Popularidade digital de Caiado é maior que todos os demais políticos goianos
Helton Lenine
O governador Ronaldo Caiado mantém-se como o político goiano campeão em matéria de popularidade digital, segundo a avaliação da Consultoria Quaest, de Belo Horizonte, especializada em avaliar a repercussão das redes sociais no país.
A Quaest é responsável pela apuração do IPD – Índice de Popularidade Digital dos políticos brasileiros. O IPD é uma ferramenta usada para avaliar o desempenho de políticos e marcas por meio da coleta de dados em redes sociais e baseia-se em 40 variáveis levantadas na internet, divididas em cinco dimensões analíticas: presença digital (perfis ativos nas redes sociais); fama (número de seguidores); engajamento (interação, comentários e curtidas, por postagens); mobilização (compartilhamento das postagens); e valência (proporção de reações positivas por reações negativas).
Em 2021, na média de janeiro a março, Caiado alcançou um IPD de 77,75, com pico de 81,34 em fevereiro (mês em que o presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, cravou 45,80). Durante o momento mais tenso da pandemia, o governador foi criticado principalmente por comerciantes e pessoas que, mesmo cientes da gravidade da segunda onda, optaram em defender interesses classistas em vez do interesse mais amplo, que estava amparado em relatórios científicos.
Em janeiro, em momento mais brando da pandemia, Caiado apresentou um Índice de Popularidade Digital de 81,3. No mês seguinte, conseguiu estabilidade, com 81,34. No mês do decreto estadual 14×14, Caiado registrou 70,61 nos parâmetros medidos pela Quaest. Em outros levantamentos, antes mesmo da pandemia, apontou a liderança de Caiado dentre os governadores do país. No epicentro das discussões de quarentenas e vacinações, portanto, Caiado tornou-se ainda mais popular.
Para comparação, a próxima autoridade executiva do Estado em importância, o prefeito de Goiânia Rogério Cruz, chegou a apenas 20,84 de IPD médio de janeiro a março, obtendo seu índice mais alto também em fevereiro ou 22,97.
Outros prefeitos como Gustavo Mendanha, de Aparecida, e Roberto Naves, de Anápolis, segunda e terceira cidades mais populosas e de maior PIB municipal do Estado, também não se saíram bem, longe dos índices de Caiado. O IPD de Mendanha, que se gaba de uma forte presença nas redes sociais, ficou em 33,67 na média de janeiro, fevereiro e março, tendo o seu melhor índice em março ou 36,64. Os números correspondem a menos da metade do IPD registrado para Caiado. Já o IPD médio do prefeito de Anápolis, em período idêntico, ficou em 26,33, com seu melhor resultado anotado em março ou 33,32.
IPD de Mendanha é baixo porque ele não “conversa” nos seus perfis
O prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha costuma se vangloriar de uma suposta “boa aceitação” nos seus perfis no Instagram, Facebook e Twitter. Em alguns, ele chega a superar a marca de 100 mil seguidores, o que dá a impressão de que faz sucesso no campo das mídias online.
Mas não é bem assim. O Índice de Popularidade Digital apurado pela Consultoria Quaest para Mendanha mostra que a repercussão que ele gera é modesta. Na média de janeiro a março deste ano, Mendanha ficou com um IPD de 33,67. No mesmo período, o governador Ronaldo Caiado, o maior IPD dentre os políticos goianos, chegou a 77,75. O prefeito de Rio Verde Paulo do Vale também superou o seu colega de Aparecida, ao cravar 37,10 de média entre janeiro e março.
Porque Gustavo Mendanha, mesmo com um número aparentemente expressivo de seguidores, não tem repercussão significativa nas redes sociais. Uma das respostas é que ele é uma liderança política restrita a Aparecida, sem ressonância no resto do Estado. Outra é o estilo adotado em seus perfis, nos quais ele se limita a fazer comunicados e a passar notícias da sua administração, sem interagir com os internautas.
Na prática, Mendanha não “conversa” com seus seguidores, mesmo aqueles que fazem comentários positivos, aos quais ele sequer agradece. Caiado, ao contrário, mantém nos seus perfis um sistema de mão dupla, em que recebe opiniões, comenta, responde, pede sugestões, informa sobre novidades quanto a decisões do governo e sobretudo mostra bom humor e descontração.
Em matéria de comunicação, o prefeito de Aparecida é amador. Dispõe de uma secretaria municipal para a área, ocupada pelo jornalista Oséas Laurentino, de carreira modesta e sem brilho na profissão. Há um batalhão contratado de jornalistas e especialistas em marketing digital, que, no entanto, colhe resultados pífios quanto ao enfrentamento de crises e a penetração do nome de Mendanha nas redes sociais.
Sem orientação e baseado apenas no voluntarismo, ele acabando engolindo desgastes desnecessários, como ocorreu quando extremistas goianos que defendem a linha negacionista do presidente Jair Bolsonaro, como Gustavo Gayer e a vereadora Gabriela Rodart, foram para as redes sociais para defender e elogiar Mendanha pela adoção de medidas flexíveis para o comércio em Aparecida. Entusiasmado com o apoio, o prefeito não percebeu o desgaste que esse tipo de aliança tóxica traz e agradeceu enfaticamente as manifestações, indo mais longe ainda ao promover o vídeo no seu perfil no Instagram.