Não tem fim: nova operação da polícia investiga corrupção nas gestões tucanas
O ex-vice e ex-governador José Eliton, atualmente atuando como advogado eleitoralista e como presidente do diretório estadual do PSDB, voltou ao noticiário policial: ele foi um dos alvos da Operação Terra Fraca, ontem, 15, que investiga malversação de recursos da Goinfra, antiga Agetop, e contou com o envolvimento de empresas privadas e servidores e do núcleo político que gerenciava os contratos da agência – entre eles o ex-presidente Jayme Rincón e José Eliton.
Agentes da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), criada no ano passado pelo governador Ronaldo Caiado para combater desvios de recursos públicos, estiveram na casa de José Eliton, no Condomínio Aldeia do Vale, e no seu escritório, nas proximidades do Shopping Flamboyant, para cumprir mandados judiciais de busca e apreensão. Foram recolhidos um pen-drive e o celular de José Eliton, além da cópia de arquivos de um computador no escritório do ex-governador.
Os crimes em apuração envolvem peculato, organização criminosa, superfaturamento de obra e lavagem de capitais, a partir de um desvio de R$ 46 milhões da antiga Agetop (atual Goinfra) em contrato de obra da rodovia GO-230, entre Mimoso e Água Fria, entregue à Terra Forte Construtora, que tem como proprietário Carlos Eduardo Pereira da Costa, já citado em outros escândalos em Goiás.
Polícia Federal quase prendeu José Eliton
Não é a primeira vez que o ex-vice e ex-governador e atual presidente estadual do PSDB é alvo de operações policiais. Em 2019, José Eliton chegou a ter a sua prisão solicitada à Justiça pela Polícia Federal, durante as investigações da Operação Decantação, que apurou desvios de verbas na esfera da Saneago e na Codego. Na época, o juiz federal que despachou o pedido da PF entendeu que a prisão seria desnecessária, determinando apenas a busca e apreensão na casa do ex-governador.
Mensagens trocadas entre os empresários e José Eliton, interceptadas pela Polícia Federal, mostraram que o então vice e secretário de Segurança Pública usava a aeronave de um dos presos, durante a Operação Decantação, na campanha eleitoral. Segundo a apuração, tratava-se de uma doação eleitoral disfarçada feita pela empresa Sanefer, que era paga por meio da Saneago de forma indevida, assim como pela Secretaria de Segurança Pública, enquanto José Eliton ocupava o cargo de secretário e o de vice-governador.
O escândalo foi apenas um a mais dentre as dezenas de casos de corrupção que explodiram nas gestões do PSDB entre 2011 e 2018, quando Marconi Perillo era governador e carregava José Eliton primeiro como vice e depois como seu sucessor, a partir de abril e até dezembro de 2018, quando também foi candidato à reeleição e terminou derrotado pelo governador Ronaldo Caiado, ficando em 3º lugar, atrás também de Daniel Vilela, do MDB, que se classificou em 2º.
José Eliton também é investigado pelo Ministério Público Estadual por ter dado prioridade aos pagamentos da obra de pavimentação da GO-453, entre Posse e Guarani, no Nordeste do Estado, no último mês de seu governo. O trecho da GO-453 beneficia uma fazenda de José Eliton na região. Em 2017, o promotor estadual Fernando Krebs instaurou inquérito para investigar possíveis irregularidades no trajeto da rodovia. O promotor sustentou que, apesar de o Estado ter dois programas de asfaltamento (Rodovida e Goiás na Frente), executados pela antiga Agetop, a obra estava sendo realizada pela Codego, ao custo de R$ 62 milhões.