Aparecida

MDB e Daniel Vilela não apoiam decisão polêmica de Mendanha, que fica sozinho

Da Redação

Nem o MDB nem seu presidente estadual Daniel Vilela nem qualquer outra liderança do partido em Goiás se manifestaram até agora em defesa do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, no momento vivendo um intenso processo de desgaste político diante da insistência em continuar seguindo com o modelo de escalonamento intermitente do comércio, indústria e serviços aparecidenses como estratégia para o enfrentamento à Covid-19.

Aparecida tem a maior taxa de incidência do novo coronavírus dentre os municípios com mais de 100 mil habitantes em Goiás, com aumento também no número diário de mortes, enquanto o sistema de Saúde municipal está praticamente colapsado, sem disponibilidade de leitos de UTI ou até mesmo de enfermaria para atender aos pacientes.

Ao seguir um sistema próprio de isolamento social, Gustavo Mendanha na prática mantém com as portas abertas, todos os dias, 60% das atividades econômicas não essenciais em Aparecida abrem as portas todos os dias. Isso provoca aglomerações e multidões a centro comerciais como o Buriti Shopping ou a avenida da Igualdade, no Garavelo.

Até mesmo feiras livres funcionam livremente. Gustavo Mendanha é o único prefeito de cidade de importância geopolítica que não aderiu ao decreto estadual do governador Ronaldo Caiado que instituiu o modelo 14 x 14, que prevê 14 dias de portas fechadas e em seguida 14 dias de reabertura. A vizinha Goiânia, que forma com Aparecida um núcleo urbano único, acatou o decreto, por decisão do prefeito Rogério Cruz, que, por sinal, foi aplaudido nesse posicionamento até por entidades empresariais, tradicionalmente contra qualquer tipo de fechamento do comércio, indústria e serviços.

Mendanha e família contraíram a doença. Ele está se cuidando em casa. Seu pai, o ex-deputado estadual Léo Mendanha, foi levado às pressas para São Paulo, a fim de ser socorrido com a máquina de sobrevivência extracorpórea ECMO. Está sendo tratado no Hospital Albert Einstein, o mesmo onde faleceu o prefeito eleito de Goiânia, Maguito Vilela, em estado gravíssimo.

Mas o que chama atenção é o isolamento político do prefeito de Aparecida. Nem mesmo seus aliados tradicionais foram à mídia para dar algum tipo de apoio ou solidariedade, já que há semanas ele sofre diariamente uma chuva de críticas quanto a manter o município em um regime de isolamento social diferente do resto do Estado, que, aliás, o governador Ronaldo Caiado já acusou de prejudicar os esforços anti-Covid-19 na região metropolitana e no resto do Estado.

Decisão de Rogério Cruz segue critérios científicos

O prefeito de Goiânia Rogério Cruz agiu corretamente ao acatar a orientação do governo do Estado para as a ações de enfrentamento à Covid-19 na capital, adotando o modelo 14×14, ou seja, 14 dias de portas abertas para o comércio, indústria e serviços, vindo na sequência 14 dias de fechamento.

Cientistas e pesquisadores defendem o esquema 14×14 como o que mais atende as necessidades de segurança e proteção para a população e a sobrevivência da economia. Ainda mais quando a demanda por leitos de UTIs é muito elevada no Estado e em Goiânia (igualmente em Aparecida), colocando como irrecorrível a obrigação frear a Covid-19 para viabilizar o atendimento médico aos pacientes da doença, em especial os mais graves. 

A decisão de Rogério Cruz (Republicanos) foi uma demonstração de coragem. Ele enfrentou nas últimas semanas uma grande pressão de setores da economia para flexibilizar as atividades econômicas que não estão classificadas como essenciais. Mesmo assim ele optou por uma medida, que apesar de impopular, coloca a preservação de vidas como prioridade. Aos olhos da ciência ele tomou a melhor atitude ao seguir o modelo estadual – revezamento das atividades econômicas de 14 dias abertos com restrições e 14 dias fechados.

Em Aparecida, o prefeito Gustavo Mendanha acabou cedendo às pressões para manter as medidas de isolamento flexibilizadas. Consta que ele teria sido “apertado” pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás – FIEG Sandro Mabel, que tem influência junto a ele. Avalia-se também que Mendanha tem pretensões de se candidatar a governador em 2022 e por isso preferiu se posicionar como adversário do governador Ronaldo Caiado, assumindo um comportamento contrário no combate à pandemia exatamente para marcar posição. 

Ocorre que as aglomerações nas ruas comerciais, feiras livres e no Buriti Shopping jogaram essa estratégia por terra. E espantaram até mesmo os aliados de Mendanha, que preferiram não se manifestar e deixar o prefeito sozinho no vendaval de críticas que está sofrendo.

Vídeo com Gayer foi considerado equívoco

A cúpula emedebista foi surpreendida pelo vídeo que Gustavo Mendanha gravou com o extremista e líder negacionista em Goiás, Gustavo Gayer, que liderou um protesto na BR-153 contra as medidas do governo do Estado para diminuir o contágio da nova doença e causou um engarrafamento de 18 quilômetros. A avaliação é a de que foi um equívoco do prefeito de Aparecida, ao ligar sua imagem ao negacionismo e a uma liderança considerada marginal na política estadual. 

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