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Prefeitura de Trindade é denunciada por doar cestas básicas com produtos vencidos

A Prefeitura de Trindade está sendo acusada de entregar vários alimentos vencidos para famílias de baixa renda que receberam cestas básicas doadas pela Secretaria de Assistência Social da cidade. Segundo denúncias de moradores, os itens das cestas estavam estragados. Vários produtos, como óleo, feijão, arroz e café, estavam com o prazo de validade vencido.
No dia 20 de outubro do ano passado, a Prefeitura de Trindade, que estava sendo administrada pelo prefeito Jânio Darrot (Patriota), firmou contrato de R$ 243 mil com uma empresa para fornecimento de 3.750 cestas básicas. Essas cestas seriam entregues em setembro de 2020, mas não foi isso que aconteceu.
Uma dessas famílias que recebeu alimentos vencidos foi a de Erika Rosa Alves. Conforme informações da dona de casa, ela recebeu uma cesta, por meio do programa assistencial Criança Feliz da Prefeitura de Trindade, com um pacote de feijão vencido havia cerca de 12 dias. Indignada, Erika disse que se sente triste pelo descaso que a Secretaria de Assistência Social teve com a população. “Eu fico contrariada e triste com essa situação porque a gente pensa que vai receber uma coisa boa e recebe estragada. Eu só percebi por uma live nas redes sociais. Se não fosse isso eu teria comido, igual ao óleo e aos outros itens, que nem percebi”, desabafou.
Mais de 200 cestas ainda continuam na Secretaria de Assistência Social e não foram entregues à população. Vereadores da cidade denunciaram que enquanto a população está passando fome, várias cestas estão perdendo a data de validade porque estão estocadas na secretaria. Um desses vereadores é Dr. Edson Cândido (PDT), que declarou ter visto vários alimentos vencidos em um galpão que pertence à Secretaria de Assistência Social do município.
De acordo com o parlamentar, os alimentos foram comprados ainda na gestão do ex-prefeito Jânio Darrot. “Há indícios ainda de superfaturamento na compra dessas cestas básicas”, falou ao Diário de Aparecida Edson Cândido, comparando os preços pagos por cestas básicas pela atual administração de Marden Júnior (Patriota). “Na gestão anterior, as cestas básicas tiveram um custo unitário de R$ 98,84 e, neste ano, foram compradas por R$ 63,00”, destacou o vereador, apresentando contratos do ano passado feitos pela prefeitura com duas empresas. Os valores somados ultrapassam mais de R$ 1,5 milhão.
Ele responsabiliza a última e a atual gestão da Prefeitura de Trindade pela demora de repassar as cestas básicas às famílias em situação de vulnerabilidade social. “Eu responsabilizo a passada e a atual gestão por isso. Deveria se atentar a isso. Por que não entregou essas cestas?”, questiona. O parlamentar reclama que, devido à pandemia da Covid-19, muitas famílias trindadenses tiveram perdas financeiras, o que as deixou em situação difícil, precisando de ajuda, porém a prefeitura agiu com descaso com o sofrimento delas. “Por esse momento de pandemia e muitas pessoas desempregadas, o sentimento é de indignação total com a prefeitura pela entrega desses alimentos vencidos”, lamentou.
Acerca dos alimentos, Edson Cândido calculou que aproximadamente 60 cestas básicas foram descartadas no lixão da cidade depois da denúncia. Nesse contexto, o vereador Edson Cândido disse que irá propor a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara Municipal de Trindade que deve solicitar explicação da ex-secretária de Ação Social na gestão de Jânio Darrot. O ex-prefeito foi procurado pela nossa equipe de reportagem, mas até o fechamento desta edição não havia se manifestado sobre as acusações.
O DA entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Trindade, que, em nota, informou que a Secretaria Municipal de Assistência Social, em um total de 10 mil cestas básicas, identificou no almoxarifado, antes da entrega, 58 pacotes de feijão, de um quilo cada um, quatro latas de óleo e meio quilo de café com data de validade expirada. Esses produtos já foram enviados à vigilância sanitária e substituídos.
“Informamos, ainda, que estas cestas não foram entregues porque a secretaria tentou, mas não conseguiu encontrar os beneficiários. Com a pandemia, a entrega dos alimentos é feita em domicílio. Tivemos um total de 203 visitas, em que as famílias beneficiárias não estavam no local indicado em seus cadastros”, dizia o comunicado.

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