre da disputa eleitoral de 2022: Mendanha é pré-candidato a governador e Marden Jr é tutelado por Jânio Darrot, outro postulante declarado desde já ao governo do Estado.  

“Não vou trocar vida por voto”, disse Caiado ao anunciar o decreto estadual dias atrás. A frase marcou o momento mais grave da pandemia em Goiás, ao demonstrar que o governador não vai fazer política diante de uma situação tão grave.  

Marden Jr é um político menor, que ganhou a prefeitura de Trindade como indicado do tenebroso padre Robson, a quem a sua esposa assessora. Já Gustavo Mendanha, antes de toda a sua família contrair Covid-19, chegou a gravar vídeos com negacionistas que seguem a cartilha de menosprezar o impacto do vírus na saúde pública.

Nos bastidores, um emedebista de Goiânia diz que se fosse Maguito o prefeito de Aparecida, ainda que na oposição, ele jamais se colocaria contra um decreto de um gestor como Caiado, cujo reconhecimento na medicina é proporcional ao peso que tem na política.

Mestre em cirurgia na França, ex-professor no Rio de Janeiro com produção científica, a autoridade de Caiado na área é inquestionável.  Não é à toa que ele é protagonista nacional no enfrentamento à Covid-19 e líder de governadores nas ásperas discussões com o governo Federal. (H.L.)

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