Aparecida

Data fatídica das 1.000 mortes pela Covid-19 está próxima em Aparecida

Da Redação

Com UTIs lotadas e com o prefeito da cidade, Gustavo Mendanha, internado em um hospital particular para tratar da infecção pela Covid-19, Aparecida aproxima-se de uma data entristecedora: o dia em que vai bater a marca de 1.000 mortos pela nova doença.

Ontem, 4, o Painel da Covid-19 da prefeitura municipal já apontava para a ocorrência de 995 mortes registradas até as 17 horas, prazo teórico para o fechamento diário da contabilidade macabra do coronavírus em Aparecida.

Há dúvidas sobre a exatidão dos números apresentados pelo painel, que costuma atrasar a sua atualização. Aparecida tem a maior taxa de incidência do novo coronavírus dentre os municípios com mais de 100 mil habitantes em Goiás, com o aumento também no número diário de mortes (de duas por dia em dezembro para oito por dia em março), enquanto o sistema de saúde municipal está colapsado, sem disponibilidade de leitos de UTI ou até mesmo de enfermaria para atender os pacientes. 

O escalonamento intermitente por regiões do comércio, indústria e serviços seguido em Aparecida não interrompe o ciclo da Covid-19, que é de dois a 14 dias. Os dados sobre as mortes em Aparecida, do dia 14 de março ao dia 3 de abril, mostram um salto de 795 para 995, de acordo com informações da própria prefeitura municipal, em um período de pouco mais de 15 dias. No mesmo prazo, o número de pessoas contaminadas subiu de 49.589 para 57.464, perfazendo uma média que se aproxima de 200 casos diários.

Apesar desses dados preocupantes, a Prefeitura de Aparecida argumenta que o modelo de abertura escalonada do comércio, indústria e serviços teria ajudado a estabilizar o avanço da doença no município, o que não condiz com o aumento das mortes diárias na cidade – que é constante desde dezembro. É por isso que crescem as dúvidas sobre o Painel da Covid-19 da Prefeitura de Aparecida, que, de resto, tem dificuldades para manter transparência sobre as suas decisões, como a recusa da Secretaria Municipal de Comunicação em responder aos questionamentos que recebe da imprensa.

Nessa linha, as atas do COE, o Comitê de Prevenção e Enfrentamento ao coronavírus, criado pelo prefeito Gustavo Mendanha, são mantidas sob sigilo, se é que são feitas. Uma solicitação do Diário de Aparecida para conhecimento do teor desses papéis não foi respondida pelo secretário municipal de Comunicação, Ozéias Laurentino. A ocultação de informações é grave porque representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública, órgãos independentes, têm assento no COE e a citação desse fato é usada com frequência pelos porta-vozes da prefeitura para autenticar moralmente as decisões do Comitê. 

Outro exemplo: pelos dados do  Painel da Covid-19 em Goiás, coordenado pela Secretaria Estadual de Saúde, Aparecida está no cenário vermelho, em situação de calamidade, exigindo medidas mais rigorosas de combate. Já o painel da prefeitura garante que o cenário é laranja, que indicaria condições críticas, mas não de calamidade, o que levou à adoção do polêmico e contestado modelo de escalonamento intermitente do comércio, indústria e serviços por regiões. Essa contradição – vermelho versus laranja – também alimenta as suspeições sobre a ocorrência de manipulação de informações na esfera municipal. 

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