Aparecida

Com avanço da pandemia, Aparecida registra quase 1.360 mortes por Covid-19

Enquanto o Brasil atingiu 501.918 óbitos por Covid-19 desde março do ano passado, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa divulgados no último domingo, 20, Aparecida já registra 1.356, de acordo com informações do Painel da Covid-19 do município, com quatro confirmados nas últimas 24 horas. A primeira morte pela doença no município ocorreu em abril do ano passado. Só em 2020 houve 590 registros de mortes em decorrência do vírus na cidade. Em menos de seis meses de 2021, esse número é de 766, uma alta de 29,83%. Apesar de o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 classificar o município no cenário verde (risco baixo), Aparecida permanece esta semana em situação de calamidade no mapa de risco da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). A Capital está em situação crítica.

O aumento no número de mortes por Covid-19 em Aparecida é a consequência do modelo de escalonamento do comércio adotado pela prefeitura. Desde que a prefeitura adotou esse sistema, além de casos e mortes, a ocupação de leitos de UTI aumenta vertiginosamente dia após dia. De acordo com o último dado do Painel da Covid-19, de domingo, 20, ela está em 62% na rede pública e 100% na particular. Já a ocupação geral (pública e privada) é de 74,18%, conforme a SES-GO.

Até hoje, o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) insiste em afirmar que o modelo de abertura escalonada do comércio, indústria e serviços teria ajudado a estabilizar o avanço da doença, porém o que se vê desde dezembro é o avanço da pandemia na cidade. Imagens chocantes mostradas em edições passadas do Diário de Aparecida nos cemitérios locais exibiram uma sequência de valas abertas para receber caixões – em dezembro, eram cerca de duas mortes por dia, índice que se manteve em janeiro; em fevereiro subiu para aproximadamente cinco mortes por dia, e em março superou oito mortes por dia. Apesar de ter abaixado, em abril a média de mortes esteve em 7,4. Em junho, esse número está em quase quatro mortes por dia.

Um dos fatos polêmicos em relação às falhas do isolamento social foi a autorização para o funcionamento dos motéis. E ainda as feiras livres, como a do Setor Garavelo, também autorizadas pela prefeitura, acabaram virando cenário de aglomerações, uma situação de risco, já que o índice de ocupação de UTIs na cidade continuava aumentando. Além disso, recentemente, a prefeitura liberou o funcionamento de atividades de lazer e eventos sociais públicos, privados e corporativos e o funcionamento de eventos sociais e cinemas.

De acordo com a SES-GO, municípios que estão em situação de calamidade deverão adotar procedimentos padronizados. No caso, o entendimento das autoridades em saúde é de que haja a interrupção de todas as atividades, exceto supermercados e congêneres, farmácias, postos de combustíveis e serviços de urgência e emergência em saúde. A nota técnica define ainda que, caso seja observada piora nos indicadores, cada região manterá as medidas restritivas respectivas a cada situação por pelo menos 14 dias.

O descontrole da pandemia em Aparecida é fruto da confirmação de um recente estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de que o município tem alta tendência de aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) em curto ou longo prazo. De acordo com a pesquisa, poderia haver um aumento na quantidade de hospitalizações por coronavírus, seguido pelo crescimento no número de mortes ocasionadas pelo vírus. O levantamento da Fiocruz leva em conta que Goiás está entre as 17 unidades da Federação com pelo menos uma Macrorregião de Saúde em estado crítico no controle da pandemia. Segundo a pesquisa, a Macrorregião do Estado com alto aumento de tendência do Srag é a Centro-Sudoeste, que inclui as regiões da Estrada de Ferro, polo Catalão; Centro-Sul, polo Aparecida; e Sul, polo Itumbiara.

 

“Marketing da vacina”
Além disso, o prefeito Mendanha criou o “marketing da vacina”, que consiste em gastar o dinheiro dos contribuintes aparecidenses em campanhas publicitárias para ressaltar que o município estaria supostamente à frente de outros do Estado de Goiás no processo de vacinação da população contra a Covid-19. No entanto, Aparecida é uma das grandes cidades goianas onde a imunização está mais atrasada, com baixa cobertura em relação à aplicação da 2ª dose. Com base nas informações do dia 12 de junho, que foi o último registro de vacinação no município, apenas 7,15% da população geral recebeu a segunda dose, com 42.196 aplicações.

Além disso, moradores de Aparecida denunciam constantemente ao DA que não estão conseguindo agendar a vacina contra a Covid-19 pelo sistema on-line (aplicativo e site) da prefeitura. Uma leitora do DA, que preferiu não se identificar, afirmou que não há vaga para o recebimento do imunizante durante a semana nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s). O morador do Jardim Tiradentes Wendell Fernandes ressaltou que quem não possui veículo encontra dificuldade para se vacinar na cidade. “Difícil conseguir vaga no agendamento nesse aplicativo da saúde de Aparecida para UBS mais próxima. O Mendanha pensa que todos os aparecidenses têm um automóvel”, escreveu ele em uma rede social do jornal.

Vale destacar que, para combater a pandemia, é um erro a concepção de competição entre os poderes públicos, buscando-se vender a imagem de que este ou aquele estaria à frente das ações de prevenção ou de combate direto a essa verdadeira praga dos tempos modernos. No caso da Prefeitura de Aparecida, apenas se confirma, mais uma vez, que tudo é feito com vistas a faturar dividendos pessoais para o prefeito e não em benefício do conjunto da sociedade.

Levantamento da Saúde aponta eficácia da vacina na prevenção de óbitos por coronavírus em Goiás

A vacinação contra a Covid-19 em Goiás protegeu quase 100% das pessoas contra óbitos causados pela infecção. É o que aponta um recente relatório da SES-GO divulgado no último sábado, 19, pelo jornal O Popular. De acordo com o levantamento, do total de 658 mil que receberam as duas doses, apenas 0,07% morreram. No universo dos imunizados, isso representa o falecimento de 468 pessoas.

A vacina também é eficaz para evitar hospitalizações por Covid-19 ou mesmo os casos leves. De acordo com informações da pesquisa da SES-GO, publicada pelo O Popular, 12.395 dos totalmente vacinados ficaram doentes com sintomas leves, o que significa 1,88%. Outros 1.972 tiveram a forma grave, representando, portanto, 0,3% dos imunizados. A eficácia ficou, portanto, em 99,93% contra óbitos, 99,77% contra hospitalizações e 98,12% contra casos leves de coronavírus.

O levantamento da SES-GO cruzou dados da vacinação com as notificações do coronavírus no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe e no e-SUS. Ainda não há estratificação por idade, sexo ou mesmo pelo laboratório responsável pela vacina. Em Goiás, só há vacinados com duas doses até aqui com CoronaVac e AstraZeneca. Casos em que a vacina mostrou eficácia incluem o surto em abrigo em Goiânia, onde metade dos idosos, todos vacinados com duas doses contra o coronavírus, não contraíram o patógeno. Da metade que teve o vírus, apenas dois desenvolveram sintomas, porém brandos, como dor de cabeça e coriza. (E.M.)

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