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Justiça suspende convenção do MDB, mas Daniel Vilela segue no comando

O desembargador Itamar de Lima, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), concedeu liminar solicitada pelo deputado estadual Paulo Cezar Martins e determinou a suspensão da eleição ao diretório estadual do MDB, marcada para a tarde de sexta-feira, 18. O atual presidente, Daniel Vilela, era candidato único.

Daniel ainda vai decidir, na próxima semana, se um novo edital será aberto ou se fica suspensa a eleição, já que o diretório tem mandato até fevereiro do ano que vem e ele segue como presidente. O imbróglio dentro do MDB ocorre porque Paulo Cezar defende candidatura própria ao governo no ano que vem e Daniel tem se aproximado do governador Ronaldo Caiado, em uma articulação de aliança com o DEM também defendida pelo ex-prefeito Iris Rezende.

Paulo Cezar teve registro de candidatura à presidência do diretório indeferido no último domingo, 13, por descumprimento de exigência do estatuto do partido de 5% de assinatura de votantes inscritos na convenção (convencionais). Ele aponta ilegalidades na decisão e havia perdido na ação em 1ª instância, mas conseguiu a liminar do desembargador, que, de resto, também pode ser cassada ainda na esfera do TJ-GO.

A convenção foi antecipada porque membros do MDB entenderam que em 2022, por ser ano eleitoral, deveria se evitar qualquer atrito interno para não prejudicar o desempenho da sigla, principal na formação das chapas para a Câmara Federal e à Assembleia Legislativa. Há também uma pressão por parte de emedebistas que defendem o lançamento de candidatura do partido ao governo de Goiás, a exemplo do prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, que é categórico ao defender a participação do MDB no pleito.

 

Partido vai discutir candidatura ou aliança só a partir de dezembro

O ex-deputado federal Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, reafirma que o partido só vai iniciar o debate sobre as eleições de 2022 – aliança com o DEM caiadista ou lançamento de nome próprio a governador – em dezembro. Ele diz que, no momento, busca estimular candidaturas de deputados federal e estadual, principalmente em razão do fim das coligações proporcionais entre os partidos.

Daniel Vilela deixa claro que as decisões sobre os rumos do MDB serão tomadas após ampla consulta a todas as esferas do partido – diretório estadual, deputados estaduais, prefeitos, vereadores, ex-prefeitos e dirigentes nos municípios. “Vamos fazer uma ampla consulta e sentir qual a tendência do partido.” O filho e herdeiro político de Maguito Vilela adianta que estará fora da disputa para o governo do Estado, já que prefere concorrer a deputado federal. Mesmo assim, o seu nome é lembrado para uma eventual candidatura a vice-governador ou a senador.

Após a internação e morte de seu pai, Maguito Vilela, Daniel Vilela iniciou uma fase de diálogo com o governador Ronaldo Caiado, facilitando um possível entendimento entre o MDB e o DEM para as eleições de 2022. A boa convivência de Daniel/Caiado foi reforçada com a posição do ex-prefeito Iris Rezende, que já decidiu apoiar a reeleição do governador. Daniel e Iris devem se encontrar com Caiado, nos próximos dias, para discutir a aliança do MDB com o DEM.

Os 29 prefeitos do MDB, em sua maioria, manifestam preferência pela aliança com o Palácio das Esmeraldas, reprovando a tese de candidatura própria à sucessão estadual. Os emedebistas sustentam que mantêm boa relação administrativa com o Governo Caiado, o que assegura a realização de obras em seus municípios. Após seis derrotas seguidas para o governo de Goiás, o MDB, na visão dos prefeitos, deveria se preparar para a eleição de expressivas bancadas de deputado federal e deputado estadual e, em 2026, lançar candidato à sucessão estadual.

Nas andanças que fizeram pelos municípios, o deputado estadual Paulo Cezar Martins e o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, perceberam a rejeição das lideranças emedebistas à ideia de lançamento de candidato próprio a governador, principalmente em confronto com Ronaldo Caiado. Na visão dos prefeitos e líderes emedebistas, o bom senso recomenda aliança com o governador, que desfruta de altos índices de popularidade, o que lhe assegura boa performance para o projeto de concorrer à reeleição em 2022.

“O MDB não pode ir pela sexta vez para o matadouro. Caiado vai bem, faz bom governo e tem popularidade. O MDB tem que ter juízo e apoiá-lo nesta reeleição”, diz Pábio Mossoró, prefeito de Valparaíso de Goiás. O debate interno no MDB vai se arrastar por algum tempo, talvez até dezembro ou janeiro ou quem sabe abril do ano que vem, quando haverá a “janela partidária” e os partidos vão se posicionar sobre candidatura própria ou aliança aos cargos majoritários (governador, vice e senador). (H.L.)

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