Aparecida

Ressentido, Mendanha esquece as normas civilizadas e não recebe Caiado em Aparecida

Ao deixar de receber o governador Ronaldo Caiado, a mais alta autoridade do Estado, na visita que fez a Aparecida na última segunda-feira, 7, o prefeito Gustavo Mendanha, que ocupa o cargo público mais elevado do município, mostrou que tem pouco apreço pela polidez pessoal e pela educação cívica – cometendo um gesto de deselegância que jamais seria endossado pela população aparecidense.

Caiado esteve, às 11h da manhã, no Cepi Michelle do Prado Rodrigues, no Jardim das Hortênsias, em Aparecida, para levar benefícios como a reforma de sete escolas estaduais, no valor de R$ 1,9 milhão, e iniciar a distribuição do Cartão Alimentação que vai suprir a merenda escolar dos estudantes. Mendanha, conforme o protocolo de bons modos da política e do Cerimonial do Estado, foi convidado, mesmo sendo de partido que teoricamente não está na base do governador.

Metaforicamente falando, Aparecida é a casa de Gustavo Mendanha, seu prefeito. Melhor dizendo: uma casa dirigida por Gustavo Mendanha. Caberia a ele, como anfitrião dotado de modos e consciente das suas responsabilidades, receber os visitantes, pelo menos os mais ilustres, como é o caso de Caiado. Mas ele preferiu arranjar uma desculpa esfarrapada e se evadiu da sua obrigação de se comportar à altura da representação dos mais de 600 mil habitantes do município que comanda. E ainda desdenhou das obras anunciadas.

O prefeito alegou que tinha uma entrevista agendada a O Popular. Verdade. Porém, esse compromisso estava marcado e se iniciou pontualmente às 10h, encerrando-se 20 minutos depois (participou do programa Jackson Abrão Entrevista, via internet). Havia, portanto, tempo de sobra para que ele deixasse o prédio da Organização Jaime Câmara, na Serrinha, praticamente na divisa entre Goiânia e Aparecida, e se deslocasse até o local para participar do evento de Caiado.

Mesmo assim, Mendanha não foi, o que chamou a atenção da imprensa estadual e acabou, ontem, 8, como manchete dos jornais impressos e blogs on-line. Além do Diário de Aparecida, O Popular também registrou a falta de educação do prefeito na 1ª página, sob o título “Caiado anuncia obras em Aparecida de Goiânia sem a presença de Mendanha”. O noticiário detalha que Mendanha, no seu lugar, enviou o secretário municipal de Educação, Divino Eterno, que usou a palavra e deu entrevistas enaltecendo as parcerias que a prefeitura e o governo do Estado têm como “favoráveis para a população aparecidense”.

Para o prefeito, Aparecida recebe pouco em troca dos volumosos impostos que recolhe para os cofres estaduais. Mas, na solenidade no Cepi Michelle do Prado Rodrigues, Caiado mostrou uma realidade diferente. Além de anunciar os novos investimentos em obras em sete escolas localizadas na cidade e entregar o Cartão Alimentação de R$ 30 para estudantes que estão em ensino remoto, sem merenda escolar, o governador citou as áreas de saneamento e segurança pública como alvo da aplicação maciça de recursos do seu governo. “Apesar das dificuldades em que recebemos o Estado, temos hoje em Aparecida o maior investimento da Saneago. Essa cidade vivia sem água tratada.

Em relação à segurança pública, era o caos, vários bairros viviam dominados por facções, por criminosos conhecidos e a sociedade não tinha como reagir. A segurança impôs a ordem e voltou a tranquilidade”, disse o governador.

O exemplo de Maguito: mesmo adversários, políticos civilizados costumam se tratar bem

Quando foi prefeito de Goianésia, Gilberto Naves, ícone do então PMDB, costumava comparecer ao aeroporto para receber o então governador Marconi Perillo, do PSDB, em suas visitas à cidade. O emedebista Naves participava com discrição dos eventos promovidos pelos tucanos, quando se tratava de entregar obras e recursos para o município, nunca deixando de apresentar os agradecimentos formais em nome da população do município.

A demonstração de que é possível uma convivência civilizada entre adversários também foi um dos pontos altos da passagem do falecido Maguito Vilela pela Prefeitura de Aparecida, por dois mandatos, no período em que o Estado era governado por Marconi Perillo. Os dois agiram de forma republicana ao colocar os interesses de Aparecida e da sociedade acima das pequenezas da política e deram não só para o Estado, como para o País, um exemplo da cordialidade possível e necessária mesmo entre líderes politicamente antagonistas.

O imaturo e inexperiente Gustavo Mendanha, que vive repetindo ter aprendido tudo o que sabe com Maguito Vilela, que o lançou e o elegeu para a sua sucessão, não segue o seu mestre. Para Mendanha, da boca pra fora, Maguito foi o conselheiro e até entrava em assuntos pessoais, como quando o aconselhou a emagrecer, para preservar a saúde – dica que ele ouviu e seguiu. Na prática, não é bem assim. Os quilos perdidos na silhueta não levaram junto os velhos hábitos da miúda política local.

O prefeito hoje isolou Aparecida, ao se recusar a uma convivência administrativa com o governador Ronaldo Caiado e, até pior, com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz – nos dois casos por razões político-partidárias. Caiado é candidato à reeleição e hoje tem diálogo com o MDB de Daniel Vilela, irritando o ressentido Mendanha, que não superou até hoje o apoio que o governador deu a uma candidatura adversária na eleição de 2020. E Rogério Cruz expulsou o MDB da prefeitura da Capital, o que acabou tendo como consequência indireta a reação de Mendanha, que rompeu o diálogo com o chefe do Executivo da metrópole que faz fronteira com Aparecida.

Em um caso e outro, quem perde são os aparecidenses, que veem o seu município isolado e sem as parcerias que poderiam trazer recursos e obras importantes para melhorar a qualidade de vida em geral. Isso, para o birrento Mendanha, não tem a menor importância.

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